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sexta-feira, 23 de março de 2012

Delírios da Madeira Nova

20 DE FEVEREIRO DEU ENXURRADAS DE OURO... E JÁ QUASE TUDO PAGO


Nem oferecendo o seu melhor, as construtoras protegidas do regime laranja se livram de calúnias de muito mau gosto!

Se lhe disserem, Amigo que lê estas inocentes linhas, que o aproveitamento do trágico temporal de 20 de Fevereiro foi ao ponto de pagarem cerca de 250 euros por hora - por hora! - aos engenheiros da AFA, que comentário fará? Provavelmente o mesmo que eu fiz: "Desculpe, mas não quero ouvir mais calúnias."
E se insistirem acrescentando que, mais a mais, quem decretava esses pagamentos delirantes, quem estipulava tais tabelas exorbitantes era nem mais nem menos do que a peculiar Assicom, presidida pelo secretário-geral do PSD Jaime Ramos? O Amigo responderá como eu respondi: "Se não está satisfeito com essa difamação e ainda por cima vem falar em nomes, então a conversa fica por aqui."



O problema é que não me foi fácil rebater a narrativa quando os interlocutores à mesa do convívio eram pessoas que pululam desde há muitos anos no complexo e misterioso mundo da construção civil que dominou a economia da Madeira durante três décadas. Como desmentir gente metida também no tenebroso enredo até à raiz dos cabelos?
Perguntei três ou quatro vezes se os números estavam certos.
- Homem, entenda isto de uma vez por todas, porque não sou relógio de repetição - o homem quase perde a paciência comigo - Ouça bem: a Sociedade de Desenvolvimento Ponta Oeste pagou quase 250 euros por hora pelo trabalho dos engenheiros, os da AFA, pelo menos, que andaram a orientar os trabalhos de limpeza de parques de estacionamento, ribeiras, zonas residenciais e aonde foi preciso acorrer depois das enxurradas.
- Mas quantas horas cada um fez por dia, será que... - tento contrariar, incrédulo - Isso daria uma fortuna!
- Sei lá quantas horas trabalhou cada engenheiro! - prossegue o construtor que presta tais informações - Aquilo não era dia e noite? Não te lembras? Faz as contas por alto e calcula o balúrdio que não deu a conta naqueles dias todos da reconstrução.
Interponho:
- Esses engenheiros devem estar ricos.
A minha indesmentível ignorância piora o azedume dos circunstantes.
- Os engenheiros ricos! - vocifera o empreiteiro mais antigo da mesa - O pagamento era feito às empresas. Estas é que depois pagavam aos engenheiros contratados. O quê?... Mil euros ou 2 mil euros por mês, aos mais novos. Quem enriqueceu ainda mais foram os de cima!
Outro especialista da área:
- E imagina o resto dos trabalhadores as horas que não fizeram, os da AFA e de outras empresas. O sistema era o mesmo.
Respondo que foi um trabalho preciso, os estragos do 20 de Fevereiro exigiam tratamento de choque. Um terceiro homem do sector acorre.
- Mas não era preciso andarem a simular carretos que não existiram ou eram desnecessários.
- Bom, na altura correram rumores - concedo.
- E continuam - torna o homem, de cigarro ao canto do sorriso malicioso - Houve quem visse na Serra de Água e noutros locais os camiões, não sei de quem, a descarregar entulho num local para as máquinas de serviço pegarem nesse entulho e encherem outros camiões para levarem aquilo para outro lado. Só lucro!
- E para não falar no negócio da pedra - vem outro empreiteiro ajudar à festa - A desgraça de uns nesse 20 de Fevereiro foi a fortuna de outros.
- Deixem lá que também ficou muita conta no ar, por pagar...
- Nota lá, homem: o 'chefe da orquestra', assim que cheira a dinheiro fresco, não se apressa a decretar quem é que tem prioridade para receber? Não ouviste dizer que o da Associação de construção e o imperador da Calheta recebem primeiro do que toda a gente?

Que faria o Amigo que lê estas inocentes linhas perante os doentios dislates que ouvi, com todas as letras? Da minha parte, levantei-me e, antes de procurar poiso menos poluído mentalmente, arrumei a questão:
- Os cavalheiros estão mas é ressabiados. Ou não receberam o que tinham a receber ou então quiseram entrar no esquema e não vos deixaram.
Já não me voltei para trás, mas ouvi a voz roufenha do mais antigo a regougar:
- Sabem que esse é amigo do Jaime e do Avelino...


Os ressabiados chegam a propalar esta insinuação: não é preciso ter o nome na escritura para certos reizinhos da política serem sócios das construtoras. 

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