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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Pré-Campanha na estrada


PRECISAMOS DO FUTEBOL
COMO DE PÃO PARA A BOCA














A falta de qualidade é transversal na Lusitânia e cá na Tabanca. Isto está o que se chama 'uma chatice'. O quotidiano do pagante não tem piada nenhuma. 
No caso da política, o triste fado torna-se mais evidente em certas circunstâncias, como no caso das eleições. Alguém se lembra - e foram tantas - de uma pré-campanha tão aborrecida e tão insípida como esta? Dá-nos a impressão que a Assembleia da República se tornou numa casa dos horrores aonde ninguém quer chegar. Os candidatos parecem fazer tudo para perder e não serem deputados, de tal modo andam a chagar com banalidades a molécula do eleitor. 
Julgávamos que a entrada de umas caras novas nas listas e nas máquinas partidárias dariam ao menos um safanãozinho no entediante panorama, fazendo lembrar às pessoas que dia 4 de Outubro há eleições e que talvez não fosse má ideia o pessoal ir lá mais uma vez, para conter a escalada da abstenção. Porém, em vez de serem as estreias a obrigar a velhada (com lugar cativo nas listas) a espevitar a criatividade e a dinâmica, foram os profissionais que viram frangos há muitos anos a subtilmente absorver os novos candidatos.
É muito possível que na terceira geração política estejam diluídos ainda uns pequenos fenómenos que acabem por soprar a tal lufada de que precisamos. Não há gerações melhores ou piores. Do bom e do mau há sempre. Mas se o antigo Stablishment cortava as asas aos valores que despontavam no tablado político, para matar as sombras e as novas ideias, o Stablishment Azul, muito bem imitado pelas oposições convencionais, também não indicia qualquer abertura, não cede uma nesga de terreno para que os jovens de valor entrem na vida sem rótulos na imagem.
A pré-campanha em curso - e isto também é válido para o que se vê no Continente - resume-se a um desfilar de clichés baratos, no discurso e no vácuo das ideias. Um desastre que afugenta. A gente ouve ou lê um candidato e repele, seja ele quem for: mas que me interessa a mim que vás tu para São Bento ou que vá aquele ou que não vá nenhum?! 
Alguém dirá: bolas, está em causa o governo que vai governar Portugal de Outubro em diante.
Sim? Acho que está em causa um governo que vai desgovernar Portugal de Outubro em diante. E depois... quem quer saber se quem nos vai desgovernar e tramar se chama Passos Coelho ou António Costa ou Jerónimo de Sousa? Olhemos para trás, lá e cá, e vejamos o que de bom nos trouxe algum governo.
Uma vez que andamos a leste do novo bom cinema, uma vez que não temos teatro e que querem levar os museus para a serra, e porque a política dos comícios, dos debates e do porta-a-porta definhou, deixando no seu lugar outra ainda pior, pelo tédio que nos inspira, agarremo-nos ao futebol. O Albânia-Portugal de hoje é um bálsamo no meio deste fastio nauseabundo. Sim, às tantas será uma hora e meia de sono, porque, além de não termos equipa, já se percebeu que Fernando Santos não é o competente engenheiro da bola de que precisávamos. Atenção que, ao dizermos que precisamos do futebol como de pão para a boca, não nos referimos propriamente aos jogos em si mesmos. Aquilo passa depressa, quer nos entusiasme quer nos proporcione uma hora de sono. Referimo-nos ao resto do tempo. Temos de ganhar hoje, sim, mas porque precisamos de continuar ocupados com os interesses da Selecção - no resto da qualificação e depois, se os deuses nos derem esse privilégio, no Europeu de França. A verdade é que a Selecção ainda nos ocupa mais o espírito do que os nossos clubismos, que nos dividem.
O povo precisa seriamente de algo com que ocupar a cabeça quando não está a fazer contas para aguentar o miserável ordenado até ao fim do mês. Os que têm emprego. 
Viva o futebol, porque dos políticos não se pode esperar nada de agradável, nem sequer o espectáculo das campanhas - conforme documento junto.
As reportagens chatíssimas sobre as andanças actuais dos candidatos e respectivos chefes só trazem uma vantagem: poupam-nos à necessidade de contar carneiros.        
  

4 comentários:

Anónimo disse...

A lista do PSD é muito bebé..O CDS devia colocar lá o Rui Barreto. O Sr Rodrigues é só teatro. O PS tem a arrogância do Pereirinha e a nulidade do Vilhena. O resto só tem salvação no Coelho na lista d Joana Amaral Dias para fazer a diferença de falar sem papas na língua.

Eu, O Santo disse...

Nas últimas europeias o PS, PSD e CDS-PP tiveram um resultado muito bom (cerca de 60% do eleitorado).
Com uma campanha insípida, os descontentes não vão votar. Estes arriscariam em votar noutros partidos.
Os clubistas (i.e., os que votam como se estivessem a escolher qual o melhor clube futebol) votam sempre.
Se ninguém se interessar pelas eleições, mais facilmente poderá haver viciação dos resultados (através das juntas de freguesia). Também poucos ou nenhuns irão protestar as eleições (pois não sentem o apoio da população).
Então, interessa a quem que haja uma campanha eleitoral viva?

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Os partidos do chamado arco do poder têm todos o mesmo dono. Pelo que não podem arriscar grandes compromissos. Tentando ser diferentes, acabam sempre por nos dar mais do mesmo.
Quanto aos partidos em vias de desenvolvimento, chamemos-lhes assim, por enquanto, podem dizer o que quiserem porque sabem que não terão de pôr em prática o que prometem. Porém, se algum dia alcançarem o poder, vão ter de encarreirar no esquema. Caso contrário, tiram-lhe o tapete debaixo dos pés.
É a vida!

Luís Calisto disse...

Tem toda a razão.