Powered By Blogger

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Diocese 500 anos



DILATANDO A FÉ CRISTÃ - PARA A HISTÓRIA DA DIOCESE DO FUNCHAL

SÉ DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

Exterior da Sé de S. Tomé e Príncipe.

Texto e fotos de Manuel Nicolau

Por razões profissionais, visitei em 2003 aquele país quente e húmido da linha do Equador que dá pelo nome de São Tomé e Príncipe. Por razão de fé e investigação, entrei naquele templo sagrado, a Sé de São Tomé, sendo bem acolhido por um padre madeirense de nome José Mateus de Freitas Alves, que bem longe da sua terra exercia a sua nobre missão de evangelizar aquele povo. 
Ao manifestar o desejo de fotografar as pratas existentes naquele templo, ele foi perentório: outrora havia muitos objectos em prata. Resta fotografar os poucos que escaparam ao saque dos soldados cubanos, logo após a independência do País. Os cubanos estiveram lá para prestar ajuda sanitária ao povo santomense.

A Diocese criada em 1514 fazia parte da Diocese do Funchal. D. Abílio Ribas, hoje bispo emérito, esteve mais de 25 anos ao serviço da mesma.

O clero madeirense levou a fé cristã e na sua bagagem a cultura e a agricultura. Foram os madeirenses que introduziram as primeiras plantas de cana-de-açúcar naquele país, realidade que ainda hoje é visível por toda a parte. Visitei quase todas as antigas roças, onde existem pequenos engenhos, os chamados trapiches de moer a cana-de-açúcar para fabrico da cacharamba, uma espécie de aguardente. 
Nessas roças de má memória para o povo santomense, encontrei algumas pessoas que me contaram estórias, relativas àquela época, de pôr os cabelos em pé. No tempo colonial, em plena evangelização, aquele povo era escravizado. Onde estava a Igreja evangelizadora e libertadora dos povos na época, que tanto defende hoje o Papa Francisco?

Os madeirenses apostam forte neste ainda jovem país de grande futuro turístico. Fomos encontrar no Ilhéu das Rolas, pequena ilha afastada  da ilha principal a cerca de 15 minutos de barco, um empreendimento hoteleiro, o Pestana Resort. 
Numa pequena capela do mesmo ilhéu, também encontrámos uma escultura de madeira, um São Francisco Xavier em tamanho natural. Uma autêntica preciosidade a precisar de restauro. Neste local paradisíaco, com praias de areia branca, todos os anos cinco das sete espécies de tartarugas existentes no mundo vão pôr os ovos. No ponto mais elevado do mesmo ilhéu, lá está o marco instalado pelo grande navegador português Gago Coutinho, a assinalar a divisão dos dois hemisférios, Norte e Sul. 
A presença portuguesa é bem vincada em S. Tomé e Príncipe, destacando-se figuras de vulto como Almada Negreiros, o grande pianista e compositor Viana da Mota, pintores, escultores, e outros artistas de renome.



Uma das peças que escaparam ao saque dos soldados cubanos na Sé de São Tomé e Príncipe após a independência.


Cadeirão encimado com o escudo português, vestígio do poder colonial, onde D. Abílio Ribas (bispo emérito de S. Tomé e Príncipe) exerceu o poder durante 25 anos.

Interior da Sé de São Tomé e Príncipe.

Manuel Nicolau no Ilhéu das Rolas, sobre a linha divisória dos hemisférios, assinalada por Gago Coutinho, à sua passagem por São Tomé.
Nativos santomenses trituram a cana-de-açúcar para a destilação no fabrico de aguardente.


2 comentários:

Anónimo disse...

O padre que acusou os cubanos de saque ter-se-á lembrado que essa prata, enquanto matéria prima, terá sido saqueada lá nas américas (México) com o beneplácito da igreja e com mão de obra escrava?!

amsf

Fernando Vouga disse...

Caro senhor ams

Talvez seja altura de o governo de S. Tomé mandar escrever também uma obra de investigação com o título de "O Deve e o Haver".
Como se sabe, o resultado é garantido...