SÓ À BENGALADA!

Gil Canha 

É de conhecimento público que adoro carros antigos, acho que além dum bom investimento, enriquece o nosso património cultural, precisamente, porque os clássicos são considerados verdadeiras “obras de arte”, que marcam gerações, refletem o desenvolvimento tecnológico e arquitetónico da criatividade humana (as suas linhas foram influenciadas, por exemplo, pela exploração espacial, pela arte Deco, pela música, como o Jazz, pelo movimento minimalista da Escola Bauhaus, pelos movimentos políticos, pela guerra, e até, de certa forma, pelo denominado construtivismo soviético, etc…).
Aliás, é com imensa tristeza que vejo sair de Portugal e da nossa Região belíssimas máquinas que vão enriquecer coleções estrangeiras, precisamente porque o Estado Português achou tributar os clássicos importados com impostos estapafúrdios, sangria que não é reposta nem estancada com a importação de novas viaturas antigas. 

Sou da opinião que as provas de carros clássicos, exposições, e outros eventos relacionados, são fundamentais para a promoção turística, mas daí o Governo Regional apoiar com uma “batatada só” de 185 mil euros a recente Edição da Volta à Ilha da Madeira – Rally Histórico, é um escândalo, uma vergonha, e um assalto ao dinheiro dos contribuintes. Ou será que este apoio milionário do G.R. é para financiar outras atividades do Club Sports Madeira? É uma pergunta legítima, já que os diferentes clubes/núcleos de clássicos e de marcas da região recebem ninharias para organizar provas, em valores que nem chegam aos 15 mil euros, mas que movimentam centenas de viaturas e promovem eventos de grande impacte mediático e turístico. 

Muitas pessoas interrogam-se, porque razão, este Rally Histórico organizado pelo Club Sports Madeira teve tão pouca adesão dos “aficionados” madeirenses? A resposta é simples: estes cavalheiros pediram 400 euros de inscrição por cada viatura clássica! Obviamente, somando a gasolina e o desgaste dos automóveis, os valores ultrapassariam os 500 euros, o que para a maioria do pessoal da “ferrugem” são valores proibitivos. Mas pronto! Tendo em atenção os controladores, o fecho de estradas, as refeições, a polícia, e toda a logística, até se compreende e aceita o valor, tanto que, a maioria do pessoal até se resignou com isso. Mas, hoje, Sábado, ao se abrir o Diário de Notícias e lermos que estes artolas do Governo deram à organização do CSM, as tais 185 mil mocas, apetece pegar numa bengala e ir por essa estrada abaixo, e descarregar umas bengaladas em cima desses lambuzas sem vergonha!