Powered By Blogger

quarta-feira, 28 de março de 2012

Politicando

A PERGUNTINHA QUE GOSTARÍAMOS DE FAZER NA ENTREVISTA AO PRIMEIRO-MINISTRO



Então e o governo que não podia ser árbitro e jogador ao mesmo tempo, aquilo de o governo ter jornais?


Provavelmente não viria a propósito, porque o tempo é de falar difícil, em números, percentagens, taxas, défices, cortes, orçamentos rectificativos. Mas seria interessante ouvir Pedro Passos Coelho, não explicar as medidas que tem tomado em sentido contrário a tudo aquilo que prometeu durante a sua campanha eleitoral, mas voltar a dizer o que fazer a respeito de jornais e outros media eventualmente pertença de órgãos do Estado.

Como se esperava, Judite de Sousa quis saber que história é essa de tornar interminável o clima de austeridade que sufoca o país. E ele a repetir que essa austeridade é indispensável para Portugal crescer. Estudei poucos anos em Económicas, pelos vistos não o tempo suficiente para entender como é que a austeridade pode fazer crescer o que quer que seja, além das dívidas do desgraçado cidadão. E da fome, e da pobreza e do desemprego. Sim, por aí é tudo a crescer com a cruel austeridade como ponto de partida. De resto...
Também não atinjo (Chico Pereira de Moura, Otília, Jesus e demais profes do ISCEF não me terão ensinado suficientemente ou então foi da cabeça dura do estudante) como é que a austeridade consegue desembocar em criação de emprego, a menos que a austeridade não alastre às empresas. Mas ele diz que as empresas estão a fazer sacrifícios também... Pois, não vislumbro como acabar assim com a "chaga social" que Passos Coelho entende ser o desemprego neste país. Mas há um milhão que o entende e sente ainda melhor.

Lá arengou o homem outra vez sobre a emigração. Avisou que foi mal interpretado quando mandou a juventude fazer as malas e então precisou melhor agora com um eufemismo de mestre: se os jovens quiserem partir, não será ele a tentar impedi-los. Sim, porque ele podia muito bem pôr-se no aeroporto ou na fronteira a mandar parar e mandar para trás os aventureiros. "Não censuro os que saem", arrematou o homem.
E sim, a recessão será de 3,3%, mas atenção que nunca se sabe. O orçamento rectificativo a aprovar em conselho de ministros esta quinta-feira aponta para essa retracção de 3,3%, mas o primeiro-ministro sabe cá se não vai piorar!
Não me tinha lembrado dessa hipótese.
E a frase lapidar: "Não vendo ilusões nem dou más notícias que são evitáveis." E agora também não precisa de vender ou dar... as promessas de outrora.
Genericamente, admitiu que a economia vai crescer no último trimestre do ano, cumprindo-se ao mesmo tempo o défice dos 4,5%, e que em 2013 não haverá recessão.
Pode muito bem o sr. primeiro-ministro estar descansado que da nossa parte, contribuintes, ajudaremos no que for preciso. Podemos dar uma pequena colaboração, que sei eu, uns chutos para cima no IVA, no IRC, nos IMIs... Dá-lhe jeito no lado da receita e o senhor merece. E conte connosco do lado da despesa. Não se preocupe lá com esses contrapesos de 13.º e 14.º meses, deixe ficar isso para ajudar nas despesas da casa, que a gente remedeia-se.

Descansei ao saber que, mesmo perante a hipótese de Portugal não voltar aos mercados já em 2013, não faltará mais financiamento externo para o dr. Passos Coelho continuar a nos governar. Uf!

Finalmente, a tal perguntinha que gostaria de lhe colocar, se viesse a propósito - e não vinha, no meio desses números e défices todos. Um tema mais relacionado com a saúde mental do cidadão, que também lhe diz respeito embora não seja psicólogo nem psiquiatra. Fica para outra.
É que o senhor disse, no seu lançamento à conquista do poder, que jornais ou outros órgãos do Estado, nem pensar. Não faz sentido um governo - afirmou V.ª Ex.ª - ter jornais para difundir a sua propaganda, porque um governo "não pode ser árbitro e jogador ao mesmo tempo". Lembra-se? Claro que não, foi coisa de passagem. Mas confirme com o Ângelo Correia.
É que não só há um caso na Madeira de jornal pertencente a um governo como este governo, o regional, até concede empréstimos (para não pagar) a esse jornal quando o que devia era fazê-lo viabilizar-se por si próprio e aplicar os dinheiros no combate à miséria que grassa por esta desgraçada Região. O seu amigo Gaspar até aprovou o orçamento regional antes de os deputados de cá o fazerem, ele não pode dizer que não sabia de uns certos 3 milhões para emprestar (!) ao Jornal da Madeira, ou coisa parecida - uma ninharia, segundo o ricaço do secretário regional Jardim Ramos, que tutela a comunicação social.
Era só, boa noite.

Sem comentários: