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sexta-feira, 23 de março de 2012

Notícias do Apolo

NÃO É SER INTRIGUISTA, MAS...
OS CHUIS ATÉ SE DISFARÇAM PARA CAÇAR A MULTA


Pela ordem, manda o lema, de bastão ou de pistola. E pela Pátria, ou melhor, pelos cofres do Estado. E os rapazes têm de cumprir as ordens dos crânios sem os quais o que não seria da Ordem e da Pátria!


"Em Lisboa, mandam o chuis aplicar paulada nos cidadãos que lhes pagam o ordenado, aqui põem-nos escondidos pelas esquinas para massacrar com multas os contribuintes já de si depenados em todos os sentidos."
Foi o que ouvi hoje nos antros do costume.
Tenho um familiar que acaba de ser multado com uns módicos 125 euros, parece-me, porque conduzia ali para os lados da Levada-Til a uma vertiginosa velocidade rondando os 50 km/hora. Não me enganei: a 50 km/hora dirigia aquele maluco, verdadeiro perigo na estrada. Isso quando a legislação não permite para tal percurso mais do que 40/hora. Então, disse-lhe eu que era bem feita, porque as leis são para cumprir e na estrada não deve circular quem não tem atenção pela integridade do próximo.
Ele disse-me que vê por vezes motos e carros da polícia numa esgalha para cima dos 120 à hora sem depois ouvir falar em motivos que o justificassem. Contrapus: queres ser polícia da polícia?
Hoje reparei que não só esse meu familiar caiu nas malhas da lei. Naquele grupo do Apolo, cada um tinha uma história mais caricata do que o parceiro do lado, incidindo no papel dos nossos chuis a controlar as estradas. Mas, por mais que os ataquem nos jornais, nos blogues e nos cafés, como era o caso de hoje, a verdade é que se eles se ocupam com a segurança viária, caçando esses verdadeiros assassinos que surgem inesperadamente nas curvas em perigosas manobras e derrapagens, claro que não podem apanhar os rapazitos que incendeiam um carrito ou outro pela madrugada fora pelo Funchal - coisas próprias da juventude. Ou bem uma coisa ou bem outra.

Alguém conta que um agentes se pôs um dia destes ao pé da "Rodoeste", na Pestana Júnior, à civil, passando mensagem para os colegas mais acima quando passava um acelera a mais de 40 ou 50, não sei que velocidade máxima está para ali. Bom: caçada grossa.
Também na bifurcação da Rua das Maravilhas com o Caminho de Santo António se põe uma mulher-polícia à civil, mas muito jeitosa, para azar do automobilista libidinoso, que se distrai e leva logo com a multa relativa à azelhice que fizer por causa do deslumbramento da bela paisagem às curvas.
Na Luís de Camões não faltam armadilhas do género - conta outro má-língua.
Ouvi estas histórias e dei o desconto. O nosso povo é muito mauzinho e tem o feio costume de maltratar, com os seus dichotes azedos, aqueles que zelam pela segurança das finanças públicas, tão necessitadas de dinheiro injectado, seja das multas, seja de que raio for.

Um cidadão ressabiado, daqueles que acho nunca estiveram bem com a vida, garantiu terem-lhe enviado para casa um "postal de boas-festas"... para pagar 120 euros. Ora, pouco tempo antes havia pago uma multa de 30 euros, que se passava outra vez? Procurou o comprovativo do pagamento que fizera e por sorte encontrou-o, duas horas de trabalho depois.
Deslocou-se ao comando, expôs o caso e recebeu a peregrina informação: "Nós fazemos assim. Se o senhor não trouxesse o comprovativo, podíamos cobrar-lhe os 120 euros. Sabe, é preciso guardar esses comprovativos durante 2 anos."

"Que pessoa de bem é o nosso Estado!", expele um dos convivas até ao momento calado, e que até tem um primo polícia. "Mas isso não é nada. Pior aconteceu-me a mim. As Finanças cometeram um erro informático, não me descontaram a tributação autónoma durante três anos... e depois vieram dar-me 30 dias para eu repor os 10% desses anos, tudo de uma vez. O erro foi deles e quem paga assim à louca sou eu!"

Por estas e por outras coscuvilhices perversas é que estou a pensar em deixar de conviver com certa gente, na baixa. Comecei de namoro com uma cana de pesca exposta naquela montra conhecida, para levá-la comigo ao aterro que o "rei das Angústias" quer transformar em porto. Talvez consiga pescar uns cagões e livrar-me da intoxicação de fel que no Apolo toma conta do meu pensamento, paulatina mas gravemente.

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