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domingo, 27 de maio de 2012

Madeira ao Vivo


NÃO HÁ MILAGRES



Estamos de acordo com o bispo do Funchal: não há milagres na construção de um mundo novo. E apoiamos outra ideia deixada por D. António à margem dos crismas: cada um tem de assumir as suas responsabilidades.

Concordamos finalmente com uma tomada de posição pública do sucessor de Teodoro Faria. Mas temos de lhe apor uns pensamentos.
Que não há milagres, já todos sabem, a não ser os desgraçados mais desgraçados que ainda vão entregar o dízimo a seitas ditas religiosas como o Reino de Deus. Os desesperados ainda lá vão. Mas os que ainda raciocinam já deixaram de acreditar em milagres, sobretudo os prometidos pelos humanos.

Já quanto a cada um assumir as suas responsabilidades, caro bispo, achamos bem que o diga, mas que comece a dar o exemplo do que manda fazer. Porque Frei Tomás perdeu credibilidade, como sabe.

Largue o poder político-partidário!

O bispo do Funchal precisa de assumir as responsabilidades que o cargo ocupado na hierarquia da Igreja lhe atribui. Por exemplo, exercer a função em separado do poder político e dos partidos. O que não tem acontecido.
Por outro lado, compete-lhe assumir a responsabilidade concretamente em termos de não colaborar nos desajustamentos de mercado que inquinam a comunicação social da Madeira. O sr. bispo vai dizer que quem entregou o JM ao chefe do governo foi o seu antecessor, e que portanto não lhe cabe resolver problemas criados por outros. Mas... ora essa, caro prelado! Quem criou a situação, e pessimamente andou Teodoro Faria também aí, foi o bispo. Para o caso, bispo é uma entidade abstracta. Foi o bispo que fez a bodega, é o bispo que a tem de resolver. O bispo que estiver em funções.
Sabe-se que o Papa foi chamado a resolver problemas à volta da fundação de Portugal, mas não sabemos que Papa foi. Foi o Papa, é tudo.

Bens da Igreja ajudariam os pobres!

Perante a miséria reinante na sociedade madeirense, numa situação de galopante desemprego como não há memória, a Diocese das Quatro Fontes precisa de ajudar, mas uma ajuda material, porque não resulta mandar rezar e alimentar a fé quem anda com a barriga vazia. Ah, o bispo ajuda através da Cáritas? Ou ajuda com a ajuda dos que colaboram com a Cáritas?
A diocese tem bens. Tem a receber milhões, ao que nos dizem, do governo regional. Dinheiros correspondentes a expropriações. Pode portanto pressionar o governo para que pague o que deve, de modo a que a diocese possa ajudar materialmente - espiritualmente logo se vê - o crescente número de pobres desta terra.

Em síntese, deixemos os milagres para depois, tem razão D. António, e assumamos todos as nossas responsabilidades. Isso é com todos nós. Também com o bispo do Funchal.

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