FILIPE MALHEIRO É UM ÍCONE 'MARGINAL' DA MADEIRA NOVA
O importante é dirigirmos duas ou três palavras a este nosso ex-colega e sempre Amigo da Madeira Nova em que cada um de nós forçosamente viveu. Cada um à sua maneira.
Filipe vai reformar-se.
O princípio parece que foi ontem!
Antes de outra nota qualquer, não podemos deixar de recordar o dia em que o Luís Filipe Malheiro consultou os colegas do seu tempo, incluindo este vosso amigo, a pedir opinião sobre o rumo a dar à sua vida. Um acto de humildade que fica bem em toda a gente e que nele, Luís Filipe, surgiu com toda a naturalidade. Ele nunca foi de se pavonear. E até podia.
Estava em causa, nessa fase, Filipe Malheiro deixar ou não o jornalismo para integrar uma lista do PSD ao parlamento regional.
Na realidade, Filipe figurava como intimamente conotado com o partido laranja. Ele nunca o escondeu. Por isso e por muitas outras razões, incluindo a importância da coerência e das experiências profissionais, opinámos que sim, tal como fizeram outros companheiros da época. Que devia experimentar a política.
De modo que a mudança do jornalismo para a política foi consensual - ele não precisava de consultas, mas fê-las.
Depois do JM, Eco e Lusa, Filipe transferiu-se definitivamente para esse mundo - e 'marcado' com a cor laranja, obviamente.
Note-se, porém: ele suspendeu a carteira de jornalista, assim que se inclinou para a política.
Eleito na lista PSD, acabou todavia por trocar a bancada parlamentar pelo posto de chefe de gabinete do presidente da ALM.
E tantos anos de carreira - até ao fim - correram nessa área.
Sempre com uma particularidade em evidência: Filipe não se libertava, nem ele o queria, certamente, da marca de jornalista. Daí a independência que conseguiu no interior do seu próprio partido. Nem os barões PSD se atreviam demasiado pelo terreno dentro.
Pois. Com ele não havia 'muita farinha'.
Sempre com uma particularidade em evidência: Filipe não se libertava, nem ele o queria, certamente, da marca de jornalista. Daí a independência que conseguiu no interior do seu próprio partido. Nem os barões PSD se atreviam demasiado pelo terreno dentro.
Pois. Com ele não havia 'muita farinha'.
Não resistiu ao bichinho de escrever, entretanto. Manteve e mantém o seu Ultraperiferas, blogue muito concorrido. E continuou com artigos de opinião no JM, condição criticada na praça nesta base: os colunistas do regime batalham no JM pela permanência do grande chefe, Jardim, com artigos pagos a peso de ouro.
Obviamente não podemos ignorar este aspecto, ao falarmos de Filipe Malheiro. A crítica existe. Mas também não podemos esconder que ele, Filipe, não é personalidade para servir senhores incondicionalmente, nem para se servir à custa da sua dignidade. Nem para mercadejar caracteres, apostamos tudo o que temos. Luís Filipe há-de escrever sempre - e muito de cada vez, como se sabe, aqueles 'lençóis! - independentemente das suas ligações extra-jornalismo.
Felizmente que assim é. Que continuará escrevendo. A sua opinião ganhou credibilidade lentamente, com o correr dos anos. Sedimentou-se nos espíritos. É obrigatório sabermos o que o 'matreiro' do Filipe pensa e o que pretende levar-nos a pensar.
Além de Filipe ser unionista e nós maritimista, divergimos noutro ponto: Filipe tem partido, nós não.
Pior: não gostamos nada do partido que ele defende há 30 ou mais anos.
Mas gostamos dele, do Luís Filipe. Sem reservas.