CHEFE DAS ANGÚSTIAS 'PASSA MÃO NO PÊLO' DA TROPA
Os militares a quem o homem elogiou esta segunda-feira na Ribeira Brava são os de 1926, não os de 1974 a quem chamou 'efeminados', o que lhe valeu histórica bofetada
Na sua desesperada precisão de 'guarda-costas', o chefe do governo regional tentou disfarçar a 'caldeirada' em que redundou a inauguração da Fajã da Ribeira, nesta segunda-feira, tecendo elogios às Forças Armadas que soaram a falso como as suas habituais atoardas de momento, contraditórias umas com as outras.
Ensaiando a 'engraxadela' com subtileza, o homem afirmou-se agradecido à missão dos militares desempenhada no pós-20 de Fevereiro. Entre várias acções de apoio aos povos afectados pelos temporais, as FA levantaram a ponte provisória que serviu a Fajã da Ribeira até à conclusão da ponte agora estreada.
Ora, 'para fazer render o peixe' e disfarçar os ataques que José Manuel Coelho, do PTP, lhe dirigia, apoiado pelos apupos dos bombeiros da Ribeira Brava revoltados com o incumprimento das promessas do governo, eis sua excelência com apelos hipócritas e vazios de oportunidade: que as Forças Armadas, "como em todos os períodos da História, estejam atentas a que a vontade do povo em termos democráticos seja observada".
Ouçam-no a falar de... democracia!
Os loucos anos 70 do PPD passaram, mas continuam frescos nas memórias. (in 'Achas na Autonomia') |
Como se vê, é dr. Jardim a falar de democracia. E andou mais longe, o homem: fez votos para que os militares - sucessores da "tropa efeminada" que arrancou Portugal ao regime que ele mesmo defendeu até ao 24 de Abril -esteja com atenção e actue "para que a democracia não seja subvertida por aparentes estruturas democráticas que não o são".
Bem, se as NT - nossas tropas - fossem de actuar em termos de meter na ordem "as aparentes estruturas democráticas que não o são", já tinham mandado uma secção com um cabo e 5 básicos às Angústias pôr o soba da tabanca em desarvorada corrida por entre os bonitos jacarandás da Avenida do Infante.
O que o chefe lá de cima quer realçar é as saudades dos militares que acabaram com a democracia musculada vigente na I República.
Porque à tropa democrática chamou ele de "efeminada", num princípio de tarde em que, ébrio dos verdes anos de poder e das tasquinhas que animavam a festa laranja no Paúl da Serra, quis impressionar Sá Carneiro, presente no arraial, simulando puerilmente destemor do exército, da marinha, da aviação e do Semeador.
E a estalada, claro!
Logo na segunda-feira, o coronel Carlos Lacerda tratou de esclarecer o que lhe competia, enquanto membro das Forças Armadas ofendidas por um regedor de aldeia. O nosso coronel subiu ao 1.º andar da Junta Geral - onde o chefe de governo aninhava, antes das Angústias, e esbofeteou sua excelência com estrondo, para se demarcar do ataque no Paúl.
Assunto resolvido.
Hoje, o homem que resolve dar abraços à tropa, porque doravante precisará de 'costas', tenta negar o histórico acontecimento da 'bolachada'.
Azar dos azares: há gravações com a voz dele próprio a confirmar e a contar como apanhou aquele bendito correctivo.
Isto de fazer História à medida resulta sempre mal para o 'historiador' que gosta de relatar os seus actos de 'heroísmo'.
5 comentários:
Já não há Marqueses como antigamente. Mendigam protecção por tão pouco...
E o pior está para vir!
Caros Luís Calisto e Jorge Figueira
O que é certo é que o homem, desde que levou o correctivo, nunca mais se meteu com a tropa.
O respeitinho é muito bonito, mesmo que conseguido à bofetada.
O Coronel Lacerda perguntou, certamente: 'Estás a brincar com a tropa ou quê?!
Em termos de tropa os psicotécnicos impediram-lhe a carreira de tiro. Teve, além do tabefe, a ameaça de porem as mãos no chão e o atingir com os pés...
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