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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Politicando

QUINTA DAS ANGÚSTIAS NÃO ESQUECE 28 DE MAIO


As tropas afectas ao projecto ditatorial em marcha para derrubar do poder as instituições democráticas instaladas na capital.


Passam 86 anos sobre o 28 de Maio de 1926, lembra-nos esta segunda-feira o artigo devidamente assinado pelo chefe do PPD e do governo regional no seu JM.
Trata-se de mais uma soberana ocasião para descarregar bílis sobre aquele período piloto da democracia que o povo pretendia para Portugal. Mas que só conseguiu sobreviver 16 anos.
Em 1910, o republicanismo instaurou no país os ideias anti-despóticos que vinham de muito antes, da Revolução Francesa, e que, à época, faziam escola pela Europa. Mas, em 1926, triunfou a Revolução de Maio que levaria aos tais 48 anos de Ditadura mais Estado Novo, centrados em Salazar e Marcello Caetano, personagens do regime que o actual chefe das Angústias defendeu com garra antes de 1974.



Há políticos da actualidade ainda com ciúmes dos que implantaram o republicanismo e a democracia em Portugal, em 1910.



Depois de séculos de regime monárquico, obviamente que a I República dominava o país sob o signo dos excessos e das divisões entre partidos, classes sociais e figuras emergentes, embora todos à procura de um figurino que estabilizasse a Nação. Fora o interregno em que Sidónio Pais se impôs na liderança nacional, em clima de clara ditadura, o novo regime caminhou aos tropeções e cabeçadas, mas sempre dentro do espírito democrático que presidira às suas origens. 



A situação actual na Madeira também pede revolução, mas democrática


Para comemorar a efeméride - 28 de Maio de 1926 -, o chefe da Quinta das Angústias escreve sobre a "situação portuguesa grave e desprestigiante" vigente naquele ano, ao rebentar da revolta. Desde as cenas desprestigiantes no parlamento aos efeitos da ditadura do maçónico Partido Democrático de Afonso Costa. "Sucediam-se greves de estudantes, havia escândalos de subornos e irregularidades em muitos serviços públicos", pinta chefe Jardim, sem equiparar tal estado de coisas com alguma situação que conheça de perto, hoje.

Recorda, sim, que Salazar não esteve na mudança de 1926. O futuro ditador só se mudou de Coimbra para Lisboa quando o foi lá buscar um oficial madeirense nascido na Calheta, em 1928 - e muito se arrependeu mais tarde o nosso conterrâneo Vicente de Freitas do seu histórico 'pontapé na democracia'.






O artigo do JM sempre reconhece que os militares, ao promoverem Oliveira Salazar, "cometeram o erro de lhe ceder poderes, uns após outros, que lhe foram consolidando o poder pessoal em termos não devolutos".
Ora, fazer tal afirmação a leitores que sem dúvida comparam a instabilidade que se vivia em 1926 ao que se passa na Madeira de hoje!
Consolidar o poder pessoal "em termos não devolutos"!
Acusar "cenas desprestigiantes no parlamento" quando, agora mesmo, o autor do artigalho é o primeiro a chamar "casa de loucos" ao parlamento da sua terra e a desprestigiá-lo não comparecendo às convocatórias no âmbito da fiscalização ao governo que compete aos deputados... e, pelos vistos, ficando ausente da discussão de uma moção de censura que o visa principalmente a ele, aprazada para esta terça-feira!

Vicente de Freitas, nosso conterrâneo, foi a Coimbra buscar o tirano do Vimieiro para bloquear o país durante 48 anos. Raio de ideia.
Não sabemos também onde tinha a cabeça António Gil Silva no dia em que, depois do futuro chefe das Angústias ter abandonado a reunião dos fundadores do PPD-Madeira, porque estes não lhe obedeciam - que ideia teve António Gil ao entrar pelo JM dentro para fazer o autor da Tribuna Livre a regressar à política!

A História repete-se. Mas tinha de ser sempre assim?

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