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sábado, 9 de junho de 2012

Estilhaços de Madeira



FECHA-FECHA ATINGE QUIOSQUE DO POPULAR MÁRIO








As vicissitudes da vida não pouparam o quiosque situado à frente da Secretaria de Turismo. O nosso Amigo Mário fechou-o pela última vez quarta-feira passada.
Os anos, a saúde e a crise juntaram-se num conluio fatal para o popular vendedor de jornais e revistas.
O alerta de um Amigo do 'Fénix', há um par de horas, cortou-nos o coração. Lamechice de quem passou a vida no frenesim das redacções, dos linguados esgalhados à mão, das galés, prelos, intertypes e impressoras, do advento do computador, do off-set... e dos ardinas que divulgavam sonhos através de cada reportagem, cada entrevista, cada breve.

Mário desiludiu-se com as partidas do mercado, ultimamente. Apressou-lhe o adeus um jornal regional gratuito posto à disposição dos transeuntes, todas as manhãs,  a três metros dos produtos que ele vendia a dinheiro.
Ironicamente, ele apanhou por tabela por causa de uma política partidária e maioritária que ele tanto defendeu.

O nosso velho Amigo gabava-se dos 300 diários [de Notícias] que vendia manhã cedo quando a sua banca ficava no chão à esquina do Golden, café onde chegou a funcionar uma instituição bancária.
Aos poucos, apesar se lhe terem facilitado a vida com o 'quiosque no Turismo', quando teve de deixar aquele espaço no Golden, o negócio caiu. O mundo abandona o papel. No entanto, Mário segurou-se no quiosque verde, disponibilizando aos fregueses o espectáculo dos jornais alinhados ao lado uns dos outros, com capas coloridas dos exemplares desportivos, a festa dos semanários, as revistas para todos os gostos.
Ninguém passava naquela placa da Manuel Arriaga sem ao menos desacelerar o passo para uma olhadela aos produtos vendidos pelo Mário.

Estivemos há pouco na baixa. O quiosque é uma frieza no meio do calor húmido que amolece a nossa capital.
Nada de jornais dependurados, nada de semanários alinhados, nada de cores das revistas para todos os gostos.
O quiosque descoloriu-se.

O que mais demos pela falta ainda foi da banquinha com a já frágil figura do nosso Amigo Mário, sentado, a contar histórias de tempos áureos que já lá foram.

Um deserto, aquela Manuel Arriaga, apesar dos transeuntes e dos carros.



3 comentários:

jorge figueira disse...

Um sincero Bem Haja ao Mário

Luís Calisto disse...

Idem.
E um obrigado pela dica, Doutor.

Andesman disse...

Fui durante muito tempo cliente do sr. Mário quando a sua banca era o chão da "Esquina do Mundo" como lhe chamou Ferreira de Castro. Lamento que também ele tenha sido vítima da crise e da concorrência desleal criadas pelo regime que ele apoiou.