Em solidariedade para o sr. José Manuel Coelho e frontalmente contra a pesada sentença que lhe foi aplicada, envio para publicação no vosso blogue o meu testemunho por escrito no âmbito desse processo, que felizmente vai cair no Continente, graças à jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, o qual Portugal subscreveu e prometeu cumprir.
Gil
da Silva Canha
Rua de S. João, 63, Bloco B, 4º C
9000-190 Funchal
Contr. 178013145
Tribunal
Judicial da Comarca da Madeira
Juízo
Central Criminal do Funchal – Juiz 2
Assunto: Testemunho
por escrito, Proc. 854/10.2TAFUN
Gil da Silva
Canha, solteiro, filho de Luís
Gonçalves de Canha e de Maria Inês Lopes Silva Canha, portador do C.C. nº
06077367, válido até 17/09/2019, vem por este meio apresentar o seu testemunho por escrito, e sob o
compromisso de honra que disse a verdade, no âmbito do processo em
epígrafe, e em resposta às perguntas da Exma. mandatária Dra. Carla Camacho:
1. Se conhece o
ora arguido José Manuel da Mata Vieira Coelho?
Conheço há muitos anos
2.
De onde?
Um dia que não sei precisar, foi ao meu escritório fazer uma
delação sobre uma rusga que lhe tinha sido feita na sua residência, pelo sr.
Procurador da República de então.
3.
Qual o seu partido político, bem como
se sabe, qual o partido político do arguido?
O meu partido político era o Partido Nova Democracia (PND) -
entretanto extinto - o do sr. Coelho, atualmente, é o Partido Trabalhista
Português (PTP).
4.
Se consegue contextualizar a forma
como era realizada a política, sobretudo nos anos de 2011 a 2015?
Nesses anos, a política na região, graças ao regime musculado
do Dr. Alberto João Jardim, era dura, com fortes ataques pessoais, insinuações,
ofensas, calúnias, onde havia um controlo muito subtil dos órgãos de
comunicação social, em que o regime era intolerante a qualquer crítica, onde
havia o recurso constante a processos em tribunal por parte do poder instituído
(muitos desses agentes governamentais tinham imunidade política e recorriam a
dinheiros públicos para intentarem ações judiciais contra os críticos do
sistema), como o objetivo de amedrontar, intimidar e fazer “sangrar” financeiramente
o opositor com custas judiciais e honorários de advogados, e fazer cansar por
constantes idas a tribunal, muitas vezes por questões de “lana caprina”, e
assim atemorizar, subjugar, e vergar o adversário político. Quando essas técnicas de repressão não eram
suficientes, o regime passava para a violência. No meu caso fui agredido duas
vezes, (tenho por esse efeito uma deficiência no polegar da mão esquerda), eu e
a minha família fomos vítimas de atos terroristas, tentaram incendiar um
estabelecimento comercial que explorava, incendiaram dois carros e por duas
vezes, destruíram a pintura, pneus e vidros de viaturas minhas e da minha
família, factos que foram amplamente divulgados pela comunicação social. Esses
atos eram praticados por ex cadastrados, ligados a membros da Juventude Social
Democrata da altura (era uma espécie de grupos-de-choque do regime), e até um
guarda prisional foi apanhado e condenado por praticar alguns desses crimes.
5.
Qual era o clima político vivido na
Região Autónoma da Madeira, nos anos supra mencionados?
Penso que já respondi à pergunta. Mas volto a frisar, que a
forma despótica e antidemocrática como o regime usava o seu poder, era no fundo
legitimada pelas eleições. Foi graças a vitórias absolutas nas urnas durante 40
anos, que o regime foi ganhando tiques totalitários e uma áurea de impunidade
total. Obviamente, que só uma região atrasada, afastada dos grandes centros
civilizacionais, e vítima de anos e anos de ostracismo, exploração, crises
graves de subsistências, cristalização política por parte do poder central, é
que suporta e elege durante anos consecutivos um regime desta natureza. Por exemplo, entre os povos da europa do
Norte de matriz anglo saxónica era completamente impossível a manutenção dum
regime deste cariz e durante um período tão longo.
6.
Se em algum momento, participou
conjuntamente com o arguido no jornal “o Garajau”?
Sim.
7.
