Casos de polícia na Jota Laranja

JSD-M REJEITA CONGRESSO EXTRA

DE PROPONENTES FANTASMAS

Por limite de idade, Rómulo Coelho
não pode continuar na liderança.

Marco Gonçalves jogou a sua cartada,
que está a gerar mau ambiente.

Carolina Silva surge como pré-candidata...

...Mas há outra corrente
pró-Hernâni Gomes.

Marco Gonçalves, nome preferido pelas cúpulas seniores, está fora da sucessão de Rómulo; a disputa poderá correr entre Carolina Silva e Hernâni Gomes, ambos desalinhados do actual Establishment. Entretanto, há militantes jovens que enfrentarão os actuais dirigentes se não levarem à Justiça as irregularidades agora detectadas

Há descontentamento no seio da Jota Laranja. A tentativa de antecipar o congresso para facilitar a eleição do candidato benzido pelas cúpulas seniores foi cozinhada com processos irregulares e os militantes jovens exigem punição.

Tanto o presidente como o secretário-geral do PSD, Miguel Albuquerque e Rui Abreu, gostariam de contar com uma JSD perfeitamente sincronizada com o partido. Liderada, preferentemente, por Marco Gonçalves, deputado e social-democrata da confiança do novo barão camaralobense, o albuquerquista Pedro Coelho, aliás padrinho de casamento de Marco.

Acontece que para o jovem parlamentar ser eleito líder, o congresso teria de ocorrer antes do seu 30.º aniversário. O mês de Abril, previsto para a reunião magna, será tarde demais.

Eis senão quando começam a correr entre os militantes da Jota listas de recolha de assinaturas pedindo um congresso extraordinário electivo antecipado para Março. Até que as folhas com as assinaturas deram mesmo entrada no Secretariado da organização de juventude. Mas sem paternidade. Uma folha de rosto pedia a antecipação do congresso, em nome do começo de uma nova fase da vida da Jota virada para o alcance de sucessos e vitórias, porém sem a mais leve identificação dos responsáveis pela iniciativa. O que inviabiliza à partida a pretensão, como é elementar. 

O requerimento-fantasma era seguido de várias outras folhas - mais de 20 - contendo assinaturas supostamente de militantes. São exigidas 300 para o efeito em questão, mas o total ultrapassava esse número em cerca de meia centena.

Mas também se registava algo de fantasmagórico nessa documentação. Não havia em cada uma das folhas o cabeçalho a dizer a que se destinavam as assinaturas. Algumas das quais, também grave, não estavam acompanhadas do necessário número do BI.

Perante a fundada suspeita de irregularidades graves, a Mesa do Congresso recebeu do Secretariado um requerimento de inquérito ao que se passava. Tendo, na sequência, o Conselho de Jurisdição tomado conta do misterioso processo.

As irregularidades são aos montes, nas listas a circular por todo o lado. No caso particular do Porto Santo, o nosso K lá exilado garante que os 'papéis' foram mandados para o Funchal com rasuras de cima abaixo, e sem as ressalvas de lei. Aquilo foi passar tinta branca por cima, rasurar, rabiscar - e toca a enviar a 'petição' para o partido. Sem identificação nem nada.

O Conselho de Jurisdição, para desfazer dúvidas - continua a relatar o nosso K -, cruzou informação com alguns dos supostos subscritores. Resultado: muitos negaram ter assinado algum documento ou sequer ter dado autorização para que usassem o seu nome. 

O nosso agente garante que o jovem Pedro Ortelá Drumond, assumindo-se apoiante da candidatura de Marco Gonçalves, andou a recolher assinaturas. Mas nada apurou sobre a sua eventual responsabilidade directa nas irregularidades.

Perante os graves acontecimentos, tentámos saber a que conclusões chegou o inquérito aberto pelo CJ da JSD. Sem aprofundamento, soubemos que, como era de esperar, o congresso electivo extra foi 'chumbadíssimo'. Desde logo pela falta do número mínimo - 300 - de assinaturas da petição. 

E a quem foi comunicada essa decisão do CJ? Boa pergunta! Aí está um problema: se os proponentes são anónimos, a quem contactar para indicar a decisão?

E se os proponentes-fantasmas quiserem recorrer da decisão? Nesse caso - explicam-nos - eles terão de aparecer fisicamente, assumindo a autoria das irregularidades provadas no inquérito. 

Ora, se nem é possível encontrar alguém a quem dar o direito de contraditório!...

Falava-se nas chapeladas dos tempos de Jaime Ramos e veja-se o que queriam fazer agora - diz-nos um jovem laranja, revoltado. O qual diz ser exigível aos órgãos actuais da Jota - ainda liderada por Rómulo Coelho - um recurso à Justiça, seja o MP seja a PJ, porque apresentar requerimentos à custa de assinaturas falsas é procedimento que só retira credibilidade à organização política jovem do PSD.

Parecendo que ninguém se assumirá interessado num recurso, ficam em aberto as candidaturas à sucessão de Rómulo Coelho quando do congresso de Abril. Para já, parece bem encaminhada a candidatura da deputada Carolina Silva. Tendo assumido decisões corajosas quando da sua passagem pelo CJ da JSD, como a expulsão de Zé Pedro Pereira, jovem que contava com o apoio do então chefe dos chefes, Alberto João Jardim, o nome da deputada não é, para este efeito, do agrado das cúpulas actuais do partido, interessadas numa Jota que não faça ondas internamente.

Mas nem Miguel Albuquerque nem Rui Abreu ficarão mais descansados se vingar uma certa movimentação - incluindo no Porto Santo - que tem em vista impedir a vitória linear de Carolina, propondo uma outra candidatura: a de Hernâni Gomes, actual secretário-geral da JSD. Hernâni foi figura próxima do anterior vice do GR, Cunha e Silva, e os militantes que o apoiam confiam mais nessa solução para que a Jota não seja 'pau mandado' às ordens das cúpulas de Albuquerque.

De momento, pois, o ponto da situação é o seguinte: Rómulo sai da liderança, por limite de idade; o congresso decorre na data normal, em Abril; Marco Gonçalves está fora da corrida; toma forma uma corrida entre Carolina Silva e Hernâni Gomes.