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quinta-feira, 29 de março de 2012

Politicando

PSD-MADEIRA 'À BOMBA' PARA DERRUBAR ALBUQUERQUE


Um alto barão do PSD acha que Sérgio Marques 
foi a bomba que Jardim mandou para dentro da câmara do Funchal para tentar acabar
de vez com o mito Albuquerque, o edil que deixa rasto na Câmara e já partiu à conquista do PSD.

A expressão é de um dos mais antigos barões do laranjal jardinista: a escolha de Sérgio Marques para candidato do PSD nas próximas autárquicas foi "uma bomba que o Alberto João mandou para dentro da câmara". Na perspectiva do mesmo político, que já deteve posição de destaque na governação regional e continua bem cotado junto do chefe Jardim, este chegou à conclusão de que, para resolver o problema da guerra permanente no Funchal entre o município e o seu executivo e ao mesmo tempo travar as ambições de Albuquerque que levaram o edil a assumir a disputa do partido no próximo congresso, "precisava de um nome forte que neutralizasse, numa primeira fase, o Bruno Pereira, que é da linha Miguel". E viu no ex-eurodeputado alguém capaz de arrasar os rebeldes e acalmar as hostes no processo das candidaturas à câmara e ao partido.

Chefe Jardim com azia desde o dia em que foi divulgada a candidatura de Albuquerque à liderança do partido

O barão com quem falámos esta quarta-feira é do tempo em que Jardim, no seguimento de um crescendo oposicionista na capital, que fez abalar a candidatura do PSD em 1989 liderada por João Dantas, foi obrigado a trazer o carismático Virgílio Pereira do Parlamento Europeu para encabeçar a lista laranja que ficou conhecida pelo slogan 'De alto a baixo'. Apesar do 'peso pesado' à cabeça da lista nessas eleições, pai do actual potencial candidato independente Bruno Pereira, os social-democratas não se livraram de novo susto, à semelhança de 1989 (PSD com Dantas 45,1%; PS/CDS 40,4%) e de umas eleições municipais anteriores, em que o socialista António Trindade quase derrotava a lista PSD liderada por Sá Fernandes. De facto, o candidato socialista André Escórcio surpreendeu tudo e todos em 1993 com uma campanha aguerrida que ia fazendo estragos de monta na Rua dos Netos.
"A história repete-se mas tem graça que agora o problema é interno", diz o alto dirigente PSD. "O problema dele (Jardim) por enquanto é acabar com a linha que o Miguel (Albuquerque) criou na Câmara e impedir que ele cresça no partido." Ainda por cima, o chefe "tem andado a ruminar com muita azia a candidatura que o Miguel assumiu para o congresso, eu conheço bem o Alberto João e sei que ele só podia reagir como reagiu ao saber dessa candidatura, ele nunca aceitaria uma provocação dessas".
Acrescenta que João Cunha e Silva, vice do governo, em vão tentou acabar com o mito de Albuquerque, inclusive com a fiscalização às célebres 'negociatas municipais'. "Deu tudo para o conseguir e nada... E agora não percebo que papel anda ele (Cunha e Silva) a fazer, porque ninguém o vê. Se era para proceder assim, era melhor não ter ficado no governo. É por isso que não me admiro com o lançamento do nome do Manuel António para suceder ao Alberto João, isto deu muita volta. O Alberto sabe que o João não ganhará ao Miguel (Albuquerque)."

Outro elemento, considerado já um 'meio pesado' nas hostes do laranjal, acredita na tese da 'bomba' com que Jardim, através da candidatura de Sérgio Marques, pretende escaqueirar a situação sedimentada na câmara da capital. Mas avança que, em seu entender, isso é "um grande erro do Alberto João". Por isto: "O Bruno é uma pessoa bem vista, sabe falar com as pessoas e sabe ouvir. Ainda não perceberam isso? Depois, se apresentar mesmo candidatura independente certamente vai ter o apoio do Miguel Albuquerque. Parecendo que não é muito importante nesta altura, ele conta também com a tradição do nome do pai, o Virgílio Pereira. E não tenho dúvida nenhuma de que o Bruno ganha ao Sérgio, mesmo como independente e contra o PSD."
E mais: "Não terei receio nenhum de dizer isto se me pedirem a opinião no partido! É que digo mesmo. Acho errado constituir uma candidatura contra os que têm ganho as eleições de 4 em 4 anos."
Uma indirecta ao chefe: "Falam em unidade, em deixar os individualismos, e depois vêm pôr zangas e ciúmes pessoais à frente dos interesses do partido! O futuro do PSD não pode ser resolvido à bomba, a rebentar bombas por dentro. Parece que querem fazer a vontade à oposição, aos que esperam pela implosão do nosso partido. Não pode ser assim!"

Obras na Câmara para receber Sérgio? - pergunta-se com humor. Ou Miguel, Bruno e companhia a dizerem que tratam eles próprios das novas pinturas? Os trabalhos corriam nesta quarta-feira...

Mas o chefe entende que sim, que só à bomba derrubará os seguidores de Miguel Albuquerque e o próprio presidente da Câmara. Este, tapado pela lei da limitação dos mandatos, também não se tem inibido de manifestar a ideia de que a próxima corrida à câmara servirá para ver se alguém continuará com coragem de manter as distâncias entre poderes, o municipal e o da Quinta das Angústias. No fundo, é um recado e um alento para o próprio Bruno Pereira. Albuquerque costuma dizer que em política "é preciso ter os órgãos todos no sítio" e mantém que é isso que espera ver no processo de candidaturas para as eleições de 2013. Foi isso que ele próprio já fez, ao assumir a candidatura ao partido, seja para defrontar Cunha e Silva (e agora Manuel António) ou o próprio Alberto João Jardim.
Quanto à questão do sucessor preferido do chefe para a liderança do PSD, Manuel António, e ao avanço de Miguel Albquerque, o mesmo  'peso meio pesado' do PSD, que é deputado, diz ser preciso "ter muitas cautelas com tantos exercícios e com os nomes lançados".

Oposição expectante, sem marcar agenda

A oposição pouco se tem manifestado acerca da convulsão interna que se deflagra no seio dos social-democratas. Uns dizem que esperam para ver a tal implosão, outros argumentam que não devem comentar a vida privada dos outros. Evidentemente que todos anseiam pelo descalabro laranja, que lhes poderá facilitar a vida nas eleições do futuro. Mas também ficar só a ver passar os comboios pode resultar numa colaboração suicida com a próxima clique laranja, aquela que se seguir à que manda na Madeira há 36 anos. Nada como impor a agenda política e o que acontecer aos outros que venha por acréscimo. E não o contrário, ou seja, apostar nos despojos do adversário e limitar-se a complementar o trabalho.

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