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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

EX-RUA DO SURDO


CARLOS CÉSAR DÁ MÃOZINHA
NA PERICLITANTE INVESTIDA DE BERNARDO











A campanha intensifica-se





Bernardo Trindade, já o dissemos, persiste no seu estilo muito próprio das meias palavras, vacilante, e é ao ritmo da hesitação que aflora a intenção de se candidatar à liderança do PS-Madeira, aproveitando a embalagem das eleições primárias no partido nacional. Mas o processo mobilizador ganha nitidez com mais uma entrevista afim no DN de hoje, esta com o antigo presidente do governo dos Açores, o socialista Carlos César, nada menos do que o mandatário nacional da candidatura interna de António Costa.
César afixa o rótulo de 'apparatchick' ao actual presidente dos socialistas madeirenses, Victor Freitas. Ou seja, Victor é um homem que percebe das diligências de bastidores no partido mas que, falando-se de política mais abrangente... para candidato a presidente do governo é melhor ir buscar alguém que perceba do mundo empresarial e da gestão de finanças públicas. 
Se Carlos César entende que um 'apparatchick' constitui hoje "um factor de doença dos partidos políticos", já que ficar-se pelos "talentos em aparelhos partidários" não é inteligente - e não é -, também não percebemos se o entrevistado considera mesmo que a candidatura regional que pretende promover nada em conhecimentos de gestão das finanças públicas, e mesmo nos meandros do mundo empresarial. 
O problema existe. Há correntes no PS-Madeira que não acreditam no candidato Victor Freitas à presidência do governo. Não vale a pena negar. E é uma opinião válida. Como é legítima outra opinião, favorável à presente liderança, segundo a qual todos os militantes tiveram a oportunidade na hora certa para se apresentarem à disputa interna e não compareceram.
Carlos César veio em reforço de Bernardo Trindade, interferindo como dirigente nacional com responsabilidades num processo político regional. Mesmo dizendo que não deve "opinar sobre a matéria".
Cabe aqui recordar que uma das terríveis pragas que mais contribuíram para o PS nunca chegar perto de ser alternativa na Madeira foi precisamente a subserviência relativamente aos Pêesses caviares da capital. Uma submissão doentia, uma reverência, uma veneração ajoelhada de fazer enjoar um madeirense normal, com gostos políticos ou não. Sempre umas vénias àquelas sumidades do Rato que, enfim. 
O PPD-Madeira pegava nessa política de genuflexão instalada na (então) Rua do Surdo e, claro, 'partia' os dirigentes socialistas em mil pedaços, como depois se via nas eleições.
Das ajudas de que nos lembramos dos socialistas de Lisboa aos camaradas madeirenses, lembramo-nos do perdão de uma dívida de 150 milhões de contos (contos!) ao governo de Jardim, para o PPD continuar a sua política dominadora à custa do cimento, alcatrão e subsídios para o povo todo. Obrigado, Guterres, disseram na altura os madeirenses que desejavam ver pelas costas os trogloditas do Laranjal.
Vem-nos à ideia outro auxílio de lá para cá: os ministros socialistas que vinham à Madeira elogiar a obra do PPD jardineirista e oferecerem a Pereira de Gouveia e demais secretários regionais a vantagem de serem os arautos de obras a implementar na Região à custa de dinheiros nacionais. 
Hilariante, mas verdadeiro.
Isto, é claro, para não falar na ajuda de Jaime Gama ao PS-Madeira, com os célebres elogios ao ex-Bokassa madeirense. 

Uma última nota para confessar um juízo mal feito da nossa parte, há muitos anos.
Em tempos que já lá vão, Carlos César deu-nos a honra de uma entrevista em Ponta Delgada, mostrando-nos amavelmente a acanhada sede do PS-Açores de então. Na ocasião, duvidámos que o PS de lá fosse diferente do de cá, isto é, que ganhasse eleições mesmo depois de Mota Amaral sair. Dissemos a César que um partido na oposição insular dificilmente conseguia manter quadros na militância. César apontou para umas prateleiras ao alto e disse que ali estavam centenas de fichas de militantes com formação superior. Para concluir que dentro de um par de anos seria ele o presidente dos Açores.
Não acreditámos. Em Carlos César, apesar de bem falante e competente, estávamos a ver apenas o 'aparatchick' que ele era na realidade. Na altura, ele era, efectivamente, o homem do aparelho do PS-Açores. 
Enganámo-nos redondamente. Mas, depois disso, tivemos ocasião de o reconhecer. Foi há anos quando ele veio a Câmara de Lobos ver o seu Santa Clara comemorar a subida à I Divisão. Mas também lhe dissemos na oportunidade que ele chegava ao poder nos Açores porque sempre rejeitou interferências do exterior. E ele concordou. Não sabemos é se se lembra disto tudo. Mas algumas destas passagens estão impressas nos arquivos do DN.

5 comentários:

Miguel Pinto-Correia disse...

A pseudo-entrevista do pseudo-político Carlos César tem muito que se lhe diga: http://tinyurl.com/khk9jz3

Anónimo disse...

Carlos Cesar limitou-se a constatar o obvio , um partido ganha-se com favores e controlando o aparelho , como fez o então secretario geral , Vitor Freitas , agora ganhar eleições regionais já não está ao alcançe de um burgesso qualquer

Fernando Vouga disse...

Caro anónimo das 08:21

Muito bem observado!

Anónimo disse...

Sou o comentador das 8,21 e há poucos dias comentava ser impressionante que o líder do PS tivesse comportamentos eticamente muito piores do que aqueles tidos por dirigentes. Do PSD , quando uma das pessoas com quem falava me disse que um porco de barriga vazia e muito mais sôfrego que um de barriga cheia. Creio que está tudo dito sobre uma pretensa mudança .

Anónimo disse...

o Vitor Freitas é o tal gajo que por dá cá aquela palha , propõe logo mais um subsidio para os Sousa?