Despacho atinge RTP-M

MIGUEL SAI DE SUBDIRECTOR DO CENTRO

E FICA EM COMISSÃO DE SERVIÇO

Miguel Cunha já não pode usar a voz grossa de subdirector da Levada do Cavalo. O CA de Lisboa começou a fazer-lhe a 'caminha' por fases e mantém-no à frente dos conteúdos, mas em comissão de serviço. O despacho está feito 'à Gonçalo Reis', isto é, de modo a que não se perceba nada daquilo 

Depois de tanto estudar e queimar as pestanas, o Conselho de Administração da RTP mandou para os trabalhadores da estação pública na Madeira um despacho despachando Miguel Cunha do cargo de estrutura que lhe tinha sido atribuído: o de subdirector do Centro Regional.

Segundo reza o despacho - tão equívoco como os que saíram anteriormente sobre esta mesma matéria da estrutura da RTP-M -, Miguel Cunha continua a desempenhar funções ao nível de liderança de conteúdos, mas agora em regime de 'comissão de serviço'.

Ou somos burros, ou Gonçalo Reis continua como sempre foi: uma figura ziguezagueante que vai andando à sombra do que lhe aparece em cima da mesa e assim governa a sua vidinha mesmo estragando a dos outros.

Reparemos no que diz aquilo hoje. 

O despacho do CA "confirma no exercício do cargo" Martim Santos como "director" e "gestão financeira e administrativa" - "em acumulação". O Português é mesmo assim, tipo acordo ortográfico para o Pantanal brasileiro. E depois outros quadros são confirmados "no exercício do cargo": o Renato Nunes nas operações, o Paulo Jardim na Informação TV, o Filipe Ramos na Informação RDP, nos programas A1 e A3 fica o Carlos Pestana. 

E depois a bonita peça dos mangas de alpaca da RTP Lisboa traz isto:

"RDP Madeira, em acumulação, Miguel Cunha."

"RTP Madeira, em acumulação, Miguel Cunha."

RDP Madeira o quê?

RTP Madeira o quê?

Ele... mantém-se nos cargos? Com que título hierárquico e com que funções? As mesmas? E quais eram, senhores?

Santa paciência.

Mas nem tudo está perdido. Vamos ao ponto 2 do baralhado despacho. Aí lê-se que o CA decidiu proceder às seguintes nomeações:

Conteúdos de programação e de informação: subdirector, o nosso amigo Miguel Cunha. Supõe-se pelo arrazoado de Gonçalo, ou do contínuo da Gomes da Costa que o escreveu, que Miguel continua em subdirector de programação e informação da TV e da rádio. Porque lá não diz nada. Suponhamos, pois. Mas, diachos, um pouco abaixo, outro item especifica: "programação TV, autopromoções, em acumulação, Miguel Torres Cunha."

...Da-se!

Toda esta barafunda propositadamente para os homens escrevinharem no fim do despacho, a ver se ninguém repara: 

"Fazer cessar do cargo de estrutura que vinha exercendo no anterior Centro Regional da Madeira o seguinte trabalhador: Miguel Henrique Torres Cunha (anterior subdirector do CRM)."

Mau! "Vinha exercendo no anterior Centro Regional"? Agora há um novo Centro Regional? Ah, se calhar é este novo 'Canal Espetada' dos arraiais.

A Produção TV compete ainda a Miguel, que, se pensava livrar-se de mais encrencas com os sujeitos de Lisboa, ainda apanha com o último ponto do despacho - maldito ponto '4': "As funções para as quais foram nomeados os trabalhadores referidos no presente despacho serão exercidas em regime de comissão de serviço."

Um 'cartão amarelo' para Miguel, se é que entendemos alguma coisa do Despacho assinado por Gonçalo. Miguel deixa de ser subdirector da casa e vai continuar a mandar nos conteúdos, mas sem os galões que o 'sub' lhe dava. E sujeito, claro, a ouvir dos trabalhadores um 'vai à fava que eu ouço bem'.

Pior para ele é que poderá ouvir também, de um momento a outro, a Gestão lisboeta segredar-lhe: Amigo, é hora de acabar com o embuste da comissão, vai pensando num barquinho à vela.

Ao falar de 'comissão de serviço', o CA abrange Martim Santos no concernente a funções que lhe descrevem no despacho: 'Arquivo e Documentação'. Sim, parece que deu na cabeça ao director Martim meter-se no Arquivo para atrapalhar o trabalho do Renato e do Bruno, se é que estes dois nossos amigos ainda se encontram lá suportando os pára-quedistas dos patrões.

Estes despachos indecisos e periclitantes jogam em total harmonia com o esquema enigmático que um dia levou a estrutura Martim-Miguel à Levada do Cavalo, sob o signo da confusão e do pasmo. Não se percebeu minimamente então - nem nunca se percebeu - o critério das escolhas. Muito menos se entendeu a orgânica híbrida das funções ao nível de direcção.

Aquilo, primeiro, eram dois directores, um para somar as despesas e o outro para marcar serviços a jornalistas e a produtores. Claro que a impensável fórmula bateu contra a parede. Então, os tipos do Gonçalo Reis estudaram aquilo, em sintonia com Luís Miguel de Sousa - o grande educador da classe televisiva da Madeira - e chegaram ao modelo de um director nas contas e de outro que era director de conteúdos sem ter acima de si um director de conteúdos, a não ser que o das contas também fosse de conteúdos. Só que Martim sempre disse, e bem, que disso não percebia puto. Nunca ouvimos com clareza: subdirector para os conteúdos.

E é num serviço feito no meio desta bagunçada, patrocinada por Lisboa, aliás, que se gastam 10 milhões de euros anualmente - contas por baixo, porque só de serviços outsourcing ainda vamos vender a Quinta das Angústias para pagar aquilo, e não chega. 

Vejamos se agora, com o despacho de hoje, ficou tudo mais claro:

Martim continua director a fazer contas, com umas saltadas ao Arquivo para dar cassetes gravadas aos jornalistas que vão montar as peças. 

Miguel continua com o cortejo trapalhão à sua responsabilidade, mais o plano de cobertura dos arraiais de Verão, o rali, os noticiários e os apontamentos dos jogos de futebol em directo para a Antena 1-Lisboa, como no Nacional-Académica, com a sua própria voz, em que deu para o País uma péssima imagem dos relatores da Madeira. Mas o que se há-de fazer...

Isto de o Miguel ficar em comissão de serviço é perigoso para ele. Mas Lisboa já não podia ouvir as queixas das Angústias, que por sua vez já não podiam ouvir as queixas dos trabalhadores da Levada do Cavalo contra Miguel.

Por falar em relatos de futebol, mais uma dica lá para cima. Quando Miguel Cunha fizer outra vez o papel de repórter num estádio qualquer da Madeira, em directo, ele que, antes de uma das suas sonoras gargalhadas, grite a plenos pulmões como só ele sabe fazer: "O futebol são 11 contra 11 e no fim ganha o Luís Miguel de Sousa!"