Opinião

Três vezes NÃO!

Uns pulhas atribuíram-me, e a colaboradores meus, a feitura anónima de um “blog”, cujo conteúdo repudio, em vez de, pelas vias legais, provocarem a identificação de quem o produz.

Sempre, tratando-se de Opinião, assumi as minhas posições assinando-as, o que me custa represálias, desde os instrumentos coloniais aos ódios pessoais dos que se sensibilizam com as críticas que lhes são dirigidas mas não se coíbem de ofender os outros.

Digo NÃO a tal “blog” e à falta de carácter que revelam os autores da acusação forjada, estranhando a publicidade do dito em primeira página de órgão oficioso, bem como a cópia forçada de expressões que costumo utilizar, indiciando o que tecnicamente se chama “propaganda negra”, com a vantagem simultânea de vitimização dos autores e co-autores e da responsabilização de pessoas de quem não se gosta.

Segundo NÃO para a política orçamental de Costa & Associados, tão má como a do Governo que lhe antecedeu. Mais um vez a mesma subserviência a Bruxelas e a continuação da destruição da classe média, com o erro de não relançar a Economia através do investimento público que cria Emprego e do investimento privado que também O cria e aumenta as exportações. Privilegiar o consumo é beneficiar as Economias dos países ricos onde assim iremos comprar mais, para gáudio da Internacional “Socialista”.

Portugal está num aperto interno e externo. Por um lado, gasta mais do que produz, mas as pessoas também não querem produzir mais, o Sistema político é de indisciplina cívica e com corporativismo egoísta e saloio. Por outro lado, esta União Europeia, na mão do capitalismo selvagem e ante a debilidade provocada dos Governos dos Estados-Membros que aquele controla, recusa-se a avançar para o necessário Federalismo e para políticas comuns nos Direitos, Liberdades e Garantias Individuais, nas Finanças, na Banca, na Fiscalidade, nos Assuntos Sociais e na Coesão Territorial.

Esta impotência nacional viu-se nas recentes eleições presidenciais com dez candidatos - dez!… - em que todos aceitam o Situacionismo da Constituição de 1976, daí uma discussão pobrezinha à volta dos temas mediocratizados do costume. Nenhuma alternativa ao presente estado de coisas!

O Povo soberano, uma grande percentagem, já percebeu que os Partidos são hoje a camuflagem dos Poderes secretos e financeiros que controlam Portugal; já percebeu que os Partidos estão vazios de Valores, Princípios, Ideologia; já percebeu que os Partidos foram ocupados por gente que nada tem a ver com eles e que servem a manobra da respectiva apropriação e instrumentalização.

Só que ninguém se mexe, a começar pelo resguardo burguês das Elites, quando é necessário que surja algo de novo.

É neste quadro que o Sr. Passos Coelho se recandidata à liderança nacional do PSD.

Pelo que dou aqui por reproduzido o que escrevi a 26 de Novembro último, sob o título “Para Memória Futura”.

O referido Senhor apresenta-se esgrimindo a Social Democracia com a qual nada teve a ver a sua política desastradamente austeritária, internacionalmente subordinada, socialmente repudiável, e inaceitável em termos de descentralização política.

A Social Democracia assenta no primado da Pessoa Humana sobre as Instituições Públicas. Assenta no primado do Trabalho sobre Capital e Natureza. Assenta no objectivo da concretização do Bem Comum, nomeadamente através de uma constante justa redistribuição dos rendimentos.

Claro que a maioria ululante que foi sendo inscrita no PSD, com as respectivas quotas pagas sempre por quem pode e lhe interessa, não quererá saber da linha política atrás caracterizada, ou nem a entenderá.

Aplaudindo estridentemente o Sr. Passos Coelho, dir-lhes-ão que o não aparecimento de necessárias alternativas internas se deve a uma glorificação do homem e sua côrte, e não ao facto de o jogo estar viciado. Só pensam em voltar aos poleiros da República.

Não entendem o que é um sistema político-constitucional, nem as consequências do que gramamos com os votos deles. Nem perceberão que é indispensável e possível com novos Partidos, uma alternativa sábia, diferente da actual maioria parlamentar comuno-socialista em Lisboa. Não entendem, não percebem, nem querem perceber - The show must go on.

Felizmente “há sempre uma voz que diz NÃO”!

Muitas vozes, se eu não estiver a ser ingénuo.

E dizer NÃO, sonhando ainda com o verdadeiro PSD e acreditando nas capacidades adormecidas da Nação, é não votar no Sr. Passos Coelho.

Funchal, 15 de Fevereiro de 2016

Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim