PALHAÇADA HISTÓRICA
Vale do Lazareto
Gil Canha
Aquando da consulta pública do Estudo de Impacto Ambiental, relativo ao projeto de “Recuperação e Ampliação da ETAR do Funchal
– 2.ª Fase, no Vale de Lazareto”, realizada em finais de 2017 e início de
2018, um cidadão participante escreveu o seguinte: “A avaliação do Impacte
Ambiental foi transformada numa farsa”.
Efetivamente, não acabou tanto numa farsa, mas mais
propriamente numa palhaçada histórica. E já explico como é que as palavras
proféticas deste cidadão se tornaram realidade no âmbito da historiografia
circense.
Em resultado das condicionantes impostas pela Declaração de Impacto Ambiental, a
Câmara Municipal do Funchal foi obrigada a iniciar estudos complementares de forma
a minimizar os impactes na execução da obra, numa zona geologicamente e
ambientalmente sensível e de grande significado histórico, com o “Relatório de Conformidade Ambiental do
Projeto de Execução – ETAR Do Funchal - 2.ª Fase (RECAP)”, que foi realizado
por uma empresa contratada para o efeito, pela edilidade funchalense.
Como a futura ETAR do Funchal vai nascer num vale de
relevante valor paisagístico, histórico e patrimonial, não só pelo harmonioso
conjunto edificado do Lazareto (vários edifícios separados, construídos na sua
maioria na segunda metade do séc. XIX e inícios do Sec. XX, que serviram para
isolar e tratar em regime de quarentena, pacientes portadores de doenças
contagiosas), mas também pela proximidade do Forte dos Louros, a ponte antiga
de Gonçalo Aires, a Capela das Almas e o seu provável sepulcrário, e o
pitoresco arruamento que liga a pequena calheta até ao magnífico Pórtico Vila
Mar (talvez o início do primeiro caminho
Real da Madeira).
A fechar esta breve
nota histórica, é de realçar que foi neste pequeno vale que desembarcaram pela
primeira vez os marinheiros de João Gonçalves Zarco, liderados por Gonçalo Ayres,
a 3 de julho de 1419, dando início à primeira exploração da nossa baía por
terra. Foram estas as razões que levaram a Direção Regional da Cultura a não
concordar com a localização desta estação de tratamento de águas residuais
(ETAR) na zona do Lazareto.
Assim, no seguimento destas preocupações e no âmbito do
projeto de execução, foram exigidos estudos de Prospeção Arqueológica, no âmbito do referido relatório (RECAP) o que foi feito por um
arqueológo continental de nome Tiago Miguel Fraga. E é aqui que começa a “barracada”, que
explica bem até que ponto estes “relatórios de conformidade ambiental” são uma
fraude e um desengano de “encher chouriços”.
Em primeiro lugar, o tal arqueológo devia ter pedido
autorização à Direção Regional de Cultura para iniciar os trabalhos
arqueológicos no local, como é de lei, o que não fez. Depois, diz que iniciou
esses trabalhos no mês de julho de 2018. Ora, a empresa dá por concluído o
relatório um mês antes, a 30 de junho de 2018, o que é uma coisa estranhíssima, concluir um relatório antes do trabalho estar feito! Por outras palavras, a
empresa contratada por Cafofo já tinha terminado o relatório final, mas o nosso
arqueológo ainda andava a esgravatar o terreno à força de muita cavadela.
Seguidamente, e isto é de morrer a rir, o nosso Dr. Fraga diz
que “tivemos em conta o enquadramento histórico-cultural da zona, cuja
atividade humana pode concentrar cultura material com cronologias desde a
Pré-história até ao século XIX”. De onde se conclui que no vale do Lazareto já
existiam comunidades de homens da Idade da Pedra, vivendo em grutas e fazendo
pinturas rupestres talvez contemporâneas de Lascaux ou das magníficas gravuras
de animais desenhadas pelos homens do paleolítico, na caverna de Altamira.
