'ANTENA 1' TAMBÉM DEPENDURADA NA EMISSÃO DE LISBOA
Até a rádio?! Temos na Levada do Cavalo nova Direcção ou uma comissão liquidatária?
|  | 
A rádio/TV Golfe dependurou-se em bloco às emissões de Lisboa, nesta quinta-feira santa.
No caso da RTP, ainda se percebe. O Baião anda a fazer uns programas sobre praias - 7 maravilhas ou coisa que o valha - e hoje calha a vez a um pastel interminável a perturbar o normalmente relaxante areal do Porto Santo.
Assim, temos mais uma vez o caricato de dois canais - encostadinhos no comando do televisor -, o 2 e o 3, estarem a passar precisamente o mesmo programa. Tornou-se habitual.
|  | 
| Antena 1 dependurada em Santarém: um fartote de bróculos, touros e quotas leiteiras para os ouvintes da Madeira. | 
Depois, com tantos profissionais de cá e de Lisboa deslocados ao Porto Santo, quando a palavra de ordem é cortar-cortar-cortar, aproveitar-se-á para gravar um 'Atlântida' e não sabemos se é para cobrir ou não o 'desembarque de Colombo'. Também nada de novo.
Fazer conteúdos ou eliminar conteúdos?
No caso da rádio, o que os senhores da Direcção pretendem é mostrar serviço a cortar-cortar-cortar. Ai temos aí um feriado? Então não se convoca pessoal e dependura-se esta m... a Lisboa. 
Qualquer gestor sabe que o patrão agradece quando se reduz os custos de produção. Só que a comunicação social não pode funcionar como as empresas de enlatar atum e sardinhas.
Miguel Cunha! A seguir as ideias do director... não o assessor Gil Rosa, mas o dos números... o meu amigo Miguel Cunha, se lhe obedecer cegamente, não está a dirigir conteúdos, está a eliminar espaço para conteúdos. O que vai contra as suas funções.
Se é para reduzir despesas por esse processo, então emitam rádio às terças, quintas e sábados, e verão a poupança em pessoal.
É que Lisboa até pode dizer: lá na Parvónia do Jardim, os nossos comissários ligam a Lisboa nos feriados e a população não se revolta com armas na mão. Então, por que não fechar também aquilo ao domingo? E mesmo à segunda, porque estão todos com os vapores da véspera e não distinguem uma rádio regional de uma nacional. E, já agora, feche-se também... 
Compreendemos as quotas leiteiras e os bróculos de Santarém, mas...
Não vamos aqui subestimar os problemas agro-pecuários do Continente, que devem apresentar-se bicudos nos tempos de hoje. Mas exagera-se esta tarde, quinta-feira, com a tal emissão nacional da Antena 1 a difundir problemas quase locais, como os ribatejanos e outros, que convergiram estes dias na Feira Nacional de Santarém.
Acreditamos piamente no drama de quem receia ver fugir o sistema de quotas para o sector leiteiro, e até nos solidarizamos com os pequenos e médios produtores lá da zona.
Aplaudimos o sucesso do jovem agricultor Marco Nunes que, tendo começado a vender melões, conseguiu formar-se em agronomia, trocando porém a comodidade do emprego normal pela iniciativa própria, de tal modo que exibe por ocasião da feira de Santarém os resultados frescos da sua plantação de 5 hectares de bróculos que explora em Valada do Ribatejo. 
Até gostamos de saber pela rádio que os aguaceiros das próximas horas se confinarão ao litoral a norte do Cabo Carvoeiro.
Ouvimos isso e pronto.
Que a incansável Antena 1 nos descreva com mestria o trânsito no Grande Porto, 'encrencado' perto de Valongo à conta de um acidente na A 4, é como o outro. Mas depois pormenorizar aquilo tudo até à baixa de Lisboa, com a descrição das ruas asfixiadas de trânsito por causa do povo que assiste à procissão do Corpo de Deus, dispensamos essa maçada, e de boa vontade.
