Livro de estilo dos comunicados reais
Todos os dias sai 'literatura' presidencial das Angústias para baixo que, se Paulo Pereira tem tudo bem arquivado, a Madeira dispõe de património de sobra para uma enciclpédia humorística sobre os delírios da 'Madeira Nova'. |
Vem de longe a original e bizarra teoria segundo a qual a Crítica jornalística existe para ser criticada e não para criticar. Estapafurdismo necessariamente circunscrito ao território madeirense e, cá dentro, à cabeça do chefe das Angústias. Chefe, também nesta maluquice narcísica, delirantemente aplaudido por meia dúzia de fanáticos do tacho e adjacentes mamolas que não põem as mãos em pala ao lado dos olhos para verem só para a frente, como os burros, mas em pala atravessada mesmo diante dos olhos, por acharem conveniente nada enxergar.
Para que se inventou a comunicação social?
Na perspectiva de sua excelência, a comunicação social foi inventada para lhe elogiar a obra feita, quer a útil quer a ruinosa. Manhã em que não surjam impressas bajulices à política do sobado laranja, os caracteres zunem pelas secretárias das Angústias com um pretexto qualquer a sustentar a vomição. E então se, além de 'esconder' os monumentais feitos do rei, algum 'escriba' se atreve a manifestar um reparo à vida na Madeira, toda ela ditada pela cúpula tribal, as verrinosas palavras do comunicado precipitam-se por Santa Catarina abaixo como um rio furibundo e espumoso de veneno, varrendo desapiedadamente a pobre capela do parque para depois transbordar das margens da Ribeira de São João e continuar cidade além, até aniquilar sem dó nenhum a redacção de onde haja saído tal atrevimento.
Caprichos da ilha
Quem desalinha do capricho imbecil do grande chefe e faz jornalismo como lhe mandam o código ético e a própria consciência, borrifando-se com olímpica indiferença para os desesperos cuspidos das Angústias para baixo (ou para cima, quando a TV e a rádio públicas funcionam normalmente) - quem manda o homem à fava ou a outro sítio pior no capítulo dos critérios jornalísticos, já sabe que receberá os epítetos de comuna, súcia, frustrado, exótico, vendido, traidor, colaboracionista e por aí fora.
Ao longo do processo regional iniciado no fatídico ano de 1976, em que o rei praticamente se alapou ao poder, alguns capitularam e baixaram a guarda, deixando correr o destino. Outros enfrentaram as bojardas do chefe e, atacados no campo pessoal, aguardam a hora de reparar as ofensas. Postura, aliás, transversal a todas as áreas da vida insular. Mas, se há espíritos vingativos, menores, também há quem tencione nem sequer dar a confiança de uma pendência de honra.
Ai Timor! Nem um tostão...
Persistindo a filosofia de que a Crítica existe para servir de bombo na festa propagandística do chefe, ainda agora, nesta quarta-feira, despejaram-se das Angústias abaixo dois comunicados, mesmo com assinaturas distintas, que comprovam o que estamos a dizer.
O jornalista Tolentino de Nóbrega, convidado para moderar uma conferência sobre Timor Leste, apanhou com um desmentido sobre a evocação que fez do tempo em que o chefe rural da Madeira disse bem alto que não iria "nem um tostão para Timor". Recordando Tolentino a propósito a ironia de, na sequência do 20 de Fevereiro, serem os timorenses a enviar auxílio financeiro à Madeira.
Um desmentido oficial, pois, a mentir dizendo ser mentira o que foi verdade - e de que toda a gente se lembra, pasme-se.
Isso além de sua excelência pôr em causa a escolha do jornalista, correspondente do 'Público', para o debete em questão. Pois se o homem manda em tudo!...
E lá disse o homem que os outros continuam com fixação na sua pessoa - o que é de gargalhada. Como se dizia na escola, décadas atrás, "chama-me antes que eu te chame".
Onde está a peixeirada?
Um outro comunicado no mesmo dia, claro, porque um só não chega para o tempo de antena que o ego exige diariamente. Tratava-se de acusar a imprensa de especular sobre a feira da ladra em que se está a tornar o galinheiro da Rua dos Netos. Ninguém se entende lá dentro, o homem teve de fazer na comissão política dramáticas perguntas para tentar juras de uma fidelidade inexistente, um pandemónio com as facções a fugirem cada qual para seu lado...
E conclusão de sua excelência para dar brilho ao comunicado: vocês, que andam nessa 'peixeirada' dos jornais...
Olha onde está a 'peixeirada'!
Uma pessoa que chegasse aí pela primeira vez, ou fugia como o diabo da cruz ou perguntava se não há casas de saúde na Madeira.
2 comentários:
Lá está, não tenhamos dúvidas. Quem esteve na base da afirmação:nem mais um tostão para Timor foi o Tim Tim.Os Timorenses, pobres coitados, fugiram aos colonialistas portugueses (falando sério, diga-se que têm sido aqueles que, historicamente, melhor nos entendem)e, os "vizinhos", para derrubarem comunistas, mataram-nos à fome. Agora a rapacidade pós-colonial prepara-se para os desapossar do petróleo e gás natural. Imagine o destino doutra ilha mais pequena e com apenas má educação como riqueza natural....
Este património regional da 'descontracção e estupidez natural' tem de ser aproveitado como chamariz turístico, sim senhor. É único no mundo!
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