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terça-feira, 29 de maio de 2012

Madeira ao Vivo


TAXISTAS EM POLVOROSA COM A SECRETÁRIA CONCEIÇÃO ESTUDANTE


A primeira vitória dos profissionais de táxi, hoje por hoje, é conseguirem um lugar na praça. Ali estacionados, pelo menos não gastam combustível.


A vida dos profissionais do volante agrava-se. O seu dia de trabalho consome-se na praça, porque os serviços são praticamente nulos.

"Nestas condições, o apoio que 'ela' nos dá é pôr um autocarro de dois andares a fazer transporte de passageiros dos navios, entre a Pontinha e o centro da cidade!"
'Ela' é a secretária regional com os pelouros do turismo e dos transportes. Percebemos a referência logo à primeira, porque os rapazes de táxi que nos falam olham para os andares superiores do prédio oficial da Avenida Arriaga onde Conceição Estudante tem o seu gabinete.

"Sempre quero ver se o autocarro de dois andares passa no túnel do Ilhéu", abana-se um deles.
"Se não passar, arranjam maneira de passar por fora", adiante outro, insinuante. "O negócio a quem aquilo pertence precisa de se fazer mesmo."
Outra farpa: "Deixem lá que também daqui até ao fim do Verão não temos navios no porto. Com os preços que praticam na Pontinha, é mesmo para afugentar tudo. Puseram gente nova a governar o porto. Ora, desde que 'o deles' esteja garantido..."

Táxis 'adormecem' na praça

Os homens desesperam, ao sol da Manuel Arriaga. Os táxis ocupam todos os lugares da praça, desde a esquina com a Rua de São Francisco até à esquina com a Rua do Conselheiro José Silvestre Ribeiro.
Não há um freguês que faça andar a fila de carros uns centímetros.
"Repare que estamos a chegar à hora de almoço", exemplifica um taxista, "e não há quem apareça, porque a crise, já se sabe..."
Outro ilustra: há dois dias, conta, levou 4 horas, desde as 10 da manhã até às duas da tarde, para chegar de trás até à cabeça da fileira. "Lá consegui chegar a casa com 22 euros... porque foi o único serviço do dia!"

Outro chaufer explica: ao meter a chave no carro, no início do dia de trabalho, o taxista já está a gastar 30 euros, correspondentes às diversas despesas de funcionamento. "Ora", conclui ele, "se fazemos 22 euros num dia, ainda perdemos dinheiro!"
Lá vem Conceição Estudante ao barulho. "Ela não 'grama' mesmo a nossa classe", queixa-se um. "Percebo isso, vejo-lhe isso na cara, porque ela passa aqui todos os dias e vê como estamos enxurrados sem trabalho, uns em cima dos outros. Mas é como se nada visse."
Outra queixa: "Ela permite que nos façam concorrência à bruta com as carrinhas. Carrinha para esta agência, carrinha para aquela... E nós a pagarmos impostos para ficar aqui, todos a amarelar. Se fossem todos como eu, cada taxista incendiava uma dessas carrinhas e depois então via-se! É assim mesmo. Quanto a ela..."


Os 'riquexós' inventados no Funchal também desagradam aos taxistas. (imagem RTP)


Como é que a secretária nem sequer interfere para que as autoridade competentes proíbam aquelas espécies de riquexós que vão fazer serviço na Avenida, com turistas? Aquilo não é tradição nenhuma da Madeira!
"Pois não é tradição, mas serve para ela nos fazer guerra", explica um adversário intransigente da política do turismo regional.

...E ainda por cima são multados!

Sábado passado, assistimos a uma cena que não percebemos bem. Um agente da PSP a multar um taxista que tinha o veículo parado logo atrás da praça no Largo do Phelps, ainda antes do semáforo - um espaço livre mas cheio de traços brancos do trânsito. Na ocasião, reflectimos: vem este homem para a cidade trabalhar, tentar ganhar o dia para segurar a família, e eis como a polícia, que é paga pelo povo e que deve estar ao serviço do contribuinte, eis como a polícia lhe paga o esforço! Grande crime deve ter cometido o taxista para o agente não 'fechar os olhos' e, em vez disso, lhe estragar o trabalho de vários dias!

Claro que normalmente o taxista, no conceito do cidadão, 'não é flor que se cheire'. Mas não pode ser 'bombo de festa' quando a situação está mal para todos. É o que nos fazem ver os que nos falam na Avenida Dr. Manuel Arriaga.
"Essa multa no Phelps deve ter sido porque o homem aguardava uma oportunidade para entrar na praça. Veja o que se passa acolá (o homem aponta-nos um táxi parado a meia Rua de São Francisco, sem carros à frente nem atrás). Ele tenta ver se nós aqui chegamos à frente, para ele entrar no último lugar da fila. Olhe lá em cima (outro táxi queima tempo no desvio dos estacionamentos perto das Galerias de São Francisco). O drama daquele é o mesmo. Paramos assim perto das praças para não gastarmos o combustível, às voltas. Mas os polícias que costumam ficar ali (quiosque de jornais diante da Madeira Wine) não permitem aquilo. Mandam logo desandar o táxi... quando não multam mesmo, como nesse caso de que fala."

O outro taxista resume: "Hoje em dia, é uma vitória entrarmos na praça, porque estão todas cheias. Ao menos quando ficamos estacionados ali, não gastamos gasóleo."
Quando perguntamos se não valeria a pena insistirem com o governo regional, tentar evidenciar a crise acrescida que lhes ataca o quotidiano, os rapazes de táxi olham de soslaio para os andares superiores da Secretaria do Turismo, poucos metros à ilharga, e abanam a cabeça, enquanto procuram sabem lá o quê para fazer e matar o tempo.
Do mal o menos, enquanto 'secam' à espera, podem desfrutar do sedativo roxo dos jacarandás na placa da Manuel Arriaga e também das delícias coloridas do Jardim Municipal.
O pior é que os filhos não comem flores nem paisagem.


A manhã de segunda-feira foi dedicada ao desmanchar da Feira do Livro. Menos movimento ainda na Dr. Manuel Arriaga.

3 comentários:

Anónimo disse...

Nos Horários do Funchal é outro tipo de drama só que há"almofadas" que por sinal sai caro aos contribuintes...

Muita terra por cavar disse...

Os taxistas querem é "mole".
Peguem numa enxada que há muita terra por cavar em volta da ilha.

Luís Calisto disse...

Nem tanto ao mar nem tanto à serra.