MEXERICOS PARA QUEM NÃO É DE INTRIGAS
* Cadeia de supermercados em dificuldades - É voz corrente que se acentua a derrapagem daquela tal cadeia de supermercados. Pelos cafés, diz-se que o azar começou com a indisposição provocada no chefe da Madeira pela postura que ele considerou demasiado independente, auto-suficiente e até ingrata, da parte dos proprietários dessa rede comercial, quando, há uns anos, Lisboa mandou rigorosa equipa de fiscalização inspeccionar alguns grupos económicos da praça funchalense. O referido grupo negou então, pela imprensa, qualquer favor recebido da parte oficial, atrevimento que arrancou irritado comentário ao "rei das Angústias", entre duas imperiais no Bar do Henrique, já que ele se encontrava de férias no Porto Santo: "É preciso ter lata!", trovejou sua ex.ª, atirando meia lagosta para o outro lado da mesa, logo recebendo prolongado aplauso dos corifeus em fato de banho, transpirados do calor e untados de álcool e molhos gordurosos.
As relações nunca mais foram as mesmas. E a concorrência terá aproveitado essa queda em desgraça para lançar um anátema sobre o grupo madeirense então em fase comercial próspera.
Hoje, diz-se, os proprietários reconhecem que os rivais, depois de terem ameaçado "deitar o grupo abaixo", estão a conseguir mesmo prejudicá-lo. E, curioso, com a colaboração dos consumidores madeirenses, que misteriosa e progressivamente estarão a esvaziar os supermercados da popular rede... contando com a grave inconveniência da recepção pouco simpática que algumas sucursais encontraram no processo de expansão às localidades fora do Funchal.
O grupo sob fogo, todavia, assentou desde as suas origens em bases consistentes e deverá chegar a porto favorável depois da tempestade que atravessa desde há uns tempos. Pelo menos é o que prevêem alguns entendidos da esplanada. Até porque não se pode provar que esta teoria da derrocada não seja imaginação fértil dos interessados em enfraquecer o polémico grupo comercial.
* Protagonismo forçado - O representante da república viveu uma semana com algumas aparições na comunicação social, recebendo dignitários de visita à Madeira e parceiros sociais da Região. Lá pontuou com uma fotografia ou outra no meio das profusas reportagens sobre o debate orçamental. Depois das declarações de amor ao poder que governa a Madeira em ditadura, e que pelos óculos de Ireneu surge com as cores da mais perfeita democracia, o homem faz-se notar com encontros sem a menor importância para o diâmetro da Terra, mas certamente já conquistou o lugar que tanto ambiciona algures na bancada metálica da Avenida quando as trupes da Flor desfilarem com encanto, graça e muita criatividade.
O problema na esplanada é o pagode trocar o nome do homem. Ninguém acerta uma vez que seja. Dizem esses ignaros: é aquele que está no lugar do que tinha um gato.
Ireneu, senhores da intriga, Ireneu Barreto!
Armas: quem não agrada ao chefe, esquece; ou, como diz o fado, chegaste em dia de sol, partiste em... |
* "Armas" no esquecimento - O movimento de turistas no centro da intriga fez relacionar: estes vêm cá, os madeirenses é que não podem sair daqui. Referência aos preços das passagens aéreas e aos cidadãos que não gostam de viajar de avião.
"Já ninguém fala no 'Armas', o assunto foi esquecido", ouvi a dado passo, constatando a pertinência da observação.
Curiosamente, depois de algum alarido popular, depois dos justos protestos, bastou sua ex.ª o rei tomar posição contrária para o pagode se encolher, deixar os mais afoitos sozinhos na cabeça do touro e obrigá-los finalmente à retirada.
Até o conselho regional do PSD tratou do assunto, para acusar os armadores da Naviera de "instrumentalização" e denunciar que o processo foi "cirurgicamente despoletado e manobrado". Foi o definitivo baixar do pano. Mais ninguém "piou", no dizer de um revoltado frequentador da esplanada.
E assim é: o povo, apesar de sequestrado na sua própria terra, porque impedido de sair por mar, fechou sorrateiramente o bico. Em vez de marcar viagem para Portimão ou Canárias, que vá de carro aos Reis Magos ou ao Porto Moniz, que também são zonas aprazíveis para o lazer.
* Fechar o parlamento e o governo regional - Esta foi a ideia dominante dos últimos dias. "O que é que aquela**** faz ali? É só gastar dinheiro naquele jackpot! Fechem aquela **** e o governo regional também, porque já não temos autonomia nenhuma, aquilo existe para quê?!!"
A ideia correu transversalmente por fregueses e empregados dos cafés. Ideia generalizada. E, realmente... O governo regional não governa. Proibido até de mexer em dinheiro, limita-se a cumprir as instruções do ministro Gaspar e da Troika, precisando de consulta prévia sempre que precisa de mudar de camisa, como se viu agora com o Orçamento/Plano. Então, a Assembleia Legislativa põe-se a discutir documentos que já foram sancionados lá fora.
Depois, tem fama de ser órgão com o dever de fiscalizar a desgovernação quando, na prática, ela é que é fiscalizada pelo chefe Jardim e por ele completamente dominada.
Ninguém lhe tem respeito a começar pelo próprio e referido chefe, que a trata por "casa de loucos".
Percebe-se a raiva que vai pelos cafés: fechem aquela *** que não passa de um parlamento fantoche e poupem milhões para o povo pagar menos impostos!
* SS do laranjal em acção - Estou a vender pelo preço que comprei: o alegado "rei das Angústias" barafusta e agita aquela quinta das araras sempre que sabe ter sido dado um passo na ilhota sem o seu prévio conhecimento. Quando precisa de saber algo que lhe foge - contava-se na baixa - manda um dos seus homens de mão convidar para almoçar alguém da área pretendida para lhe tirar nabos do púcaro.
Birra das birras é quando entra alguém na Função Pública sem o devido rastreio ao contratado na Quinta das Angústias - se é militante "dos nossos", se tem alguém do PS na família, se já foi visto nalguma manif de comunas, se tem passado sindical, se participou na vaia dos Barreiros...
O comentário no café: nesse particular, a Secretaria da Educação é mártir. Já se "enganou" em certas admissões e a cúpula governo/partido estrebuchou com alarido. Quem meteu Fulano ali?
Mas há outras investigações com graça. Contaram numa destas manhãs que o grande chefe, intrigado com certo passageiro que encontrou na zona executiva do avião, logo pôs os seus serviços secretos em campo para descobrir por que cargas de água o sujeito arranjava engenho e meios para práticas vip. E lá foram descobrir, para descanso do curioso e invejoso chefe, que o passageiro só fora vip ilustre por hora e meia, dada a circunstância de a TAP ter de o colocar adiante por falta do seu lugar na turística.
Um representante da comunicação social presente na mesa logo contou a sua: Isso não é nada. "Ele" sabe a vida profissional e particular de cada jornalista, conhece todas as redacções da Madeira por dentro.
Com efeito, "ele" gaba-se de ter bufos nas redacções. Mas as informações por vezes chegam-lhe deturpadas, porque, como em tudo, quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto.
A grande piada estava guardada para um indivíduo pouco falador nesta sessão da tertúlia e que só abriu a boca ao levantar-se para zarpar:
- Ele sabe a vida de todos. E todos não sabem a dele?! Querem que...
Fui dar uma volta ao aterro.
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