Se sim, quais as funções que ambos
desempenhavam?
Fomos ambos diretores da publicação, juntamente com o Doutor
Eduardo Welsh.
8.
Quem detinha o controlo do conteúdo
editorial deste jornal?
Era eu e o Doutor Eduardo Welsh
9.
Mais, se alguma vez acompanhou o ora
arguido nas suas diligências políticas?
Sim, o sr. José M. Coelho acompanhou as ações politicas do
PND, numa altura em que eu era também simpatizante desse partido.
10. Acha que as
questões suscitadas pelo arguido tinham ou não tinham interesse político
relevante?
Obviamente que sim. Erámos tão poucos a fazer frente ao
regime, que a nossa ação tinha uma importância fundamental para fazer despertar
a consciência cívica dos cidadãos. É preciso não esquecer que a violência
exercida pelo regime era de tal forma implacável e dura, que por si só, também
se tornava legitima qualquer resposta mais contundente, até a raiar a ofensa, o
que aconteceu em muitos casos.
11. Se pretendiam
atingir pessoas, ou tinham uma finalidade objetivamente política?
A finalidade era atacar o sistema, obviamente, que o sistema
é montado por pessoas, não por extraterrestres. Se atacamos e condenamos o
nazismo e o estalinismo, também é normal que ataquemos pessoalmente Hitler e
Estaline. Por isso, é aceitável que se
faça ataques pessoais, se essas pessoas são agentes da repressão e se praticam
na nossa opinião, atos ilegais no âmbito do Estado de Direito.
12. Uma vez que
esta testemunha está arrolada para o apenso F. se conhece a Dra. Maria Gameiro,
procuradora da República, junto do Tribunal da Comarca da Madeira?
Conheço bem, aliás, quando foi colocada na Madeira, o meu pai
alugou-lhe um apartamento.
13. E se sabe quem
é o Sr. Fernando da Mata, assessor do então presidente da Câmara Municipal do
Funchal, Dr. Miguel Albuquerque?
É o marido ou companheiro da Dra. Maria Gameiro, não sei
precisar. Mas era uma pessoa muito próxima do sr. Presidente da Câmara, e
acompanhava o sr. Presidente para todo o lado, até para convívios de âmbito
privado, juntamente com a esposa/companheira, Dra. Maria Gameiro.
14. Se se recorda
das afirmações veiculadas pelo arguido, no que concerne à casa da Dra. Maria
Gameiro, situada, segundo este, no Parque Natural da Madeira, zona onde não é
possível construir?
Recordo-me bem. Um dia encontrei o sr. José Manuel Coelho na
rua (na altura ele já era do PTP) e como é seu hábito, o sr. Coelho começou a criticar
a justiça. Eu disse-lhe que devia tomar cuidado com as críticas, porque fazia
mal em generalizar, referi-lhe que em todas as instituições existem bons e maus
profissionais. E que nas dezenas de queixas e processos que tivemos por causa
do jornal o “Garajau”, houve magistrados que não acompanharam as acusações e
nos absolveram, e houve outros, que nos fizeram vida-negra, graças ao
“compadrio”, à promiscuidade, e à excessiva familiaridade com certas figuras e
caciques do regime jardinista, que lhes concederam benesses e favorecimentos,
conforme se iam imiscuindo e se envolvendo no meio ao longo do tempo. E foi
nessa conversa que veio à baila o nome da Dra. Maria Gameiro e a casa que a
senhora construiu em zona florestal, um caso raro, um privilégio só reservado
aos muitos influentes, e que me lembre, o segundo caso de construção em espaço
florestal após o 25 de Abril de 1974. (O primeiro caso, foi dum ex coordenador
florestal de um departamento do Governo Regional da RAM que construiu uma
moradia abaixo do Chão dos Louros, no concelho de S. Vicente)
15. Do que se
recorda relativamente a esta situação?
