MANTA DE BARRETES

João José Abreu

O Marítimo está a comemorar 109 anos de vida sob o lema de que a antiguidade é um posto. Parece que 40 anos no escalão máximo do futebol português são sinónimo de eterna permanência, apesar da aflição vivida nos últimos anos. Carlos Pereira acha que, pelas suas mais de duas décadas na presidência, percebe tanto de futebol como qualquer treinador, mas está visto que tem muito mais jeito como empresário: os seus negócios continuam a ter sucesso, a equipa de futebol só lá de vez em quando tem êxito.

Esta época promete ser mais uma de pranto para os adeptos, precisamente porque Pereira insiste em inventar treinadores. A lista de barretes é longa – quem não se lembra desse grande treinador chamado Anatoliy Byshovets! A verdade é que o único tiro certeiro, só esta década, foi Pedro Martins. Desde que o atual treinador do Olympiacos saiu, no final da época 13/14, foi um ver se te avias: Leonel Pontes, Ivo Vieira, PC Gusmão, Nelo Vingada, Daniel Ramos, Cláudio Braga, Petit e Nuno Manta Santos. Oito treinadores onde a exceção à regra “meia época e chicote” foi Ramos, que ainda aguentou duas temporadas.

Depois do habitual benefício da dúvida que todas as épocas os adeptos têm de conceder ao treinador que chega, há agora a certeza de que Manta não tem unhas para este leão. Não admira; antes de cá chegar só treinou o Feirense, onde contribuiu para um espetacular recorde nacional de jornadas consecutivas sem ganhar. Esta época, está visto, não há de ser grande coisa. Resta saber se a teimosia do presidente resultará finalmente numa descida de divisão. Já se aposta que, na próxima época, continuará a haver uma equipa madeirense no escalão máximo…