É fartar, vilanagem!

À Redacção do Fénix do Atlântico - Os operacionais do Luís Miguel de Sousa têm as suas instruções superiores e explicam amavelmente ao freguês:

- Vamos lá ver o que dizem aqui as normas da casa. É isso. Se o senhor quer mudar o dia das duas passagens, tem de pagar 25 euros.

A gente pergunta: pode-se saber quais são os custos acrescidos da empresa se mudar no papel o dia da viagem para a véspera, para uma viagem que todos os domingos vai vazia?

Não há resposta. A não ser esta: 

- O senhor vai ter de pagar mesmo, são 12 euros e... por cada passagem.

É um caso simples. A PSL "facilita" os grupos que se organizam para um fim-de-semana divertido na bonita ilha do areal. Então, há umas facilidades de pagamento, porque depois vem o reembolso e fica tudo muito acessível. Não por benevolência da navegadora, está bom de ver, que não perde um tusto com o bonito gesto, era o que faltava - ou não estivéssemos na época baixa.

Pode-se é fazer mais uns trocos, aproveitando as azelhices de alguns distraídos. Neste caso, o grupo do torneio de futebol enganou-se e marcou duas passagens para um dia depois do que devia.

Ai enganou-se? Então, eles abrem a boca e dizem:

- Pois é, como se trata de uma viagem de grupo, se quiser mudar tem de pagar a passagem no seu total, já não há descontos.

Argumenta-se:

- Mas o grupo não vai todo junto, uns vão domingo, outros segunda, quinta, na sexta...

- E portanto são mais 25 euros para mudar as duas passagens.

O Luís Miguel é capaz de me dizer:

- Oh nabo, sabes quanto é que a TAP ou uma Turkish Airways ou uma TWA cobram se quiseres mudar um voo?

E eu respondo:

- E sabes, caro Amigo, se essas companhias têm tudo o que querem dos seus governos e se gozam de monopólios à custa de uma falsa fama de serviço público, como tu fazes aqui? Não sei se a Air Canada multa quem quiser mudar de hora ou se dá um pontapé de castigo no passageiro que berrar a bordo. Nem quero saber se o homenzinho do riquexó de Xangai aplica uma taxa se o cliente mudar o serviço. Quero saber é que custos acrescidos recaem sobre a tua contabilidade se eu quiser antecipar ou atrasar uma viagem na tua banheira navegante. Pois se não se trata de navios cheios! Que prejuízos estarei a causar então?

O Luís Miguel começa com aquele grande paleio, que cada empresa tem o seu regulamento e que quem precisar dos serviços deve acatá-lo.

Pois eu não acato. Pode o armador de transportes declarar-me persona non grata, proibir-me de viajar nos seus barcos. Que eu fico aqui preso na ilha, já que não há navios concorrentes, mas não cedo.

A companhia acha-se no direito arbitrário de exigir dinheiro a troco de serviço nenhum e eu tenho o direito de os mandar à fava. Esta manhã, quando me disseram que eu ia pagar os 25 euros, respondi:

- Não vou pagar, não. Se me disserem que há custos por mudar uma passagem, eu pago nem que sejam 200 euros. Como não me explicam e eu acho que é abuso, não pago nem um cêntimo. 

E pronto, perco um dia e uma noite no Porto Santo, fico mais um dia no Funchal e delicio-me com uma boa almoçarada até 25 euros.

O ano passado, decidi ir no sábado para tomar parte nas futeboladas do grupo, na ilha do areal. Nem de propósito, S. Pedro manda mau tempo e a banheira do Luís Miguel não zarpou da Pontinha.

Uma maçada para me entender com o hotel do mesmo Luís Miguel: eu não tinha culpa de S. Pedro ter acordado mal disposto e anular a viagem. A discussão ia descambando. Mas a estadia sempre ficou em suspenso para este ano.

Ora, quando vou tratar do assunto, para usufruir do hotel agora, dizem-me que já não tenho direito às 4 (ou 5) noites do ano passado, porque a tabela de preços mudou e eu tinha era o mesmo plafond, que dava menos noites.

Mas pronto, que se dane. O contrato era de noites, eles mudam para plafond para dar menos noites, eles é que mandam...

Esse aspecto da história está tratado, graças até à reconhecida competência dos profissionais que o Luís teve a sorte de contratar e que o defendem até à medula. Só que mais uma vez não vou para o sol porto-santense no dia marcado, mas um dia depois. O outro 'S. Pedro' manda mais do que o do céu.

O Luís não se satisfaz com a sua exclusividade no mar, que lhe permite praticar preços à balda. Com pacotes carro-passagem-hotel pornográficos. Mas não há concorrência: temos de pagar mais por levar um skate do que os canarianos pagam de transportar um camião pesado de Lanzarote para Fuerteventura.

O Luís não se satisfaz de só disponibilizar 50 viagens aéreas por dia, aos porto-santenses, no mês de doca seca para o Lobo Marinho, Janeiro. Ele deixa o comércio da pequena ilha deserto, sem as receitas que os madeirenses com casa lá podiam fazer, mais os grupos de madeirenses que gostam de lá passar o fim-de-semana ou outros dias, mesmo em Janeiro. Porque as passagens aéreas bonificadas não abrangem os madeirenses.

O Luís não se satisfaz com a prerrogativa dos serviços de bar no navio cobrados sem IVA - porque aquilo é considerado serviço de bar no mar alto, vejam só.

Enfim, o Luís manda castigar quem tem o azar de querer mudar uma passagem. 

A mim não castiga.

K-Azarado

Nota do Fénix - Achamos bem que o Dr. Luís Miguel de Sousa não dê água a pintos. E agora com o governo blue comido de escabeche, a cafofagem trincada em molho de vilão,  o Zé no topo do Parlamento, os transportes nas mãos, a RTP e o DN no bolso, os ressabiados verão o que é bom para a tosse.