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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Delírios da Madeira Nova



Livro de estilo dos comunicados reais 



Todos os dias sai 'literatura' presidencial das Angústias para baixo que, se Paulo Pereira tem tudo bem arquivado, a Madeira dispõe de património de sobra para uma enciclpédia humorística sobre os delírios da 'Madeira Nova'. 



Vem de longe a original e bizarra teoria segundo a qual a Crítica jornalística existe para ser criticada e não para criticar. Estapafurdismo necessariamente circunscrito ao território madeirense e, cá dentro, à cabeça do chefe das Angústias. Chefe, também nesta maluquice narcísica, delirantemente aplaudido por meia dúzia de fanáticos do tacho e adjacentes mamolas que não põem as mãos em pala ao lado dos olhos para verem só para a frente, como os burros, mas em pala atravessada mesmo diante dos olhos, por acharem conveniente nada enxergar.


Para que se inventou a comunicação social?


Na perspectiva de sua excelência, a comunicação social foi inventada para lhe elogiar a obra feita, quer a útil quer a ruinosa. Manhã em que não surjam impressas bajulices à política do sobado laranja, os caracteres zunem pelas secretárias das Angústias com um pretexto qualquer a sustentar a vomição. E então se, além de 'esconder' os monumentais feitos do rei, algum 'escriba' se atreve a manifestar um reparo à vida na Madeira, toda ela ditada pela cúpula tribal, as verrinosas palavras do comunicado precipitam-se por Santa Catarina abaixo como um rio furibundo e espumoso de veneno, varrendo desapiedadamente a pobre capela do parque para depois  transbordar das margens da Ribeira de São João e continuar cidade além, até aniquilar sem dó nenhum a redacção de onde haja saído tal atrevimento.


Caprichos da ilha


Quem desalinha do capricho imbecil do grande chefe e faz jornalismo como lhe mandam o código ético e a própria consciência, borrifando-se com olímpica indiferença para os desesperos cuspidos das Angústias para baixo (ou para cima, quando a TV e a rádio públicas funcionam normalmente) - quem manda o homem à fava ou a outro sítio pior no capítulo dos critérios jornalísticos, já sabe que receberá os epítetos de comuna, súcia, frustrado, exótico, vendido, traidor, colaboracionista e por aí fora.
Ao longo do processo regional iniciado no fatídico ano de 1976, em que o rei praticamente se alapou ao poder, alguns capitularam e baixaram a guarda, deixando correr o destino. Outros enfrentaram as bojardas do chefe e, atacados no campo pessoal, aguardam a hora de reparar as ofensas. Postura, aliás, transversal a todas as áreas da vida insular. Mas, se há espíritos vingativos, menores, também há quem tencione nem sequer dar a confiança de uma pendência de honra.


Ai Timor! Nem um tostão...


Persistindo a filosofia de que a Crítica existe para servir de bombo na festa propagandística do chefe, ainda agora, nesta quarta-feira, despejaram-se das Angústias abaixo dois comunicados, mesmo com assinaturas distintas, que comprovam o que estamos a dizer.
O jornalista Tolentino de Nóbrega, convidado para moderar uma conferência sobre Timor Leste, apanhou com um desmentido sobre a evocação que fez do tempo em que o chefe rural da Madeira disse bem alto que não iria "nem um tostão para Timor". Recordando Tolentino a propósito a ironia de, na sequência do 20 de Fevereiro, serem os timorenses a enviar auxílio financeiro à Madeira.
Um desmentido oficial, pois, a mentir dizendo ser mentira o que foi verdade - e de que toda a gente se lembra, pasme-se.
Isso além de sua excelência pôr em causa a escolha do jornalista, correspondente do 'Público', para o debete em questão. Pois se o homem manda em tudo!...
E lá disse o homem que os outros continuam com fixação na sua pessoa - o que é de gargalhada. Como se dizia na escola, décadas atrás, "chama-me antes que eu te chame".

Onde está a peixeirada?

Um outro comunicado no mesmo dia, claro, porque um só não chega para o tempo de antena que o ego exige diariamente. Tratava-se de acusar a imprensa de especular sobre a feira da ladra em que se está a tornar o galinheiro da Rua dos Netos. Ninguém se entende lá dentro, o homem teve de fazer na comissão política dramáticas perguntas para tentar juras de uma fidelidade inexistente, um pandemónio com as facções a fugirem cada qual para seu lado...
E conclusão de sua excelência para dar brilho ao comunicado: vocês, que andam nessa 'peixeirada' dos jornais...
Olha onde está a 'peixeirada'!


Uma pessoa que chegasse aí pela primeira vez, ou fugia como o diabo da cruz ou perguntava se não há casas de saúde na Madeira.


2 comentários:

jorge figueira disse...

Lá está, não tenhamos dúvidas. Quem esteve na base da afirmação:nem mais um tostão para Timor foi o Tim Tim.Os Timorenses, pobres coitados, fugiram aos colonialistas portugueses (falando sério, diga-se que têm sido aqueles que, historicamente, melhor nos entendem)e, os "vizinhos", para derrubarem comunistas, mataram-nos à fome. Agora a rapacidade pós-colonial prepara-se para os desapossar do petróleo e gás natural. Imagine o destino doutra ilha mais pequena e com apenas má educação como riqueza natural....

Luís Calisto disse...

Este património regional da 'descontracção e estupidez natural' tem de ser aproveitado como chamariz turístico, sim senhor. É único no mundo!