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domingo, 18 de março de 2012

Notícias do Apolo

NOVOS MEXERICOS PARA QUEM NÃO É DE INTRIGAS

Devido aos afazeres desportivos de domingo, ocupei lugar durante muito pouco tempo à passagem matinal pela esplanada. Mas ainda ouvi duas ou três bicadas antes das dez horas.

* Coelho Senhor dos Passos - Uma figura altamente colocada na hierarquia da Justiça perguntava pelo melhor caminho para chegar com uma mensagem ao primeiro-ministro. Tal era a seguinte: Pedro senhor dos Passos Coelho que se esmere na quinta-feira santa, quando for lavar os pés aos ministros. Parece que há muitos pecados a limpar naquele governo, apesar de tão recente.
O empregado, acabando de colocar um carioca de limão em cima da mesa, zarpou da zona resmungando: "Se o senhor dos Passos Coelho viesse à Madeira lavar os pés dos mamadeiros todos, passava a Páscoa inteira acolá no adro da Sé, e não havia sabão macaco que chegasse."

* Trespassados pela crise - Não sei por que artes, a conversa derivou para o tema em moda, a crise que corta em tudo e baixa níveis de vida, apenas impondo aumentos nos números do desemprego e daqui a dias no IVA, para 22%. Está tudo à venda, bradou um professor jubilado. O Funchal é uma hasta pública tipo Feira da Ladra.
Um bancário também já na pré-reforma resmungou: se uns vendem é porque os outros compram.
Insiste o professor: Então vai por aí e repara há quanto tempo estão os mesmos anúncios de "trespasse" pespegados nas portas de tantos estabelecimentos.
Roubei uns minutos à futebolada matinal de domingo e consegui umas fotos a confirmar o que o professor sustentava. Não precisei de muito tempo: as cenas estão, de facto, à mão de semear em todas as ruas desta antiga 3.ª cidade do País. Eis uns quantos documentos:











Arrenda-se, trespasse, reabrimos brevemente, liquidação total... A localização das casas, bem visível, prova que o cliente do café tinha razão: é tudo umas em cima das outras. As fotos gastaram três minutos de caminho...


* Classe média-alta sofre - Antes de eu sair, ainda me chegou aos ouvidos o lamento de um empresário que na prática deixou de o ser. Confessava-se: "Da minha parte, quero vender o que tenho, mas ninguém lhe pega. É um património caro e não há dinheiro na praça. Dizem que a classe média desapareceu, mas a classe média-alta, os que foram prósperos e hoje estão descapitalizados, também há muitos dramas... Vocês lembram-se dos meus tempos de rei e senhor da (indica o ramo da sua principal actividade)... e até caçoavam comigo dizendo que eu me fizera à conta de algum tráfico ilegal, seus invejosos (e sorri). Pois os negócios faliram, mandei os empregados para casa, fiquei com o imobilário e monos em stock... e agora faço contas ao pouco dinheiro vivo que guardei, para sobreviver. Não vou comer paredes. E mesmo as paredes qualquer dia perco-as eu, por causa das dívidas que se amontoaram... enquanto outros me devem dinheiro. Sim, riam-se, confiei demais na seriedade do governo, agora reconheço."

* Calotes da "Madeira em marcha" - E um disparo mesmo à minha saída, pela voz de um antigo activista político de esquerda: "Ah é? Informem-se então... quem  é que vive com as suas contas na fossa por causa dos calotes que os do partido graúdo deixaram daquelas jantaradas e patuscadas todas quando foi das eleições! Não é só o governo a não pagar, é a tal fundação."
Uma dúvida: os militantes pagavam o seu bilhete para jantar e dar o seu apoio aos candidatos, não?
"Qual apoio!", vocifera o antigo activista de esquerda, que voltou ao seu radicalismo de 1975 depois de ter cedido à tentação de uma travessia pelos insípidos meandros do revisionismo soviético. "Os que foram aos jantares pagavam uma miséria de nada, era simbolicamente, exactamente para não dizerem que era de borla. Eu trabalhei para uma fornecedora desses serviços. Quem acaba por pagar aquilo são mesmo essas empresas, sei o que digo. Ficam sempre com o rabo a arder, sem receber nenhum. E se exigirem o que é seu, então é que nunca mais fazem nada, não são mais contratados, e vai-se tudo. Não querem ficar queimados... e vão acumulando os calotes..." 
Como digo, vendo pelo preço que comprei. E desta vez não tive tempo de ir dar uma volta ao aterro, por causa da "peladinha".

2 comentários:

jorge figueira disse...

O frei Tomás continua a pregar e lá terá quem acredite na "culpa de Lisboa" Basta terem o ouvido a jeito no adro da Igreja e serem, como até agora, fracos do miolo

Luís Calisto disse...

E o problema, caro Jorge Figueira, é que tais mentalidades, à medida que devoram as palavras desse frei Tomás de trazer por casa, cada vez se fecham mais ao necessário arejamento.