ADEUS A UMAS FÉRIAS DE PESADELO
A primeira parte do plano foi executada nos prazos. Mas agora, passados cento e tal dias, que tal começar a governar? |
* Andámos por aí a querer inventar umas férias diferentes quando aqui na vida pública regional é que está bom
* Alguém se está a aproveitar do dia de hoje para, à sombra do regresso do Fénix, fazer umas patifariazinhas nas costas do povo
Um ponto de ordem antes de falar do regresso: muitos parabéns aos inúmeros Leitores que premiaram o nosso ano de trabalho 2014-2015 com veementes desejos das piores férias do mundo aqui para o chefe, para os Kapas e até para a irresistível K-Gira. Podem estar descansados e satisfeitos, porque a praga funcionou. Foi um mês de pesadelo.
Com efeito, ao concedermos 33 dias de higiene mental aos frequentadores do 'Fénix', mal adivinhávamos o que as nossas consequentes férias nos preparavam.
Um inferno sem momentos de alívio.
Para fazermos diferente dos hábitos em voga na 'Nova Madeira Velha', em que qualquer ente superior, seja doutor seja trolha, faz duas ou três semaninhas de férias em Bora-Bora ou na Tailândia, ficámos por aqui. Singelamente.
Fomos passando o tempo. Iludindo na medida do possível as saudades das calinadas da nova governação e das hilariantes polémicas no parlamento. As saudades das camisolas verdes dos nossos conterrâneos de Gaula. O megafone de Zé Manuel Coelho. A autoridade natural do presidente Tranquada. A Sissi do Miguel, que agora ladra com braveza sempre que Sérgio vai às Angústias e se põe a debitar as suas lengalengas aos microfones da TV. Saudades da voz grave e cubanizada de outro Zé, o Zé Manel do PP. Das viagens às Selvagens do nosso particular Amigo Carlos Pereira, sobretudo no fossilizado Shultz. E o resto de que os Leitores calculam termos sentido a falta.
Como o outro, andámos por aí. Andámos pelas pouquíssimas praias de calhau ainda existentes na carcomida costa, enquanto as há. Enfrentando o perigo dos tubarões-martelo que tiraram o mês de Agosto para 'pegar' com quem está quieto.
Internámo-nos nos bidonvilles em que se tornaram definitivamente os bairros sociais da 'Velha Madeira Nova', com apartamentos mais perto do cortelho do que de moradia de gente.
Andámos pelas sórdidas vielas do Mercado, zona do Carmo e Anadia, evitando cuidadosamente os cadáveres mal-mortos e espurcos jogados pelos passeios e vãos de porta, transpirando inclusão social às bicas.
Topámos com a sucessão de insolvências a mandar gente para o desemprego, até em bares-restaurantes de grandes superfícies. As folhas de jornal a forrar cada vez mais montras desactivadas, nas ruas do Funchal e subúrbios.
Lojas comerciais com os empregados a fazer hora, sem clientes, na baixa das cidades e mesmo nos hipers.
Sentimos esse cancro do desemprego a tomar proporções absurdas e explosivas.
Por todo o lado, conversas de desistentes da Pátria: vou para o estrangeiro, ainda não sei para onde, mas aqui é que não.
Uma dor de alma.
Só pode ter sido pesadelo. Incluindo os bocados em que procurámos saber das últimas pela televisão. Porra! O canal do nosso Amigo Miguel... liga-se o comando daquilo e do écran começa a sair fumo das espetadas, nos directos todos seguidos dos arraiais de estio... Espetadas impregnadas de batom dos beijinhos para nuestros hijos que deixámos esta mañana em La Guaira. E quando se apanha o TJ, é cada abertura de alinhamento que faz o telespectador cair das nuvens, quando não se trata mesmo de um caso do dia corriqueiro, de preferência um despiste de automóvel.
