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sábado, 31 de março de 2012

Estilhaços de Madeira


 
 REVOLUÇÃO NOS TRANSPORTES DA SAÚDE AMEAÇA EMPRESA EXTERNA 
Há uma certa indignação no Hospital da Cruz de Carvalho decorrente da revolução que Miguel Ferreira, director clínico do Sesaram - Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira - decidiu aplicar aos serviços de transportes. É que as soluções encontradas por Miguel Ferreira implicam mais espaço perdido às já de si escassas instalações hospitalares.




Segundo fontes laborais do Hospital, há indicações de que parte da zona norte descoberta da unidade será disponibilizada para instalar quadros vindos de fora. Miguel Ferreira pretende ver por perto a central que organiza os mapas de serviços e dirige o dia-a-dia da circulação pela ilha de todas as viaturas pertencentes ao parque da Saúde. Daí a medida polémica.


Do Funchal ao oeste em carro oficial para almoçar em família


Os carros na garagem da Segurança Social continuam na alçada de Miguel Ferreira, mas tudo dirigido a partir do Hospital.

A medida sucede, propositadamente ou não, às ameaças do presidente do governo relacionadas com a utilização indevida das viaturas oficiais. "Só agora é que ele (Jardim) soube dos carros que vão pôr e buscar filhos de governantes à escola ou transportar compras do supermercado?", censura um profissional do hospital que já passou pela experiência na política dos serviços de transportes.
"Já agora - provoca o mesmo funcionário - era bom que ele (Jardim) fosse à Ponta do Sol saber se há ou não algum director ou directora de um importante organismo oficial que tem carro oficial para ir trabalhar no Funchal e voltar a casa ao fim do dia... e às vezes com deslocação para almoço do Funchal à sua freguesia, no concelho da Ponta do Sol. E digo já que nem sequer é no sector da Saúde."
Por esta e por outras é que há também directores que se escarmentaram com os avisos do chefe máximo das Angústias. "Eu? - responde um director regional quando provocado - Há muito tempo deixei de usar carro oficial. Nem preciso. Ando com o meu." Mas seguem-se duas críticas formuladas pelo mesmo titular:
Primeira crítica: "Acho muito feio e primário dizerem hoje que as pessoas podem usar o carro, porque é um direito, para amanhã, de repente, quando as coisas apertam, virem tentar virar o prego contra quem não tem culpa dessas mordomias."
Segunda crítica: "Acho que ele (Jardim) também devia ter cuidado nas despesas que faz com dinheiro público... e é para não falar de esbanjamentos mais sérios que me têm passado pelas mãos."
Quanto a especificar as acusações, nada... "para já, pelo menos".

Miguel Ferreira com tiques de "ditador" e disposto a eliminar serviço externo de automacas


Entre os funcionários do Hospital, contam-se muitos desiludidos com Miguel Ferreira. Este médico, que nos nossos tempos de Liceu primava pelas relações amigáveis e fáceis com todos os colegas, costuma ser hoje apelidado de 'ditador' - e não apenas pela voz de José Manuel Coelho do PTP, que ainda há pouco tempo se referiu ao director clínico nesses termos. A opinião generaliza-se mesmo internamente nos serviços. "Depois de o nomearem, ficou assim", desabafa um subordinado de nível profissional médio, que manifesta uma desconfiança curiosa. "Para mim, esta revolução de controlar os carros a partir daqui, do Hospital, trazendo os seus controladores para cá, é para ver se um dia consegue acabar com os pagamentos à empresa público-privada, acho eu, que faz actualmente o transporte de doentes."
O homem refere-se aos serviços prestados pela empresa criada a partir da Associação de Bombeiros. "Andaram a dizer que essas colaborações externas cobravam 300 euros por um serviço que, se fosse feito por um carro da Saúde, não gastaria mais de 30 euros", diz o profissional. "Acusaram também que... Se uma automaca externa levava um doente ao Porto Moniz, por exemplo, por 300 euros, cobrava outro tanto por cada doente que aproveitasse a mesma viagem. Não sei se é verdade."
Em todo o caso, a solução de Miguel Ferreira nunca resultará em pleno.
"Sei bem quais os meios operacionais da Saúde para transportar doentes e não vejo automacas nem carrinhas suficientes para as necessidades", avisa o mesmo funcionário, que se diz ansioso pela reforma que o livre do 'manicómio hospitar'.
"Portanto, ou terá de haver recurso ao exterior, como agora, quando não tiverem resposta apropriada à necessidade de transporte, ou então um dia volta tudo mesmo à estaca zero, que é o que acho mais provável."
Pelos dados patentes na política do meu velho colega e amigo Miguel Ferreira, não consigo concluir se os transportes da Saúde estagnaram no ponto morto ou se esgalham a velocidade tal que só acabará com brutal e espectaculoso 'estampanço'.

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