NÃO HÁ MILAGRES
Estamos de acordo com o bispo do Funchal: não há milagres na construção de um mundo novo. E apoiamos outra ideia deixada por D. António à margem dos crismas: cada um tem de assumir as suas responsabilidades.

Que não há milagres, já todos sabem, a não ser os desgraçados mais desgraçados que ainda vão entregar o dízimo a seitas ditas religiosas como o Reino de Deus. Os desesperados ainda lá vão. Mas os que ainda raciocinam já deixaram de acreditar em milagres, sobretudo os prometidos pelos humanos.
Já quanto a cada um assumir as suas responsabilidades, caro bispo, achamos bem que o diga, mas que comece a dar o exemplo do que manda fazer. Porque Frei Tomás perdeu credibilidade, como sabe.
Largue o poder político-partidário!
O bispo do Funchal precisa de assumir as responsabilidades que o cargo ocupado na hierarquia da Igreja lhe atribui. Por exemplo, exercer a função em separado do poder político e dos partidos. O que não tem acontecido.
Por outro lado, compete-lhe assumir a responsabilidade concretamente em termos de não colaborar nos desajustamentos de mercado que inquinam a comunicação social da Madeira. O sr. bispo vai dizer que quem entregou o JM ao chefe do governo foi o seu antecessor, e que portanto não lhe cabe resolver problemas criados por outros. Mas... ora essa, caro prelado! Quem criou a situação, e pessimamente andou Teodoro Faria também aí, foi o bispo. Para o caso, bispo é uma entidade abstracta. Foi o bispo que fez a bodega, é o bispo que a tem de resolver. O bispo que estiver em funções.
Sabe-se que o Papa foi chamado a resolver problemas à volta da fundação de Portugal, mas não sabemos que Papa foi. Foi o Papa, é tudo.
Bens da Igreja ajudariam os pobres!
Perante a miséria reinante na sociedade madeirense, numa situação de galopante desemprego como não há memória, a Diocese das Quatro Fontes precisa de ajudar, mas uma ajuda material, porque não resulta mandar rezar e alimentar a fé quem anda com a barriga vazia. Ah, o bispo ajuda através da Cáritas? Ou ajuda com a ajuda dos que colaboram com a Cáritas?
A diocese tem bens. Tem a receber milhões, ao que nos dizem, do governo regional. Dinheiros correspondentes a expropriações. Pode portanto pressionar o governo para que pague o que deve, de modo a que a diocese possa ajudar materialmente - espiritualmente logo se vê - o crescente número de pobres desta terra.
Em síntese, deixemos os milagres para depois, tem razão D. António, e assumamos todos as nossas responsabilidades. Isso é com todos nós. Também com o bispo do Funchal.
Sem comentários:
Enviar um comentário