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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

DELÍRIO NO LARANJAL


REGULAMENTO PARA USO DAS SEDES
DESTINA-SE A LADRÕES, BÊBEDOS E DESORDEIROS


Jaime assina sozinho o Regulamento que imaginou sozinho, redigiu sozinho e promulgou sozinho. Qual Meio Chefe, qual nada! (Foto Manuel Nicolau)

Jaime Ramos esgalhou umas normas bizarras para desencorajar os Delfins de utilizarem as sedes do PPD na campanha interna prestes a começar. É mais fácil entrar na Casa Branca do que organizar uma simples sessão de propaganda nos "espaços". Quem manda e desmanda em tudo é o secretários-geral, que encheu mais de 3 folhas A-4 com restrições aos militantes que mais parecem destinadas a uma chusma de bêbedos, gatunos e zaragateiros. E atenção que a entrada está proibida a não militantes. Jornalistas? Nem pensar! Só lendo se faz a ideia certa. É para isso que convidamos o Leitor do 'Fénix'.



O documento chama-se "Regulamento de utilização e cedência das sedes do Partido Social Democrata - Madeira" e desliza por 10 artigos subdivididos por vários parágrafos cada um deles. O primeiro aviso chama as atenções para o "presente regulamento" que "visa estabelecer as condições gerais de utilização e cedência das sedes" do PPD-M, que o documento passa a tratar por "espaços". Para logo fazer constar que as iniciativas dos candidatos serão chumbadas se forem "incompatíveis com a utilização de um bem político-partidário". 
Não percebemos cabalmente o que significa um "bem político-partidário", mas isso não interessa. O facto é que, parecendo que até aqui está tudo razoável, não é bem assim. Repare o Leitor: vamos que dá na veneta de Jaime achar que a vozearia lá dentro da sede, durante a conferência de propaganda, perturba determinado "bem político-partidário". Pois o paleio acaba logo ali, sem apelo nem agravo. Fora!
O Leitor julga que estamos a tirar conclusões exageradas? Continue connosco. Leia o que o secretário-geral escreve logo a seguir no ponto 3 do artigo 1.º e não se esqueça de reparar em quem manda: "A cedência dos espaços está condicionada pelos objectivos determinados pelo Secretariado na observância e aplicação das regras exigidas à boa conservação dos equipamentos e espaços, à imagem pública do partido social-democrata e do respeito pelas normas públicas do civismo." 
Vê? E se o encarregado da sede ou o próprio secretário-geral, se um deles estiver com dores de cabeça e achar os aplausos ruidosos a ponto de desrespeitarem as "normas públicas do civismo" e a "imagem pública do partido"? - imagem do PPD-M que, diga-se de passagem, o próprio Jaime e Meio Chefe tanto têm dignificado nestes 38 anos.



Respeitinho! Saibam os candidatos - se acaso ainda não receberam este Regulamento - que a utilização de uma sede "carece de prévia autorização do secretário-geral". Isto não é anarquia nenhuma e é preciso dirigir-se ao velho Jaime - "por escrito" - em papel entregue no 66 da Rua dos Netos. Na hora de expediente, não vale ir lá pela noite dentro passar o envelope debaixo da porta. E atenção, essa diligência tem de ser executada 8 dias antes da data prevista para o "evento". Um pormenor: 8 dias úteis.

O Leitor pode pensar que estamos a reinar com a delirante situação que se vive no maluco laranjal. Mas não, temos o documento aqui nas mãos. 


Sem assinatura de Jaime, nada feito

Mais uma para os Delfins: na súplica a dirigir a Jaime, toca a inscrever a sua identificação (do candidato), a identificação do responsável pela acção (o coordenador da campanha, presumimos), a "indicação do fim a que se destina a utilização" e a indicação do dia e hora para fazer a conferência ou lá o que for.
Não vale a pena saltar por cima destas obrigações: se no dia do "evento" chegarem à sede sem a autorização com assinatura do Jaime, voltam para trás que é um regalo, e então é seguir o conselho do sua excelência: reunir os militantes na tasca da esquina, com uns copos e uns amendoins.
Tudo isto fica ainda condicionado à cabeça da Comissão Política Regional do Partido, chefiada por Jardim. A qual, como lembra o Regulamento esgalhado por Jaime Ramos, tem direito de prioridade na utilização das sedes. Imagine que em todas as horas a que Miguel Albuquerque pede a sede do Estreito ou de Gaula, por azar o chefe Jardim tinha pensado em dar lá uma saltada para jogar uma milhada com a comissão política local. Lá vai Albuquerque para as Vides comer uma espetada ou conversar com militantes num barzinho na Cerca, Achada de Gaula. Sérgio Marques e Miguel de Sousa que não se riam, porque pode haver coincidência também nos seus 'timings' e os do seu indiscutível chefão.



Poderíamos ficar por aqui, mas não vamos omitir o melhor do latim de Jaime. A começar pelo artigo 4.º sobre "Impedimentos".

Ali fica esclarecido: as sedes não serão cedidas para iniciativas que ponham em perigo a segurança do "espaço", dos seus equipamentos e do público.

O candidato está impedido de partir pedra nas sedes


A ver se percebemos: se um candidato pretender apresentar ideias sobre a recuperação do sector da construção, não pode chegar à sede de malho e desatar a derrubar paredes e tectos, porque faz perigar a "segurança do espaço" e até do público, porque pode atingir para lá algum simpatizante com uma lasca de bloco.

E mais esta! Mais esta, senhores Delfins! Leiam a alínea b) do Artigo 4.º:
As sedes não serão cedidas para "iniciativas que apelem ao desrespeito dos valores constitucionais, do estatuto político-administrativo da Madeira e dos estatutos do PSD, nomeadamente no âmbito dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos."
É verdade que não se podia esperar outra coisa do respeitador de constituições chamado Jaime Ramos, que nisso compete com chefe Jardim. Mas há um senão: quem vai dizer se o Delfim candidato está ou não a apelar a um desrespeito dos enunciados acima? Jaime é que o vai dizer, claro. De modo que é conveniente o candidato não entrar lá dentro com uma pastinha da Blandy ou acompanhado por algum militante da Madeira Velha - porque essas práticas na cabeça do Jaime Ramos podem configurar um desrespeito a qualquer vaca sagrada.


Se algum militante der uma palmada, paga o candidato


Capítulo das "obrigações dos utilizadores". As candidaturas, manda Jaime, não podem ultrapassar a lotação que estiver determinada da sede... em lugares sentados. Se Jaime mandar meter lá 7 cadeiras, assistem 7 militantes e o resto segue o debate por sms, no meio da rua. É uma caricatura para se perceber na mão de quem está a coisa toda. 

É que, explica o documento, não se deve pôr "em risco a segurança de pessoas e bens". E sabe-se o que pode acontecer se houver cadeiras a mais ou umas pessoas de pé, que podem escorregar e estender-se ao comprido lá para dentro. É melhor prevenir, porque o diabo tece-as.
Muito cuidado também no caso dos militantes com acesso à sessão. Se os ladrões que estiverem entre eles furtarem algum material da sede, quem paga é a candidatura. Assim como é a candidatura que paga qualquer gasto adicional.

Copofonia é na rua!

A malta laranja da copofonia também não pense que terá nas reuniões de propaganda interna uma desculpa em casa para tomar uma bebedeira extra. Se quiserem enfrascar-se, é antes ou depois da sessão. Porque Jaime explica muito claramente esse ponto: é proibido levar bebidas ou alimentos para o interior dos "espaços". Nada de andar para dentro e para fora, do bar para a sala da conferência, da sala da conferência para o bar, com bandejas de imperial ou vinho, tremoços e pires com dentinhos de coração e bofe. Essas coisas, pela sua configuração, como escreve Jaime, podem "danificar o equipamento ou as instalações ou ainda pôr em causa a segurança de pessoas e bens". 
Achamos que aqui Jaime esteve bem. A malta, mesmo séria, sem beber, quando teima na questão das candidaturas é de comerem-se vivos uns aos outros, então com uns copos! Vejam os comentários nos blogues. Lembrem-se do pé-de-vento lá em cima na Herdade, o Cândido com o Elmano, pessoas até pacíficas e cordatas.
Mas, para ninguém dizer que não sabia, está lá na alínea b) do Artigo 6.º: é proibido "comer, beber, fumar no interior dos espaços". 