Atalhando caminho, eis-nos de regresso à realidade. Acordámos do pesadelo, enfim! Viemos juntar-nos aos felizardos regressados de Bora-Bora e aos que ficaram neste paraíso onde, má raio nos parta, já não há desemprego, estatísticas de preços escaldantes, emigração forçada e desesperada, calotes, guerras institucionais, buracos no piso do beco, falências, azelhices do sr. governo!
Paraíso na Terra é isto!
Só depois da visita ao inferno damos o valor.
Como se recuperou da catástrofe de 20 anos em 100 dias!
Ou será dos óculos viciados do pessoal? Ou da mudança de vontades cantada por Camões? Ou dos passes de mágica de Albuquerque?
Saltámos de contentamento ao vermos que o governo finalmente decidiu certificar o bolo do caco. Mesmo a intervenção do Filipe Menezes a fazer notar que a receita desse castiço pão é endémica do Porto Santo, foi tudo pela positiva, não chegou a arrufo. Foi polémica salutar numa Região que trata bem a democracia - aliás, quanto mais barulho, mais importância se dá ao bendito bolo do caco. Mais propaganda do produto. Mais voos com bifes cheios de dinheiro para os all-inclusive dos hoteleiros. Se não houver aviões disponíveis, metam o cargueiro do Humberto no ar. Na volta para lá, os turistas que apanhem o ferry que o Sérgio e o Miguel têm na manga desde as internas.
Fomos agora aos arquivos - porque neste Agosto ligámos à terra, tirando a TV - e vimos que o governo também não quer poncha com vodka. Deve ser uma preferência qualquer do Humberto Vasconcelos, porque o Miguel praticamente não bebe, e quando tem de ser, nalgum serão de pianada, é um uisquezito com muito gelo e água até lá acima. Com guardanapo. Ou não estivéssemos na era do Blue Stablishment.
Nessa parte do bolo do caco e da poncha, a nova governação não deixa Zé Povo desprotegido.
Também temos a garantia de que os caminhos reais serão mondados. Esses troços, em breve bem limpos, cintilarão na paisagem que não tarda a verdejar, agora que até mais água de rega haverá.
Soubemos que um secretário prometeu ajudar a promover doravante mais arraiais nestes meses do ano. Mas, sabendo o que passámos nestes 33 dias em que não descobrimos um lugarejo sossegado para passar um fim-de-semana, sem foguetes nem ruído musical da família Carreira, sugerimos: para o ano, algum departamento do Turismo que faça um roteiro de terreolas onde não haja romaria durante 2 ou 3 dias. Mais ou menos isto: Sábado e domingo, não haverá bebedeiras na Achada do Gamanço. Contamos com a sua visita. Aproveite, é só este fim-de-semana.
Não é sempre, mas às vezes cai bem.
Cá estamos de regresso, pois, com uma enorme vontade de trabalhar o menos possível. O Leitor não está a perguntar nada, mas a verdade é que temos na memória do pc uns projectos que têm mesmo de avançar agora, que se faz tarde. Então, o Fénix vai acompanhar os que fazem mais ruído do que produzem algo de útil. Uma viragem em termos quantitativos, que não editoriais. Teremos mais tempo até para aquele cafezinho matinal na Rua dos Murças com Presidente Miguel, Humberto e Lino.
Já agora, para não estragar o ambiente no primeiro café depois das férias, deixamos já uma mensagem para o secretário da Agricultura. O caro Humberto andou nestas semanas estivais a visitar os vinhedos do Estreito e do Jardim da Serra, anunciando acreditar num bom ano de vindimas. Foi a São Vicente matar saudades e fazer saber que o governo a que pertence sabe escutar o povo e sabe dialogar. Portanto: o governo sabe acreditar, sabe escutar, sabe dialogar. Mas agora é preciso aprender a governar. Para começar a executar quanto antes.
