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quinta-feira, 2 de novembro de 2017


Geo-Death


Donato Macedo






Fig. 1 Google
Fomos brindados com a notícia de ontem, no Dia de Todos os Santos na última página do DIÁRIO, oriunda da CMF, sobre geo-referenciação dos cadáveres no cemitério de São Martinho, para depois ser estendido aos restantes cemitérios do Concelho. Reza assim o título: «Tecnologia vai ajudar a localizar sepulturas».

Fig. 2 Última página do DIÁRIO da edição de 1 Novembro de 2017

Conseguem imaginar um título melhor de "Halloween"?? Eu também não.
E pensei logo no romance de "terror gótico" de Mary Shelley - "Frankenstein" - se o jovem estudante de ciências naturais Victor, já dispusesse desta importante ferramenta para criar no seu laboratório o famoso monstro, certamente poderia ser mais selectivo nas "peças" que retirava do cemitério...
TRICK or TREAT? ; DOCE ou TRAVESSURA?

Nem uma coisa, nem outra. É apenas mais uma notícia avançada pela Câmara, que transmite uma idiotice moderníssima num local de culto e recato para dar um ar de "modernidade".
Mas recuemos quatro anos atrás na CMF. Cafôfo desconstruiu todo o edifício SIG (Sistemas de Informação Geográfica) a que a Câmara do Funchal era referência regional. Daí que o interesse da georeferenciação pública dos defuntos, cheira apenas a mais um "flop", no meio de tantos outros que servem o propósito de apenas marcar agenda.

Fig. 3 Google SIG do Cemitério de Arlington no Estado de VA (EUA) onde estão georeferenciados os heróis que tombaram na Guerra. ​

Talvez com a mesma origem daquela barragem no Parque Ecológico que foi avançada no DIÁRIO a 18 de Setembro, em plena campanha eleitoral, de que mais ninguém ouviu falar...

Façamos algumas perguntas: 
  • a quem interessa a geo-referenciação das sepulturas, para além dos serviços internos da CMF? Aos familiares, amigos, "vouyeurs", fãs dos "gadgets"??
  • que nível de informação vai ser disponibilizada (localização, data da inumação, exumação)?
  • há colisão com direitos de personalidade "post-mortem"?
De facto a conversa que domina a Cidade e que ocupa a maior preocupação dos funchalenses é: como encontramos os nossos entes queridos no cemitério??

Aliás, como é que esta brilhante ideia escapou a alguma proposta do Orçamento Participativo??

Fig. 4 Google "Pokémon"

Coisa distinta é pensarmos no acervo artístico e cultural que alguns cemitérios contêm entre portas, com valor arquitectónico, escultórico, etc. A relação que o nosso povo tem com os cemitérios é de recato, respeito e não duma qualquer atracção turística com visitantes de bermudas e camisas havaianas de máquina fotográfica a registar fotos.
Ou esta é apenas uma saloia ideia de desmistificar os cemitérios como um repositório da morte, duma "necrópolis"??
Não haverá nos nossos cemitérios outras prioridades verdadeiramente prementes de investimento, nomeadamente num segundo forno crematório, dado o crescimento exponencial deste método?

Bem, aguardemos a vaga tecnológica, o QUIZZ vai começar...

Fig. 5 Google    Exemplo de aplicação no smartphone​




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