MANHÃ MUITO AGITADA NA BAIXA DO FUNCHAL
Os comerciantes acordaram radiantes com os navios a prometer boas vendas. Ao mesmo tempo, desenhava-se um cenário de convulsões sucessivas, com o parlamento ao centro. |
Os turistas percorreram ruas e o Mercado de Oportunidades, a oeste dos acontecimentos parlamentares e laborais. |
Num ambiente de porto superlotado e avenidas principais apinhadas de turistas, o Funchal agitou-se esta manhã na zona do parlamento.
Começámos por ver um carro azul e branco, por acaso bem tratado, abandonado no cruzamento da Rua dos Capelistas com a da Alfândega. Procurámos um polícia que mandasse chamar o reboque para retirar a lata do local e permitir a circulação franca de peões e automóveis.
Fomos informados, porém, de que a viatura fora deixada ali por uns sujeitos da segurança chamados apressadamente por Miguel Mendonça, o presidente da Assembleia Legislativa, que de novo se deparava com um protesto de José Manuel Coelho, do PTP, em plena sessão parlamentar.
Em vão procurei um polícia que mandasse rebocar este veículo abandonado na via pública. Os agentes estavam entretidos a apreciar as tricas Mendonça-Coelho, na Assembleia. |
O intervalo do plenário chegava e contaram-me que afinal haviam sido dois funcionários da conhecida "casa de loucos", na original expressão de chefe Jardim, a retirar Coelho do hemiciclo.
Eis senão quando, pouco depois, um magote de gente se junta diante do vetusto edifício da antiga Alfândega, hoje 'centro de dia' de quatro dezenas de madeirenses sem emprego, para ouvir uma conferência de imprensa de Coelho a respeito dos acontecimentos lá dentro.
De repente, Coelho dirige-se para a porta oeste do prédio parlamentar e entra mesmo, seguido pela multidão. Invasão para meter na ordem o presidente Miguel Mendonça e os cavalheiros do laranjal?
Não. O protesto mudou de tema. Segundo nos dizia Quintino da Costa, o ex-militante do PCP que transitou para o PTP, aquelas dezenas de pessoas acabavam de perder o trabalho na Qualifrutas. Em causa, um pré-despedimento colectivo original que atingirá cerca de 150 trabalhadores: mais por causa de uma "briga entre patrões" - acredita Quintino -, a situação financeira da empresa deteriorou-se, provocando a intervenção de uma execução fiscal. Frigoríficos e balanças penhorados. O armazém de Santa Quitéria fechado. E uma dezena de lojas do grupo sem meios para operar.
"Em Câmara de Lobos, há um caso em que as Finanças colaboraram para que o negócio continuasse aberto", conta Quintino. "Agora, são mais estas dezenas que vão para o desemprego e portanto fazem o que têm a fazer, que é ir ali ao parlamento a ver se os deputados olham para a galeria."
Pouco depois, novo episódio da frenética manhã. Coelho, que se instalou na galeria com os trabalhadores da Qualifrutas, decidiu fazer dali uma espécie de intervenção, em defesa dos que o rodeavam. Miguel Mendonça repetiu a terapia: expulsão do deputado, a segunda no mesmo jogo.
...E o IVA dos 22% só entra em acção no 1.º de Abril!
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Coelho deu conferência de imprensa diante do parlamento para explicar o que motivara a sua expulsão... |
...E dirigiu-se para o edifício acompanhado pelos trabalhadores sem trabalho da Qualifrutas, entrando todos para a galeria do plenário. Dentro em pouco, segunda expulsão do deputado na mesma sessão. |
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