Chiça, Amigos do governo! Foram perto de dois anos sem trabalhar a não ser para a campanha interna de cada um, a ver quem ficava com o PPD do outro. Veio a campanha das regionais. O período para premiar os que fizeram parte do lobby vencedor e para se engalfinharem secretários com secretários por causa dos pelouros. Depois, 100 dias a discutir instalações e orgânicas. Ainda mal conhecíamos os secretários e lá ia toda a gente de férias, tendo Albuquerque imitado o ex-sua excelência no papel de caixeiro-viajante. Agora, chegam de férias e começam na campanha eleitoral a dizer que o Passos é o maior autonomista da Madeira e Portugal adjacente. Dias depois do 4 de Outubro, chega o perfume da carne-de-vinho-alhos e alegra-campo, vêm as bombas e as missas do parto - ninguém diz coisa com coisa.
Pergunta-se: então quando é que se trabalha?
Escutar e dialogar também sabemos fazer.
Já estamos descansados com o bolo do caco e a poncha. Toca a fazer política governativa a sério. Tanto o secretário da Agricultura como aquele que quer dividir as turmas em espertos e atados, por considerar, salvo erro, que a educação inclusiva está ultrapassada. E como a secretária que ainda não explicou nada sobre a nova política ambiental - pelo menos que se perceba.
Um ponto de ordem para terminar: somos absolutamente alheios à estratégia de certas entidades cá do lugarejo que, aproveitando o povo distraído no dia de hoje por causa do regresso do Fénix, acharam de lançar subrepticiamente jornais no mercado e fazer entrar em vigor um tecto para tarifas aéreas que ninguém percebeu o que seja.
Não venham esconder-se à sombra de um blogue. Anunciámos esta data para o regresso há muito tempo.
8 comentários:
A Srª Secretária do Ambiente e o Sr. Secretário de Ambiente fizeram um trabalhão nestes cem dias de governação aumentaram em 10% o preço da àgua de rega.....a primeira grande medida para FFF o desgraçado do agricultor ....a primeira medida da campanha do PSD para apoiar o Passos Coelho...isto até da gozo!!!!
Caro Leitor
Permita uma rectificação.
Mesmo que não goste de Humberto Vasconcelos, achamos mal ignorar o secretário da Agricultura desta maneira. O excelente presente ao agricultor no agravamento de 10% sobre a água de regadio não deve ser agradecido à secretária do Ambiente e ao secretário do Ambiente, mas à secretária do Ambiente e ao secretário da Agricultura.
O seu a seu dono. O mérito a quem o tem.
«Toca a fazer política governativa a sério».
Lindo apelo! A imagem que me vem à cabeça é alguém a dar uma ordem a um tetraplégico: «Vá, mexe-te, faz alguma coisa de útil». Os nossos tetraplégicos governativos e camarários fazem o que podem: prometem, prometem muito; dão música, muita música para entreter o vilão; e fazem propaganda, muita propaganda. Ah, e vão-se pondo fora do sufoco, mas com requinte, pois não apreciam muito o clima de Évora.
Caro amigo, parabens pelo artigo.
Agora a propósito o cargueiro aereo já vem voando a caminho da ilha ?
Setembro já chegou e o cargeiro ainda não tem autorização para voar ?
E as garantias já estão dadas?
O Sr Secretário da Agricultura tem boas intenções, mas aquela secretaria está minada cheia de capelinhas . Não é fácil arrumar aquela casa , há muitos vícios . Estou convencido que vai dar conta do recado....mas defenda sempre os agricultores e pescadores, eles é que produzem as semilhas e pescam o bom peixe !!! Cuidado com os falsos profetas e andam alguns à sua volta Sr. secretário...
Que grande entrada companheiro.
O FENIX DO ATLÃNTICO já fazia falta, bom trabalho.
O avião ainda não veio e o barco onde navega?
Gostei do comentário do anónimo das 15:10 de 1 de Setembro.
Boas intenções tem a minha avó meu amigo. Quem conhece bem a jóia do homem, sabe bem o que é que ele quer. Quer dinheirinho, fama e festa. O resto pouco lhe interessa. Isso das capelinhas é desculpa triste de quem não quer trabalhar. Temos novo presidente novo secretário, novo director, a a culpa é do motorista querem ver?
Este senhor é o elo mais fraco deste governo e se cair será por lá.
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