Refere ainda que todo o levantamento bibliográfico,
inventários patrimoniais, fontes de informação, bibliografia da especialidade,
foram extraídos da “Biblioteca Municipal
de Odemira”. Mas raio, não sabíamos que no Alentejo litoral, lá para o
Distrito de Beja, existiam tão importantes fontes de investigação sobre a
Madeira?!
E o mais hilariante ainda é que o Dr. Tiago Fraga se socorreu duma curiosa logística para fazer pesquisas “com estacas, prumos,
fio e colherins”, nos socalcos do Lazareto. Só que em vez de se dirigir à Casa
Santo António para adquirir os instrumentos necessários ao seu ofício, foi
pedir apoio e ferramentas (aguentem-se senhores leitores que isto é mesmo de
se escangalhar a rir) à Junta de Freguesia de Foz do Arelho, que “gentilmente
cedeu pás e baldes para a abertura de sondagem” arqueológica na ilha da
Madeira. (O que o diabo havia de inventar!)
E até há uma alegada duplicação de financiamento. Se a C.M.F. encomendou este trabalho e será o pagador, porque razão no “Enquadramento Financeiro” do citado relatório aparece a “Polis Litoral Sudoeste” como entidade contratante e no valor de 2.350 Euros (!)? Mas há mais alguma urbe do Alentejo metida nisto?!
Depois, o Dr. Fraga diz que andaram a sondar o mar com uma equipa composta por dois arqueólogos-mergulhadores e um técnico especializado geomática. Mas, mais à frente, nos “Quadros Técnicos”, é assinalado um único arqueólogo responsável por esta estranha “prospeção”.
A finalizar, aparecem umas “Fichas de Sítio”. Numa delas, o nosso Indiana Jones diz que o Forte dos Louros é “Classificado como Imóvel Nacional”, como se estivesse ao mesmo nível da nossa Sé Catedral, dos Jerónimos, ou mesmo da Torre de Belém. O que é completamente ridículo e estapafúrdio.
E como o Dr. Miguel Albuquerque e o Prof. Paulo Cafôfo pretendem a todo o vapor mandar a estação de tratamento de águas residuais para o Lazareto, a fim de livrar os hoteleiros do Campo do Almirante Reis dos incómodos do cheiro a m…da, deviam de tomar atenção para não acontecer o mesmo que se passou no edifício da Proteção Civil, na zona do Pináculo. Lá, as sondas (brocas) deram com pneus no subsolo. Possivelmente, no local onde pretendem instalar agora a ETAR, no Vale do Lazareto, junto ao campo de jogos, poderão as sondagens dar com ossadas humanas. É que muito próximo desse campo, ainda existe uma reminiscência da Capela das Almas (bem descrita no Elucidário Madeirense). Ora, os nossos antepassados costumavam sepultar os seus mortos no interior dos templos ou nas suas imediações, daí a importância de se fazer um levantamento arqueológico a sério na zona e não um estudo virtual “à moda do Alentejo” para “inglês ver”.
Sei que esta ideia tresloucada e milionária destes cavalheiros em meter a futura ETAR do Funchal no Lazareto tem contado com grande resistência de técnicos do Governo Regional, nomeadamente pessoas ligadas à cultura e ao ambiente. Mas, sendo Paulo Cafôfo licenciado em História, Presidente de Câmara e responsável pelo pelouro da Cultura, como é que “engole” patranhas fandangas desta dimensão?
Ou é tonto ou então vendeu-se aos grandes interesses, como já fez Albuquerque há muito, nesta espécie menor de “Junta de Freguesia da Foz do Arelho” no meio do mar plantada.
41 comentários:
Nem em África se come patranhas deste calibre. Por vezes tenho vergonha de ser madeirense!!!!!!!!!!!!!!!!!
Este texto dá uma peça de TEATRO, se calhar para ser apresentada no Municipal Baltazar Dias...se os ilustres o permitirem...seria concerteza casa cheia todos os dias!!!