É saudosismo, mas "a rádio da minha rua" tinha 100 mil adeptos!
Por que não podem os madeirenses ouvir a Antena 1 nacional? - perguntarão alguns.
Não se trata disso. Os madeirenses podiam e deviam ter à disposição uma frequência com a 'A 1' nacional. Como acontece com a RR, por exemplo. Mas isso não obriga - era o que faltava - ao fecho da nossa rádio pública, de cunho regional.
Custou décadas de trabalho e de carolice encaixar a Emissora Nacional/RDP nos hábitos dos madeirenses. Mas "a rádio da minha rua", a do "27 da Rua dos Netos", tornou-se companhia inseparável do auditório. As vozes dessa endiabrada antena ganharam carisma e ainda hoje são recordadas por duas gerações. 
Toda a gente desfia diversos nomes de vedetas radiofónicas sem precisarmos de indicar nenhum aqui. Meia Região era fiel da RDP-Madeira. Várias horas ao dia.
A concorrência é mais apertada, hoje? Aperte-se na qualidade. Não no cortar-cortar-cortar!
Anda mouro na costa
Evidentemente, algo de muito estranho ronda o centro regional da rádio-TV Golfe. O dr. Luís Miguel movimenta-se - e está no seu direito de empresário - para mandar na televisão ainda mais do que manda, o que acontecerá se entrar na propriedade com 5%. Está tudo em aberto, diga lá que não!
Ora, o Amigo Miguel Cunha vem da área do jornalismo e tem a seu cargo os conteúdos da rádio e da televisão. Tem-se debatido com a dificuldade para convencer Martim Santos de que a Produção da RTP tem a ver com os conteúdos. A Produção é muito números, mas a questão dos números corre transversalmente a toda a casa. Ou seja, Miguel Cunha precisa de tornar a rádio e a TV públicas indispensáveis - porque já não são - aos olhos dos madeirenses. Para isso, há que apressar as mudanças, que se faz tarde. Reconquistar ouvintes e telespectadores não é com chefes em cima de chefes - tantos para 4 horas (incluindo uma hora de repetição) no caso da RTP-M. Mesmo na área da Direcção, temos uma estrutura mais pesada do que qualquer uma das anteriores. À distância!
Isto ali anda mouro na costa, não ironizem com o povo. Se a ideia é fechar para reabrir sem os actuais profissionais, cometerão um erro que ficará para a História da Comunicação Social da Madeira.
...Nem conseguirão perpetrar tal crime!
Já só pagam 50% em dia feriado...
Reconquistar audiência é com produção. Não com ausências da antena, como acontece nesta quinta-feira. Já só pagam 50% das horas extraordinárias e dos feriados. É poupança suficiente. Mandar todos para casa para apresentar cortes na despesa, até minha tia Piedade, que nem sequer poupava demais quando ia ao mercado, consegue fazer escrevinhando parcelas num rol de mercearia.
Nos Açores, a sociedade civil e os partidos políticos, de extremo a extremo, levantaram-se em defesa do seu centro regional. Por aqui, é impensável. Para já. Os conteúdos é que podem operar a recuperação da simpatia dos madeirenses. 
Cortes? Números? É preciso listar as despesas aloucadas da RTP nacional, que tanto penalizam as contas do Estado? 
E é para não recordarmos a viagem de Martim Santos à Suécia, com a missão de participar naquele importantíssimo encontro de TVs regionais.
Um seminário para dar 4 horas de televisão por dia, com a Madeira sentada em estúdio, por favor!
Queremos guerra?
Vamos então apoiar a luta contra oa inimigos do sistema de quotas no sector leiteiro do Ribatejo. Mas sem esquecer também as nossas dores. Há 100 colegas nossos nas Madalenas/Levada do Cavalo a viver em sobressalto. Por não saberem fazer rádio e televisão? Não: por não os deixarem fazer.
Em suma: se por acaso aceitaram, senhores directores, integrar uma comissão liquidatária para o centro regional, teremos guerra.

 
 
Sem comentários:
Enviar um comentário