Politicando

EURO DE FUTEBOL JÁ COMEÇOU NA MADEIRA

A Região tem o seu Ronaldo da política. Só que este faz o que lhe apetece dentro do campo e ainda goza o povo que paga bilhete para ver as suas loucuras

Temível ponta-de-lança.
(in 'Achas na Autonomia')

Este sabe respeitar o público pagante. (imagens Google)

Ronaldo e mais vedetas do seleccionado lusitano ainda se exercitam na concentração caseira para conseguirem boas exibições no Euro de futebol, mas o esférico já saltita no sempre difícil campo do musseque jardineirista.

As rádios não cessaram, esta quarta-feira, de citar o chefe das Angústias na sua determinação: "Vamos vencer Lisboa!"

Como, já antes, prometera derrotar a própria União Europeia, esse complicado misto de 27 membros de onde nunca se sabe o que pode sair, e agora carregou novamente nas ameaças de derrotar a 'Madeira Velha', pusémo-nos a pensar se a fase de grupos do torneio a quatro, a desenrolar na cabeça do cavalheiro, não teria já começado.

O homem acabava de inaugurar um reservatório de água de rega no sítio da Alegria, São Roque - sabe o destino quando será pago tal investimento. Então, voltou a elucubrar, a elucubrar, conjugando os devaneios produzidos pelos seus moinhos de vento sobre a mítica guerra da Madeira contra Lisboa. Mais precisamente, a guerra de Lisboa contra a Madeira, corrige ele. 

Lá foi dizendo que os madeirenses resistiram a séculos de isolamento, à colonia, às ditaduras impostas, aos ingleses... e assim tentava revoltar o povo, à uma, contra o império e a Madeira Velha.

Quando podia dizer simplesmente: madeirenses, parem de me abandonar nesta fase terminal, ajudem-me a segurar o meu partideco para ganhar depois as eleições de 2015 e continuar com as câmaras de TV atrás de mim, com as minhas passeatas a Bruxelas e o meu direito à casinha no Porto Santo a 20 euros/dia, não me tirem o carrinho Mercedes, os polícias a vigiar a minha casa quando eu estou fora, não me tirem as vénias dos invertebrados...

Quem votou na ditadura dezenas de vezes que pague a crise

Não. Em vez de ser objectivo, o homem entra na máquina do tempo e viaja aos primórdios da nossa História para vasculhar os restos de argumentos que lhe justifiquem o desejo de continuar a mandar, ditar, enxovalhar, escabaçar o resto da vida económico-financeira da Madeira.

Sem dúvida que o rei foi atacado por uma obsessão indomável de reduzir a cacos o resto da Madeira.

Cá para nós, não vemos que faça mal. O eleitorado que ditatorialmente impôs este regime durante 36 anos a quem não o queria merece isso e pior. O eleitorado, agora, que use a sua sapiência mercantilista, o seu interesseirismo e a hipocrisia subsidiodependente para se sair desta. Para se livrar da cabeça do monstro que ajudou a criar - não ingenuamente mas com instinto materialista.

Povo explorado e gozado

Da sua parte, o chefe sente-se bem. Na mesma acção partidária - noutra coisa não consiste a imparável agenda diária das Angústias - ele confessou-se mesmo "optimista e sempre bem disposto". Disse que se vai "divertindo" com os que dizem mal.

Ora, o homem não havia de andar divertido?! Ele tem o seu trabalhinho (trabalhinho!), remunerado com dois vencimentos, não há desemprego entre os seus mais próximos, ao passo que essa tragédia social se instalalou em todas as casas da Madeira, ele não passa carências à mesa, não conhece os pobres que se multiplicam, mesmo em famílias outrora relativamente prósperas, não conhece também próximos seus obrigados a emigrar... Tem os tais passeios a Bruxelas, se for preciso tem meios para colocar gente a trabalhar na capital da UE, enfim!

Quem mais detém razões para gozar o anestesiado povo madeirense a não ser sua excelência o rei das Angústias?! 

Povo, avante que o João garante!

Se o nosso 'euro de futebol' já começou, força, pontapé para a frente, que a bola está na posse da turma popular. E descansem que o Ronaldo II lá na frente 'resolve'.