Dizem que o P. Cafofo descobriu no Lazareto pontas de lança da Idade da Pedra. Sensacional notícia do Correio da Manhã.
cafofo adora contratar continentais para tudo
no futuro os jobs vai ser tudo para amigos de confiança do continente
Será que a TVI manda alguma Alexandra Borges ou Ana Leal para fazer uma "investigação"?
Era mandar isto para as senhoras lerem.
Não me sai da cabeça que essa zona (lindíssima, com construções que deveriam ser recuperadas), mais tarde ou mais cedo, vai ser cedido ao Pestana para fazer mais um hotel...
Nem no tempo do Estado Novo se viu uma colagem tão descarada da Câmara do Funchal ao Continente. Grande parte dos contratos desta vereação são feitos com empresas do continente, quando existem cá na ilha pessoas e empresas competentes para fornecer os mesmos produtos e serviços.
É o que dá termos cá um delegado do PS nacional investido nas funções de chefe de gabinete, que tudo supervisiona e orienta para Lisboa...
Típico de quem não saber governar e quem poder sem saber como. Há sempre alguém disposto a uma aldrabicezinha a troco de dinheiro.
Ética, princípios, valores, o que é isso!!
E assim nos vão enganando...
O tal arqueolago Indiana Jones não vai devolver o dinheiro que rapou ao historiador Cafofo? Este artigo do Canha dava uma comédia deliciosa.
Onda anda o MP? A perseguir o Coelho, não?!
Um vale lindíssimo que não devia receber essa loucura da estação de tratamento de esgoto, como se diz no Brasil.
11.26
achas?
Ana Leal é uma das tais que recebe dinheiro da LPM , nunca atacara o cafofo
Mas onde vai ficar a nova ETAR não é zona de risco? Pelo menos é que diz a carta de riscos da cidade...
Então o Cafofo que é licenciado em história não viu esta falsidade? Ou a dentuça é só para rir...
Sr. Cafofo e Miguel Gouveia quanto vai custar bombar a caca do Funchal para o Lazareto? Quem vai pagar essa energia? As manutenções das bombas? etc... tudo por causa dum grupo econômico amigo de vocês.
Sr. Canha hoje o meu dia foi nisto: quando estava triste, abria o endiabrado do Fenix, lia isto, e rebentava a rir. A malta do meu trabalho também se alegrou. lindo da peste, ah,ah,ah...
É mais facil para lavar o dinheiro sujo
Como já disse é mais fácil faturar em excesso e pagar em excesso e receber luvas a seguir visto que estas estão mais longe a oposição não tem tanto acesso a estas....
Na política não existe nenhuma ética, educação, os valores passados pelos familiares deixam de existir, discriminacao.....
O pior inimigo do Madeirense é o próprio Madeirense e este Cafofo é o pior de todos, com aquela sorriso Binaca pensa que faz de nós tolos
Se calhar o arqueólogo tem razão! a Madeira está cheia de Cro-magnons e Neandertais que andaram escondidos desde a descoberta da Madeira e agora estão a aparecer na Câmara do Funchal.
Esta ETAR no Lazareto prova que Albuquerque e Cafofo são faces da mesma moeda. Vergam-se sempre ao poder económico e a viloada paga!
Se isto não fosse uma terreola de matarruanos e broquilhas, estes "meninos" que espatifam o nosso dinheiros em Etares de merda, já tinham sido corridos dos lugares políticos e públicos! Mas a viloada merece isto e muito mais!
deixem ver se percebi:
Houve intensão de construir a ETAR no Almirante Reis onde ficaria enterrada e sem cheiros.
Mas perto tem um hotel de socialistas e isso não seria bom para o negocio. Entao vamos para o lazareto onde vai custar mais uns milhoes a contruçao.
depois irão pagar outros milhoes todos os anos em eletricidade para bombear a merda para o lazareto.
TUDO CERTO.
Mas qual o problema? quem vai pagar isso? A CÃMARA DO FUNCHAL. e qual o problema se quem vai assumir isso será quem vier a seguir?
Afinal estes cafofianos fazem exatamente o que dizem combater e que é fazer divida, favorecer os amigos e os outros que se lixem.
