CRISE: MESMO SEM MOSTRAR NADA ATÉ AGORA, A NÃO SER PÉS TORTOS...

A Selecção Nacional tem protagonizado um filme louco, surreal, desadequado de todo à fase dramática que o país atravessa.
Ou se calhar os responsáveis impingem ao povo essa história por episódios sem intervalo a fim de fazer esquecer as agruras da crise. Percebe-se.

Ele são mordomias aos jogadores com estágios de rei, charretes para as vedetas se passearem, despedidas de Óbidos como se ali estivessem guerreiros de partida rumo à guerra contra os infiéis.
...E TV sem cessar transmitindo em directo os passos dos jogadores, a chegada ao hotel, a saída do hotel, os momentos mais íntimos de cada um, a partida do autocarro para o aeroporto, o trajecto da camioneta, entrevistas dos fãs a quem se arranca uma inexistente ansiedade, a chegada ao aeroporto, a despedida num directo estafado e forçado com meia dúzia de adeptos a pedir autógrafos, o atleta que desapareceu para comprar jornais, a entrada na aerogare, o chek-in, os últimos momentos na escada rolante, a operação interminável do avião a sair da placa de estacionamento para a pista, preparando a descolagem, depois o aparelho a subir, a subir, a ficar mais pequenino lá no ar, a desaparecer...
Uf!
Uf?
Não senhor! Há mais. Então a chegada à Polónia? Claro. Enquanto os rapazes viajam atmosfera fora, há que entrevistar polacos que não querem saber da selecção nacional, nem sequer de futebol, aliás nem inglês falam, de resto nem têm paciência de aturar as tontices do nosso nacional idiotismo televisionado.
E há que mostrar o hotel, as zonas que os deuses da bola vão percorrer, os locais de treinamento, a comida levada de Portugal, a compra de hortaliças no mercado de , os quartos para descansar, tudo.
E finalmente a chegada ao aeroporto de Poznan. Que a hora 21.34 em que Bruno Alves sai do avião seja registada com Portugal a telever. E os polacos em êxtase perante a proximidade dos Ronaldos, Fábios, Patrícios e mais malta - polacos em êxtase apenas na cabeça dos repórteres, coitados, a quem foi dada ordem para 'encher chouriço' toda a noite.
![]() |
| Os rapazes estão a ficar com a pele bem lustrosa, de tantos holofotes das TV em directo. |
Todo este espaventoso espectáculo com uma selecção que se classificou vergonhosamente para este Euro. Que caiu num grupo de apuramento com adversários do tipo Carvalheiro, Lazareto e São João - sem ofensa aos nossos antigos clubes da Promoção madeirense - e ainda assim não se classificou directamente, houve que recorrer a um impensável e humilhante play off.
Se, por um milagre divino, aquela equipa se sagrar campeã da Europa, não imaginamos que poderá ser feito a mais do que se viu agora, que o plantel simplesmente viajou de Portugal para a zona do campeonato.
Obviamente, todos estamos a fazer força mental para, de mãos dadas '11 por todos, todos por 11', o seleccionado rubricar boa figura. Hipótese de que duvidamos, já que Paulo Bento, depois do apoio que lhe demos, entrou em velocidade de cruzeiro, isto é, tornou-se um 'inventor' igual ao sargentão Scolari do Brasil e ao emproado Queiroz.
...E de modo que as nossas esperanças são praticamente nulas, como já referimos. Não nos podemos dar ao luxo de jogar com apenas 10 elementos e ainda por cima contra 12, que é o que acontece quando Bento mete lá na frente um trinco - Hugo Almeida ou Postiga - a reforçar a defensiva contrária.
Vamos apoiar então os príncipes encantados metidos numa aventura autenticamente 'big brother', mostrados a todas as horas em directo por vários canais de TV.
Isso depois de haverem empatado perante a miserável selecção da Macedónia e apanhado um banho turco de três golos numa casa cheia da Luz, com alguns lances a fazer lembrar os jogos casados-solteiros, como aquela 'perdida' Hugo Almeida/Coentrão e o golo contra obtido por Pepe, a passe fatal de Ricardo Costa.
Não desliguem as câmaras dos directos, porque a troika Passos-Relvas-Gaspar quer o país entretido.


1 comentário:
E ainda falta outro reforço para a defesa contrária, o trinco Nelson Oliveira.Esqueceram-se do João Tomás,mas o coxo Hugo Viana irá resolver.
Enviar um comentário