PERGUNTA 'SUI GENERIS'
APOQUENTA O ELEITORADO
Fado corrido: quanto mais me bates... |
Bem sabemos que Passos Coelho e Paulo Portas têm aqueles ombros e aqueles ouvidos feitos num oito, de tantos empurrões e insultos na campanha de rua que andam a fazer. Mas deviam ter mais tento na língua com o que lhes escapa da boca, não apenas quando, armados em rufias, vão enfrentar a populaça descontente, mas também quando precisam de se pronunciar nos curtos instantes em que fazem de governo.
Assim de passagem, ouvimos há minutos o nosso primeiro dizer para os microfones: Portugal é o país que mais cresceu no emprego.
Nesse caso, atalhamos nós, Portugal também é o país que mais cresceu nos aumentos salariais. Ainda esta manhã ouvimos uma conversa no café em que um indivíduo, com cara de social-democrata ressabiado, dizia para um elemento do Stablishment Azul: A partir do próximo mês, vou ter um salário 100% mais alto. Eu estava desempregado e do zero passo para 350 euros por mês. Pagos por trás da cortina, claro.
Agora a sério, julgamos que amigo Passos anda a caçoar com o pagode. O que ele queria dizer é que Portugal é o País que aumentou mais no trabalho... no trabalho que compete diariamente a cada funcionário empregado. Muitos são despedidos do posto laboral. Então, os que ficam têm de confirmar a norma posta em vigor pelo neo-liberalismo dos tubarões: fazer mais com menos.
Assim mandou a Troika - essa serpente de 3 cabeças que o bloco de extrema-direita PSD-PP e a formação de centro direita socialista agora dizem não conhecer de parte nenhuma. Cada um desses concorrentes às eleições atribui ao rival as culpas de a Troika ter vindo para cá, alegando que não mandavam nada em Portugal.
- Ambos têm razão - intromete-se camarada Jerónimo - Ambos têm razão porque de facto foi a Troika que entrou por aí dentro com a papinha feita e mastigada e obrigou toda a gente a comer o seu cozinhado. E ambos, PS e a direita, assinaram de cruz, coitados.
Ora, Jerónimo fala bem: ambos têm razão. Fala bem, mas não pelos motivos que o descendente de Lenine aponta. Ambos têm razão ao acusarem o adversário pela vinda da Troika porque foram ambos a trazê-la. Uns convidaram-na e outros abriram-lhe a porta.
Não foi assim?
Campanha mais rasca.
Valha-nos a excepção, Catarina Martins, que vai descobrindo as carecas aos cabeçudos do sistema. Ontem mesmo, coube a vez ao socialista de centro-direita António Costa. O PS tem prometido congelar os cortes nas pensões, ao contrário do perigoso Passos, que as vai aumentar descaradamente. Mas perguntou Catarina do Bloco na cara de Costa: Então congelar as pensões mais uns anos não é reduzir as pensões? Com a electricidade a aumentar, os transportes e a saúde...
Desta vez o eleitorado vive uma angústia 'sui generis', na ânsia de não arranjar mais lenha para se queimar durante 4 anos. Agora, não se trata de escolher o partido que merece confiança. Trata-se de acertar num momento delicadíssimo: em quem é que não devo votar?
2 comentários:
Agora é que disse tudo, Calisto: em quem é que não devo votar?
Na minha opinião, nestas eleicoes deve se votar num partido que tenha hipóteses de eleger deputados, e que nao tenha hipóteses de fazer parte do Governo.
Se nenhum dos suspeitos do costume tiver a maioria absoluta na Assembleia, será muito mais difícil e improvável que nos lixem!
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