HOJE AINDA NÃO APARECEU
NENHUM 'NÃO CANDIDATO'
A comunicação social, pelo menos nos noticiários e jornais consultados de manhã cedo, não anuncia hoje nenhum cidadão que não se candidate a Belém por gostar muito do que faz actualmente
Agora por falar nisso, reparamos que 9 milhões 999 mil 990 cidadãos portugueses - crianças, idosos fora de prazo, cadastrados e tudo - ainda não vieram a público dizer que não são candidatos à Presidência da República.
Aparentemente, esta situação não tem muito de estranho, porque só um sucederá a Cavaco. Mas, pelo andar da carruagem, não há dúvida de que a onda é anunciar a 'não candidatura'.
Rui Rio acaba de escrever um lençol de opinião para dizer que depois das eleições legislativas, de 4 de Outubro, sai a público para anunciar finalmente se é ou não é candidato.
Ora, num país normal, se não é candidato, mantém a viola no saco, toma o seu cimbalino calmamente e deixa-se fora de pista. Fica de gesso, como se costuma dizer. Então ele quer dar uma conferência de imprensa para propalar: olhem, eu não sou candidato.
Não é mesmo? Chatice!
Marcelo Rebelo de Sousa, que desde há muito não consegue disfarçar os seus apetites por Belém, vai comentando a si próprio na televisão, negando estar assim tão interessado numa candidatura, e depois vai dando umas voltas pelo país a dizer que não é candidato, esperando que o povo lhe faça uma vaga de fundo.
Desde aquele mergulho no Tejo numas autárquicas, o homem nunca mais ficou bom.
O candidato a candidato do Quebra Costas também se fez a umas entrevistas para dizer que nem pensar, não queria ser candidato, mas que pensaria duas vezes se o país lhe dissesse: bem, tu és contra o sistema, então se prometeres que mudas isto, rompendo a Constituição com o apoio das outrora efeminadas Forças Armadas, pois então tens de te candidatar e a gente...
Houve uns que se puseram logo de fora: Guterres, que não está para aturar este país de tanga e cheio de malcriados; Durão Barroso, que se apercebeu do banho que o esperava. Outros lançaram-se para a frente sem perguntar a idade a ninguém, como Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém. Estão lá, bem ou mal, mas estão no seu direito.
E há aqueles, portanto, que querem ser notícia dizendo que não vão ser candidatos - porque conscientes de que não teriam a menor hipótese.
O caso de Santana Lopes foi de loucos. O país, pressionado por um sistema media cada vez mais provinciano, parou literalmente porque, ao fim do dia, o ex-primeiro-ministro de aviário iria anunciar... que não era candidato!
Assim mesmo: o anúncio era esse. Logo à noite, tudo com atenção porque o Santana vai dizer que não avança!
E aquilo, de facto, foram directos, entrevistas de rua, aberturas de telejornal com campainhas e fogo-de-artifício, com rodas de comentadores simultaneamente em todos os canais, generalistas e informativos, porque o homem dizia que não seria candidato, alegando que as uvas estão verdes. Perdão, alegando que estava demasiado apaixonado pelo seu alto cargo nas Misericórdias.
Obviamente, não é Santana Lopes que, pelo costume de andar por aí quando cheira a eleições, tem culpa destas rábulas ridículas à lusitana.
O mal é nacional: desculpem, mas isto está tudo louco.
De modo que, já agora, estou em pulgas por saber quando é que o homem que tira o café no Redondo anuncia que não é candidato. Ele faz mais falta no seu posto de trabalho do que os não-candidatos fazem na opinião e no comentário publicados.
3 comentários:
Será que o Sr. santana Lopes quando estava para anunciar que não iria ser candidato se o Mourinho estivesse a chegar ao aeroporto ele não anunciaria??? fico sempre com cada dúvida...
Bem observado, caro comentador.
Ainda bem que o Mourinho desta vez não chegou.
Pois eu estou à espera do Paulo de Morais. Só me levanto do sofá para votar neste homem e em mais nenhum.
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