23 de Junho 2019

Cafofo admira-se 

de ser escrutinado

Do Conselho de Alpercatas reunido ontem num hotel do Funchal, saiu o que se esperava: nada.

Desta vez, a novidade saiu de Paulo Cafofo, proeza rara.

Sobre o tal Conselho, a que os modestos "socialistas" usurpadores do Partido Socialista chamam de "estados gerais", vira o disco e toca o mesmo.

Como se esperava, os operacionais da candidatura trataram de branquear a calinada mandada para o ar na RTP-M por um Cafofo de peito cheio, a dizer que ia puxar de 75 milhões de euros e comprar o hospital dos seus aflitos amigos donos da unidade privada.

Ontem, não percebemos aonde é que o homem iria buscar os 75 milhões, se acaso a candidatura cubana vencer em Setembro.

Podia ser ao orçamento da Região. 

Mas além dos 75 milhões para resolver as listas de espera, com cirurgias douradas à Dr. Christiaan Barnard, será preciso dinheiro para o resto da Saúde, porque esse resto não é pouco e temos carências parecidas às da Saúde do Costa, em Castela-a-Nova.

De onde virão as receitas para cobrir essas despesas cada vez maiores?

Já agora: se andaram para trás com a compra (ainda dá vontade de rir) do hospital dos Bacalhaus, onde é que vão 'depositar' os actuais internados nos Marmeleiros, hospital que pretendem ocupar com os velhinhos?

Pois é. E há outras áreas a necessitar de investimento. Cafofo anunciou aposta na economia do mar, mas o facto de ele se dedicar à pesca não significa um salto garantido no PIB. Ainda por cima, dividido como ele anda por tantas tarefas, e agora investido no papel de Dr. Penicilina!

Está muito bem que o Cafofo-PS pense nos 20 e tal mil doentes graves. Mas convém pensar nos restantes 230 mil de madeirenses, de resto muito abatidos com sintomas de epidemia nas algibeiras, como ontem se disse.

No Conselho de Alpercatas só se falou de Saúde, o que é preocupante. Porque não se viu solução nenhuma para a Saúde, a não ser as apontadas pelo forasteiro que veio debitar estratégias generalizadas ao todo nacional. 

Se não se viu nada de Saúde, do resto não se falou. 
Tudo déjà vu.

Comprovou-se a prática do culto da personalidade por parte dos PSoas, com toda a gente a levantar-se respeitosamente para receber o ídolo quando ele desceu do estrado para os parabéns e abraços. Com destaque para o salto que o líder do partido (continuemos a dizer assim) deu na cadeira em respeito pelo seu n.º 1. 

Também como esperado, viu-se que ali ninguém percebe patavina do tema tratado, muito menos de política. 
O slogan dizia: não, a Madeira não respira saúde. Verdadinha. A  prova estava na rábula montada naquela sala.

Enfim, como diz o outro, está feito.

A única novidade saiu de Cafofo. O "candidato do PS a presidente do Governo Regional" manifestou agastamento, ou pelo menos perplexidade, pelo facto de as suas frases e palavras serem todas analisadas e escrutinadas. Achando ele que em 40 anos isso não aconteceu a nenhum político.

É verdade que não. Mas não devia estranhar. 

Então ele, Cafofo, dispõe-se a chegar ao governo de uma terra que viveu em regime de partido único durante 40 e tal anos. Épocas em que as pessoas não se atreviam a escrutinar os políticos. E agora que as pessoas, devido às mudanças no plano político-partidário regional, podem escrutinar, não iriam escrutinar o que diz aquele que já prometeu mudança mas só dá mostras de querer fazer voltar a Tabanca ao regime de trogloditas de outrora?

Então não é legítimo as pessoas deitarem sentido ao que diz um candidato-catavento cheio de imprecisões e indefinições, como o nosso Profe Mentiras?

Ainda ontem, ele queixou-se de ser tão escrutinado e logo a seguir esclareceu: Mas não tenho medo nem receio!
Assim mesmo, nem medo nem receio.

Ora, as pessoas ficam a pensar no que há dentro daquela cabeça.

...Como se não bastassem os seus artigos na imprensa, escritos com os pés e sem uma ideia. Deixe os seus capangas escreverem, que têm mais jeito e para o efeito não se saem mal.

Escrutínio? As pessoas querem saber afinal que consistência temos naquela personalidade.

Se o homem jura hoje a pés juntos que não há projecto para o Lazareto e amanhã diz com o maior pepsodent da Europa que o projecto para o Lazareto tem 5 pisos, não é natural que as pessoas comecem a escrutinar aquelas declarações trapicheiras?

Se o homem diz nem sim nem não, pelo contrário, ao falar dos arranjos do Savoy, ou da amnésia do Monte, ou da sua promessa de cumprir o mandato inteiro na Câmara... Então as pessoas não precisam de pensar no que ele diz e não diz ao mesmo tempo?

Mas permita-me o "candidato representado pela coordenação da candidatura socialista citada pelo PS liderado por Emanuel Câmara devidamente sintonizada pelo candidato a presidente do Governo Regional pelo Partido Socialista" - permita-me que lhe aponte alguma injustiça nas suas queixas de escrutínio, que são ataques a quem o escrutina.

Para ser franco, não vejo ninguém a escrutinar as frases e palavras do cavalheiro. Eu que vejo televisão, ouço rádio e leio jornais. 
Se alguma vez os media vão buscar alguma das suas anedóticas e populares bacoradas, é para lhe darem oportunidade de desmentir aquilo que saiu da sua própria boca. 
Ou então é para serem os próprios media a chamar a si a tarefa de garantir que o Dr. Penicilina não disse nada daquilo. 

Os partidos também nada escrutinam no discurso do sr. candidato, salvo uma rara excepção ou outra. Ninguém quer espantar a caça. Em geral, estão a perfilar-se para alinhar na governação 2019-23, seja com o PSD seja com o PS. E fazem bem, porque aquilo é exactamente o mesmo descalabro. 

Assim sendo, só as pessoas, enquanto habitantes desta terra, se interrogam sobre as contradições do cavalheiro que quer mudar a Madeira. Mas não se preocupe. É mais pela intriga do dia-a-dia, porque ninguém aprofunda o assunto. As pessoas sabem que o projecto é a mudança, mas ninguém perguntará se a mudança é para melhor. Isso já se percebeu de 2013 até hoje.