E DIZEM QUE SÃO DIFERENTES QUE SÃO PELOS PESSOAS
Simples explicação, eu vou a uma casa de banho a meio da rua do Til, os meus dejetos descem a rua e vão ter ao Almirante Reis, depois regressam para trás e são bombeados para a ETAR do Lazareto, no Lazareto são novamente tratados, e são bombeados novamente para o emissário que sai de lá e vai ter quase debaixo do Pináculo.Já viram as voltas que a minha merd... vai dar. É igual que eu apanhar um avião para ir para Lisboa, mas sou desviado para Canárias, depois Casablanca, e só então vou ter a Lisboa. O Cafofo e o Albuquerque que expliquem bem porque razão a minha a minha merd... dá estas voltas do catano?!...
Palhaçada encomendada por Cafofo para satisfazer a Santíssima Trindade
Ó comentadores,
O que é que o Governo Regional tem com a localização da ETAR?
Esta é da responsabilidade exclusiva da autarquia. O governo co-participa no financiamento para ajudar a uma exigência da UE.
O Pestana está a fazer um hotel em Câmara de Lobos ao lado de uma ETAR, não ameaçou que não fazia o hotel se a ETAR fosse construída.
Se ameacaou, a ARM e a Câmara Municipal de Câmara de Lobos defenderam os interesses públicos e andsram o Pestana dar uma volta.
Já no Funchal o Trindade deu uma ordem ao Cafofo que meteu rabo entre as patas e logo mandou a ETAR para o Lazareto.
Nem discuto em termos ambientais, a paisagem que se perde. Mas sim os milhões a mais que se vai gastar porque o ikteresse público não foi salvaguardado
Este arqueólogo Fraga é do mesmo calibre do biólogo Ginja que fez relatório sobre a árvore do Monte.
Cafôfo vai buscá-los todos ao mesmo sítio...
Insuspeitos, imparciais, credíveis ah ah ah ah
O hotel não pode sofrer o risco de cheirar a merda mas o lar da bela vista e as pessoas do Lazareto já podem levar com o cheirete. Aqui ninguém vota nesse Cafofo de falas mansas.
O arqueolago devia pedir umas pás à Junta de freguesia da Foz do Arelho para enterrar o Cantor, a Lebre e filhotes, Caldeirada, Sergio o magro e o urso de S, Gonçalo e o Mentiras.
Pergunta ao Cafofo porque é que a merda tem de dar tanta volta. Ele lá saberá
Que tem o Governo ou Albuquerque a ver com a ETAR do Funchal e sua localização?
A não escolha do Almirante Reis para não perturbar os amigos socialistas dos hotéis e a escolha estapafúrdia no lindíssimo vale Lazareto são da única e exclusiva responsabilidade da Câmara Municipal do Funchal.
É difícil perceber isso?
Este é o futuro que ele pretende para a madeira nao basta os sousas os ramos os afa e agora os trindades
Com estes anormais da Cmf Cafofo e companhia que só fazem Porcaria em vez dos pirolitos descerem ainda vão subir até ao Poiso
Povo da São Gonçalo manifestem-se contra essa porcaria
Esquece-te do Sérgio Abreu o badocha
Olhem que não.
A sugestão do Lazareto não veio do Governo?
Não, ó das 08.28.
Não veio do governo, nem tinha que vir.
Essa é uma responsabilidade exclusiva da câmara.
A Câmara do mentiroso apresentou ao Governo, e todos juntos aprovaram a Câmara da Merda para beneficiar os hoteleiros. um caso clássico da Mamadeira.Menos mal que descobriram testemunhos da idade da Pedra, sempre podemos receber turismo arqueológico, tipo gravuras do Foz Coa.
Errado, ó das 00.18,
O governo não aprova uma ETAR da responsabilidade da autarquia.
E comparar o Lazareto a Foz Côa, tá demais. Só mesmo tu.
No entanto sou contra a localização, porque sai muito mais caro do que noutras localizações.
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