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terça-feira, 11 de junho de 2019





11 de Junho 2019




Dia de Portugal
Serenidade e elevação





Pensando mais a frio, a sessão do Dia de Portugal no Palácio de São Lourenço nada teve de extraordinário. O Representante da República proferiu uma alocução com sentido de Estado, como é seu timbre. E a intervenção não provocaria mais do que o elogio à eloquência que o Juiz-Conselheiro incute às suas intervenções não fora a inevitável comparação com a baixeza do estilo político banalizado na Região. 
Fazia falta um flash de serenidade como aquele que o Dia de Portugal nos proporcionou. 
O Doutor Ireneu Barreto não se ficou por um discurso politicamente correcto, por uma daquelas orações perifrásticas de circunstância para 'despachar o assunto'. Em vez de se acomodar em referências redondas à grandeza e aos feitos da Nação, em particular dos madeirenses, como seria de bom tom, trouxe à baila os problemas que nos afectam a todos no presente. 

Alertou para os deveres para com os nossos conterrâneos que vivem situação dramática na Venezuela ou em estado de ansiedade no Reino Unido, à espera dos reflexos do Brexit.
Relevou as capacidades dos madeirenses para resistir às dificuldades, como aconteceu com o autocarro acidentado no Caniço. 
Observou que a mesma fibra deve servir para enfrentar outros problemas, como os levantados ao CINM, esse gerador de receitas e emprego tão discutido.
Não se esqueceu do caso das viagens aéreas de equipas desportivas, a que a TAP acaba de retirar facilidades - em mais uma prova do esquecimento a que a unidade territorial tem sido votada. 
O Representante evidenciou as suas preocupações político-sociais e fê-lo com a autoridade de quem não precisa de votos. Pediu reflexão. E pelo menos durante um dia foi ouvido. 
O problema é que estamos em ano de várias eleições e a classe política que temos não está à altura destes calendários. 

2. Um dos condecorados, Gil Caroto, do Recreio Musical União Mocidade, falou em linha com o anfitrião. Não se absteve de censurar o Presidente da República por ter-se recusado a comemorar o Dia de Portugal na Madeira sob alegação de que há eleições na Região. 
Para Gil Caroto, Marcelo Rebelo de Sousa passou um atestado de menoridade aos madeirenses.
Acompanho o dirigente do Recreio Mocidade. 
A quem é que a escolha da Madeira para o 10 de Junho beneficiaria do ponto de vista eleitoral? 
Aos governantes, que possivelmente apareceriam em algumas imagens da tv? 
À oposição, que aproveitaria para fazer os seus números de propaganda à ilharga das cerimónias?
Daria mais votos à Direita? À Esquerda? Ao regedor da Lombada? Ao Semeador?
Uma vez que também há legislativas nacionais, as celebrações em Portalegre beneficiaram quem? 
Os alentejanos do Partido Comunista, na luta desesperada contra a hemorragia de votos? 
O partido do governo lisboeta, que assim pôde sonhar em bater na próxima vez a maioria municipal da Candidatura Livre e Independente, que governa a Câmara de Portalegre?
Ou é simplesmente porque os madeirenses não são confiáveis nem capazes de discernir entre um Dia de Portugal e uma eleição?

Esta teoria tinha de vir mesmo de um Marcelo, porque não lembrava ao diabo. 
Ideias dessas julgávamos um exclusivo dos crânios que cá temos. 
Miguel Albuquerque aproveita o seu cargo para comparecer em todos os Mercados Quinhentistas e Sopas da Boaventura que organizam na Tabanca, para mostrar popularidade a meio do povo. 
Paulo Cafofo, auto-investido no enigmático cargo de 'candidato a presidente do governo', arranca para Machico em marcação cerrada ao rival e por acaso passa umas poucas de vezes 'distraidamente' à frente das câmaras de tv em directo. 
Sempre de olho atravessado para Miguel, ei-lo a zarpar a toda a brida para o Norte da Ilha, para mostrar que a comer sopas não é inferior ao ainda titular das Angústias.
Aquelas cabeças acham que é comendo sopa no Norte e maçarocas na Banda d'Além que ganham eleições!
Coisas sérias? Homem, deixe-se de coisas, não brinque.
E quanto à restante 'maralha' da política, é tudo a este nível, ou ainda mais reles!

Eis algumas das razões devido às quais a cerimónia de ontem em São Lourenço, decente e elevada, nos fez muito bem, mesmo que rotineira.
Dizem que ninguém sabe o que perde se não depois de perder e é bem verdade.
Este ano há mais dois actos eleitorais importantes, pois há. Esperando não estar a gastar água e sabão, reproduzo a reflexão de Ireneu Barreto a esse propósito, ontem: 
"Pensando nas próximas eleições, gostaria de relembrar que a Democracia, se nos traz Liberdade e Direitos individuais, é o sistema que mais nos responsabiliza e mais participação nos exige."

PS - Uma das figuras condecoradas, pela sua obra social, foi Carmo Melvill Araújo, a nossa Carminho dos tempos do Liceu e eterna Cavaleira Andante de Causas Nobres. Já não há muita gente assim desprendida. Um beijo de parabéns.

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