Camaleões e ratazanas não entram

Os cuidados de selecção vão ao ponto de a alínea c) do mesmo artigo proibir... Proibir o quê? Nem mais: "A entrada de animais."
Não temos carta branca para fazer interpretações no ar, mas calculamos que Jaime não esteja a chamar cachorros aos militantes. Ele deve estar a dirigir-se mais às cobras, camaleões, macacos de imitação, ratazanas e bichos similares que enxameiam a troupe de militantes do PPD-Madeira. É ele a dizer.
Há outras castas com entrada proibida: os imbecis, traidores e maçónicos que dão pela designação de "não militantes" e a comunicação social.
A candidatura quer colocar adereços para animar a conferência? Pois não pense em "perfurar, pregar, colar" ou talvez encostar-se às paredes sem autorização prévia de Jaime. Autorização por escrito.
E depois qualquer comportamento que afecte o normal decurso do evento, prejudicando instalações e pessoas, rua! Basta Jaime estar nas redondezas e entender que um olhar mais atravessado do orador pode provocar m... e a coisa fica por ali. Todos para o bar da esquina.


Tudo devidamente controlado por 'bufos'

Só para terminar esta peça disciplinar que em nosso entender deve seri nscritas nos já riquíssimos anais do Laranjal madeirense, diga-se que o presidente da comissão política de cada freguesia mais outros elementos responsáveis locais presenciarão toda a montagem e instalação de materiais para o evento, "supervisionando, orientando e fiscalizando" a operação toda, "desde que não perturbem o normal desenvolvimento das actividades em curso". Nem precisam de perturbar. Só têm de, aqui e ali, fazer uma ligação para Jaime e Jardim, dando conta do que se faz e diz na candidatura em questão.  
Já se falou das bebedeiras que Jaime não permitirá lá dentro. Mas o secretário-geral volta à carga em cima dos militantes. É que há uns que, mesmo sem beber, são umas boas rolhas. Uns zaragateiros. O artigo 7.º é dedicado quase todo a esses cavalheiros. 

Nada de baralho ou esquemas esquisitos lá dentro


Em resumo, o ponto 3 desse artigo avisa que se forem para lá "desrespeitar a tranquilidade pública", é expulsão imediata e mais nada. Isso ou usar a sede para "práticas ilícitas e desonestas". Não vale a pena levarem o baralho para fazer uns dinheiros extras à pala dos patinhos que forem ouvir o candidato. Nem pensem em esquemas furtivos lá para dentro numa arrecadação qualquer, porque, se são apanhados, olho da rua e escândalo divulgado no face.

Porra, Jaime pensou em tudo!
Terminamos em beleza: publicitar as sessões de campanha, com recurso a cartazes e afins dentro da sede, só com autorização do patrão do partido, Jaime Ramos. 
E esta, enfim: os casos omissos ficam todos ao critério... de quem, se não do inevitável Jaime? Em caso de dúvida, Jaime proíbe a campanha e chapéu.
Os militantes, cambada de bêbedos, batoteiros, ladrões, zaragateiros e traidores - a acusação é feita no Regulamento de Jaime - alimentaram este mundo louco no decurso das últimas décadas. Agora aguentem-se.



6 comentários:

Miguel Pinto-Correia disse...

Toda e qualquer semelhança com a República Democrática Popular da Coreia é mera coincidência.

Anónimo disse...

o Jaime nos seus delirios finais, mas o mais grave é que Miguel Albuquerque não se demarca destas posições nem deste Secretário Geral.
Sergio Marques propôs a constituição de uma comissão eleitoral integrando elementos de todas as listas e independentes do Secretariado.
Vamos ver se Miguel Albuquerque concorda e logo vemos o seu posicionamento relativamente a Jaime Ramos e ao Secretariado

Jorge Figueira disse...

Já viu no que deu um exército assente num ex-Cabo Cripto e um General de aviário? Ainda bem que não passei de Alf. de aviário!
Gostei imenso do respeito pela Liberdades e Garantias do Cidadão. Jorge Figueira

Anónimo disse...

Olá Sr. Calisto.
Não sei se é do meu browser ou se é mera azelhice minha, mas só consigo ter acesso à última página do "Regulamento". Será que podia publicar o dito na íntegra por forma a todos possamos "embasbacar" perante a cultura democrática de J Ramos? Nós, os pata-rapadas agradecíamos. Obrigado.

Luís Calisto disse...

Os Leitores mandam.
Já lá vai o engraçado Regulamento.

Anónimo disse...

O comentador das 16,31 pergunte ao Sérgio como funcionava às sedes da comissão de freguesias quando trabalharam todos com um único propósito ...o próprio ser eleito ao Parlamento Europeu por dez anos.
Será que ele se lembra dos elementos dessas comissões politicas que trabalharam com afinco ,e dedicaçao
Com esse propósito.