MAIORIA DE JAIME RAMOS E JARDIM NÃO SENTE PESAR NENHUM PELA MORTE DE DOIS PORTUGUESES
Baixo nível, má índole, mesquinhez e pelintrice intelectual: a revolta propagou-se às esplanadas em redor do edifício do Parlamento
Costuma-se tratar a maioria laranja como entidade abstracta, embora todas as atitudes prepotentes e indignas ao longo destes 36 anos tenham rostos. Os principais são conhecidos. Mas esses, sozinhos, não seriam maioria.
Na manhã desta triste quarta-feira, os deputados do PSD assumiram no parlamento que não sentiram nenhum pesar pela morte de dois seres humanos - o eurodeputado eleito pelo BE Miguel Portas e o juiz João Manuel Martins, irmão do padre Martins e de Bernardo Martins, ambos antigos deputados na ALM.
Vejamos quem integra o grupo parlamentar que protagonizou um dos episódios mais indecentes da negra e nauseabunda história do parlamento insular, instituição que só existe para dar dinheiro aos partidos e colar às ilhas uma falaz aparência de autonomia e democracia.
Miguel Mendonça, médico, presidente da ALM
Jaime Ramos, empresário, líder parlamentar
Paulo Fontes, Gestão de Empresas
Miguel Sousa, gestor, licenciado em Finanças
Tranquada Gomes, licenciado em Direito
Jaime Filipe Ramos, licenciado em Gestão
Coito Pita, licenciado em Direito
José Prada, licenciado em Direito
Medeiros Gaspar, economista
Savino Correia, Direito e História
Rafaela Fernandes, licenciada em Direito
Nivalda Gonçalves, Gestão Financeira
Agostinho Gouveia, Arco da Calheta
Maria João Monte, economista
Ana Serralha, Porto Moniz
Edgar Gouveia, licenciado em Direito
Emanuel Gomes, Machico, Línguas e Literaturas
Roberto Silva, ex-presidente do Porto Santo
Pedro Coelho, Funchal, economista
Vicente Pestana, engenheiro técnico agrário
Gualberto Fernandes, arquitecto
Vânia de Jesus, ex-líder da JSD
Pedro Pereira, líder da JSD
Rui Coelho (Mesa da ALM)
Ana Mafalda Costa (Mesa da ALM)
Metade destes deputados abandonou a sala de plenários para não votar o pesar pela morte de Miguel Portas; a outra metade ficou, mas recusou-se a juntar-se à oposição na homenagem ao eurodeputado que morreu há poucos dias.
No caso do juiz João Martins, toda a bancada laranja inviabilizou mesmo o voto de pesar. Inacreditável!
É impossível fazer pior, a partir do momento em que eles nem a memória dos mortos respeitam.
Portugal, incluindo o Portugal político de extremo a extremo, prestou homenagem a Miguel Portas, com a família presente. |
Se algum dos deputados referidos acima não participou na miserável sessão desta manhã de quarta-feira, ou se acaso estava noutras funções ao serviço do plenário, apresentamos as nossas desculpas, embora seja mais do que certo que qualquer potencial ausente imitaria os colegas de bancada caso lá estivesse.
Agiram todos por convicção? Cederam à disciplina partidária?
Não sabemos qual das duas atitudes é pior.
Eis o texto evocativo da figura ímpar do juiz João Manuel Martins:
Vaz de Camões cantou a memória "d'Aqueles que da lei da morte se
vão libertando” , referindo-se com particular acento a todos quantos
rasgaram oceanos e desbravaram continentes. Essa gesta continua através
dos séculos. Muitos foram aqueles que, oriundos de Portugal, levaram
mais longe o contributo da sua cultura e da sua ciência em prol de povos
e regiões mais distantes, construindo assim o abraço da portugalidade
entre os vários continentes.
É o caso do Prof. Dr. João Manuel Martins que, saído da Madeira para
Coimbra e daí para outras paragens de língua oficial portuguesa,
transportou a ciência do Direito, exercendo funções de Delegado do
Ministério Público nos Açores, depois na antiga Nova Lisboa, Angola,
transitando seguidamente, como Juiz, para a comarca do Xai-Xai,
Moçambique, posteriormente para Presidente do Supremo Tribunal
Administrativo de Maputo, articulando com o cargo a cátedra de Direito
na Universidade Eduardo Mondlane, onde formou várias gerações de
juristas moçambicanos. Representou e acompanhou, como assessor
principal, o Ministro da Justiça de Moçambique nos muitos convénios e
assembleias internacionais.
Por onde passou deixou sempre uma marca indelével de competência e
intenso labor na área do Direito, devendo-se-lhe toda a nova arquitectura
do Direito Administrativo da República Popular de Moçambique.
Dois predicados inseparáveis da personalidade dinâmica do Prof. Dr. João
Manuel Martins foram a sua sensibilidade para com as classes periféricas
da sociedade - e isso levou a dar quase toda a vida à “Africa-sua” - e o
intenso amor patriótico a Portugal, mantendo-se sempre na qualidade
de cooperante sem nunca naturalizar-se noutros países, ainda que isso
lhe vedasse o acesso aos cargos de primeira grandeza nos altos órgãos de
soberania no país que considerou como sua segunda pátria.
As cerimónias para-estatais do seu funeral e a solene homenagem que
Moçambique lhe tributou, em 7 de Abril p.p., expressam o muito apreço e
carinho que todos lhe dedicaram em vida.
Na sequência desta apresentação, propunha-se ao parlamento:
Nestes termos, a ALR da Madeira solidariza-se com a comunidade jurídica
de Moçambique e com os familiares residentes nesta Região, aprovando
o presente VOTO DE PESAR pela sua morte do Prof. Dr. João Manuel
Martins.
Os deputados PPD votaram contra a memória do grande vulto madeirense. Por ser irmão do padre Martins, presume-se.
Inqualificável!
5 comentários:
Caímos de novo nas bocas do mundo. A Comunicação Social, que não vai aos anos do João", vai continuar a zurzir-nos à conta dos representantes que escolhemos. Não nos queixemos. Eles dizem que aquela foi a nossa vontade. E "Prontes".
Enfim, é o desespero no seu melhor.
Caros Jorge Figueira e Fernando Vouga
É difícil imaginar pior comportamento de certas castas. Ninguém assume uma posição pessoal?!
Só pode assumir posição pessoal quem é pessoa.
Olha-se para a cara dos intervenientes, recorda-se as atitudes mais recentes, e está tudo dito!
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