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sexta-feira, 3 de novembro de 2017



Notas da incoerência política absoluta



Miguel Fonseca


1. Tenho visto críticas ao CDS porque se absteve na moção de censura do PS ao Governo, dizendo que se jogou para baixo do PSD. E que vai fazer de bengala a esse partido.
2. É bom lembrar que o CDS é o segundo partido da RAM e que o PS é o quarto, por obra e graça do mesmo promotor que se lança agora com uma nova e enésima candidatura à liderança do partido, o sempiterno Vítor Freitas.

3. Os mesmos que dizem isso do CDS propõem uma aliança entre o PS e outras forças políticas e por respeito por estas não deviam chamar de bengala ao CDS.
4. O CDS já não alinha na lógica governo oposição e não pode porque o PS, legitimamente, fez para a câmara um acordo com toda a esquerda e propõe-se fazer o mesmo para o Governo.
5. O CDS alinha na lógica Direita / Esquerda, também com toda a legitimidade, até porque é essa lógica do País, tal como a união das esquerdas.
6. Paulo Cafôfo foi eleito presidente da Câmara e tomou posse há dias. Agora a candidatura do promotor Vítor Freitas, apresenta-o, desabridamente, como candidato à Presidência do Governo.
7. António Costa interrompeu o mandato na câmara  para se candidatar a líder do PS e Primeiro-Ministro. Já tinha intenção de o fazer quando se candidatou a presidente da câmara de Lisboa? Não se sabe e talvez ele nem saiba. O que se sabe é que a vida o levou a isso.
8. Agora, tomar posse com presidente da câmara e ser apresentado já como candidato presidente do Governo são duas realidades que não podem coincidir no tempo.
9. Paulo Cafôfo é quase a única mais-valia do eterno promotor de candidaturas à liderança do Partido, e é apresentado como o melhor porque é independente e está acima dos partidos.
10. Pois bem, o que é que Paulo Cafôfo faz? Pega nessa sua mais-valia de estar acima dos partidos, que valeu para chegar a Presidente da Câmara, e coloca-a ao serviço de uma candidatura de um partido, está presente na apresentação dessa candidatura, e mantém-se silencioso enquanto essa candidatura faz da independência dele, Cafôfo, o seu grande trunfo. Confusos? Não? Eu, sim!
10. Paulo Cafôfo vai tomar posição, tal como está a fazer com o PS, em candidaturas internas do BE, do Nós Cidadãos, do JPP, e de todos os partidos que formam a coligação que o apoiou para a câmara? Abriu o precedente! Mas então onde está a sua independência acima dos partidos se se envolve na disputa interna dos partidos?
11. Critiquei e não retiro nenhum das críticas ao SG do PS-Madeira pelas críticas que fez ao então recandidato a presidente da CMF justamente porque, se ele era o candidato do partido, não podia ser o alvo do maior dos partidos que o apoiava.
12. Entretanto, agora que Paulo Cafôfo faz duas coisas que considero absolutamente incoerentes o SG do PSM mantém-se calado: deixar que o usem como mais-valia eleitoral interna na disputa interna do PS e candidato a presidente do Governo, a dias de ter tomado posso como autarca; segundo, ter-se envolvido, com a sua presença, numa das candidaturas em disputa no interior do PS. Não concordei com a algazarra da altura do SG do PSM, não entendo este silêncio agora.
Quanto a Paulo Cafôfo ou arrepia caminho ou deixa de ser o independente acima dos Partidos com que foi apresentado ao eleitorado.
NB, Nota Bene: já imagino o que dirá esse grande estadista que é o eterno promotor de candidaturas no interior do PS, onde ele se sai sempre bem e fica com a melhor parte – quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte – estão a ver como eu tinha razão, ele apoiou Paulo Cafôfo na questão do Monte, mas ele é assim é instável! Não se pode confiar nele. - Caro ex-camarada, eu não sou instável eu tenho princípios e atuo coerentemente com eles. Já o seu caso é mover-se de acordo com o poder, o poder sempre!
E tudo isto se passa com o total silêncio da opinião pública e publicada desta terra. Poder a quanto obrigas!

5 comentários:

Anónimo disse...

Há vários tipos de lideranças. Entre esses tipos há os carismáticos e os que não o sendo, e reconhecendo que não o são, especializam-se em unir e organizar vontades. O Victor Freitas já descobriu que tipo de líder pode ser, outros tentam ser líderes carismáticos sem ter carisma!

Anónimo disse...

Caro Miguel Fonseca,

Sendo da área do CDS deixe que lhe diga que fez uma excelente leitura política e que certamente é a leitura política de muita boa gente nesta nossa Madeira faz. Bem haja!

Anónimo disse...

Simplesmente vergonhosa a posição do CDS ! Revela a pequenez das suas opções, mais preocupados em servirem de bengala ao PSD em 2019 e apostarem em ir para o governo a todo o custo, sacrificando os interesses da Região pelos dos dirigentes do partido.
Haja vergonha !

João Barreto disse...

Subscrevo, na íntegra, a opinião do articulista Miguel Fonseca. A sua análise é irrebatível.
Se o CDS se prepara para ser bengala do PSD, na aludida lógica direita-esquerda iniciada pelo PS e partidos à sua esquerda (com excepção do PCP)em sede autárquica, estará apenas a responder à anunciada coligação de esquerda pela qual o "independente" Cafofo será levado, com o beneplácito do DN e empresas de comunicação e sondagens associadas, na cadeira de rodas montada por uma parte do PS, pelo BE e por uns partidozecos irrelevantes (sempre com excepção do PCP), à disputa da liderança do Governo Regional.
O Sr. Vítor Freitas, à falta de competência, conhecimentos e talento para ser mais do que intriguista político, tenta manter-se à superfície e manter, no mínimo, o seu lugarzito de deputado regional. Se passar além disso, Deus nos valha...!

Anónimo disse...

Se não pode, não pode.
Contra a censura, sempre.