Na conversa que tive com ele, lembro-me de lhe dizer que ele devia
separar o trigo do joio e não confundir a nuvem com Juno. E se ele queria
apontar algum mau exemplo devia subir à serra e ver a casa que tinha sido
ilegalmente construída pela Dra. Maria Gameiro num espaço descrito pelo Plano
Diretor Municipal ( PDM 1995) como Zona
de Mata de Resinosas e Folhosas, com um regime de restrições e
condicionamentos muito apertados, nomeadamente o seu Artigo 78º (na altura,
além de líder duma associação ambientalista era também vereador sem pelouro, na
CMF, por isso conhecia bem as diretrizes do PDM), que não permitia a
edificabilidade de uma moradia naquelas condições, naquele espaço, e para um
fim contrário ao que era exigido por lei. Em jeito de brincadeira, até disse ao
sr. Coelho que - por enquanto, e que eu saiba, a criação de cães não tem nada a
ver com exploração florestal, nem com infraestruturas de apoio à gestão florestal,
agroturismo, nem muito menos, a moradia da magistrada alguma vez serviu para
dar apoio a alguma exploração agroflorestal ou para instalação de um ponto de
vigilância de combate a incêndios florestais.
16. Face à
situação descrita pelo ora arguido, acha que essa informação poderia ser
reportada como verdadeira?
É verdadeira e é de grande interesse público a sua denúncia,
pois demonstra até que ponto certos magistrados na região foram capturados pelo
poder político e continuem por aí impunes, e a criar entre os cidadãos um
sentimento de descrédito pela forma como é exercida a justiça na nossa região.
17. Acha que esta
informação veiculada para diversos meios de comunicação, teria ou não teria um
interesse meramente político?
Na minha opinião, não tem só interesse político, como também
tem grande interesse para a nossa comunidade em geral. A denúncia pública
destes casos aproxima-nos da Europa evoluída e civilizada e é de grande
interesse para se acabar com os arranjinhos, os vícios, os pequenos jeitos e o “dá
aqui e recebe ali” muito comum na nossa sociedade latina. No fundo, as
denúncias destes casos ajudam-nos a combater a corrupção, a defender a ética e
a moral republicana e a extirpar certas metástases cancerígenas que assolam e
arruínam o nosso aparelho judicial. Aliás,
o próprio caso da ex agente de execução Maria João Marques, denunciado pelo sr.
José M. Coelho, é também um bom exemplo daquilo que acabei de afirmar.
Sem mais nada e mui respeitosamente, envio os meus
cumprimentos
Funchal, 22 de abril de 2019
A testemunha
(Gil da Silva Canha)
13 comentários:
Para aqueles que diziam que o srº Coelho tinha sido abandonado pelos seus amigos do Garajau, aqui está uma bofetada de luva branca para os "trolhas" de serviço na comunicação social para defenderem Paulo Cafôfo e Miguel Albuquerque!
Este rapaz promete. Será o próximo a "ir de cana".
O PSD-Madeira é uma grande máfia. Eles controlam tudo e tudos e fazem o que querem...
17.15,
Se isto é o que chamas uma ajuda à defesa do Coelho, o que não há-de ser um testemunho da acusação.
Ajudou com este depoimento a entalar ainda mais o Coelho. Nem a tribunal foi. Enviou por escrito.
Fico agora à espera dos testemunhos do Welsh e do Baltasar. Ah, não testemunharam? Pois. Compreendido.
Se calhar deviam publicar a sentença e aí sim ficávamos a perceber se existem vítimas ou não neste processo, em vez desta manipulação da Justiça que só confunde o cidadão comum
Uma vergonha.Forca Coelho, força Gil Canha!
Esta região mais depressa condena um tipo que usou uma linguagem mais contundente contra o sistema que um criminoso que mata, foge e não é condenado ou um gajo que limpa milhões de euros do erário publico. O sistema está é para os ladrões... ai de quem denunciar a máfia!
O tribunal da Relação vai largar mais uma vergalhada na senhora juíza. Será mais uma vergonha para os tribunais da região.
Veremos o que determinará a Relação. Mas, tendo em conta que na base da condenação estão insultos e acusações a uma Procuradora, eu não seria tão optimista como o das 01.56.
Até porque o Coelho abusou e não foi pouco.
O problema é que os tribunais da região não têm vergonha!
Com gente desavorgonhada dentro dos nossos tribunais, como é que os tribunais vão ter vergonha? É um contra-senso!
Mas se é caso dos tribunais da região, então não há com que se preocupar.
Com a Relação e o Supremo fora daqui, o Coelho é logo absolvido.
Limpinho, limpinho.
Uma vergonha apanhar uma pena tão ligeira.
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