GUILHERME SILVA 'SOMA E SEGUE'
O fossilizado parlamentar do PPD especializou-se como uma espécie de MacGyver a tentar desemaranhar as embrulhadas criadas pelo seu patrão das Angústias
Vinte e tal anos depois, o desenrascado MacGyver encontra delfim. |
Guilherme faz um pouco diferente do que fazia o da série TV: em vez de safar, entala mais aquele a quem tenta justificar. |
O fóssil político mais mediatizável do PPD madeirense, investido há 3 décadas nas funções de deputado em São Bento, não pára de trabalhar. O seu trabalho, como se sabe, consiste em tentar desenrascar, aos olhos do país, as broncas criadas diariamente pelo seu líder regional.
Ainda ontem, quarta-feira, pedíamos encarecidamente ao Dr. Guilherme a fineza de não conceder entrevistas tão cedo, porque as últimas rebentaram com a estrutura mental de quem as ouviu. Quanto mais loucas e complexas as trampolinices do rei das Angústias, mais engenho precisa este segundo MacGyver 'resolve-tudo' para conseguir disfarçá-las.
Mas eis que, nesta manhã de quinta-feira, logo nos deparamos com aquilo que receávamos: as explicações do sr. deputado e advogado milionário do regime insular para uma recente bojarda do chefe. A qual apontava para o abandono da União Europeia por parte da Madeira, caso em Bruxelas continuem a fazer muito barulho contra a Zona Franca do Pestana.
Vasculhando no fundo da sua criatividade, Guilherme Silva diz então no JM, com superior perspicácia: o chefe "pôs bem o problema."
Segue-se depois o habitual rosário de lugares comuns e analogias suficientemente ambíguas para nada se perceber. Assim, a vítima que seguir tais declarações depressa esquecerá o tema de que se está a falar.
Chefe é um pestezinho a "pôr bem os problemas"
Ora se o chefe "pôs bem o problema"! Claro que o pôs até muito bem, ao agitar a "proposta inteligente" que seria criar-se um estatuto especial para a Madeira, de modo que a Zona Franca se desembaraçasse dos contrapesos de Lisboa e de Bruxelas!
A isto, sim, chama-se "pôr bem os problemas".
O que vem reforçar a tese do Dr. Guilherme segundo a qual a Madeira fecharia portas - como aliás acontece com todo o comércio - no dia em que o rei, por algum motivo impossível, abandonasse as araras de lá de cima e fosse regar as flores na Rua Pedro José de Ornelas.
É que nem dentro do PPD nem fora - recordamos as palavras do Dr. Guilherme MacGiver - existe alguém capaz de governar esta Madeira.
Acrescentamos nós com algum atrevimento: nem sequer existe alguém capaz de a desgovernar tão bem como faz o rei!
Tolices e contradições
Mas quem seria capaz de dizer tantas tolices por hora? Quem se pode contradizer como ele da manhã para a tarde, para depois o Guilherme resolver?
E quem seria capaz de encerrar com estilo real uma festa da cebola no Caniço, chamando cachorro e tudo a quem perturbe o discurso partidário? Inaugurar um tanque de rega em São Roque e prever futuro de presidente a Manuel António? Inaugurar uma vereda em São Vicente? A tabuleta de mais um impasse na Calheta? Visitar uma lojeca no primeiro aniversário da inauguração? Entregar prémios no golfe, pagos pelo povo? Participar num concurso de vinhos engarrafados? Presidir à festa de anos das casas do povo? Asneirar e ridicularizar a Madeira nas aberturas de conferências e congressos participados por personalidades forasteiras? Palpitar, como fazia no tempo das vacas nutridas, nas reuniões para constituir o plantel do Marítimo?
Obras excedentárias para exportar
As actividades normais do sr. chefe, realmente, decorrem com pompa merecedora de telejornais e páginas matutinas. Sem discussão, não vemos quem seja tão capaz, tal como pensa o nosso MacGyver.
É certo que o homem fez muita obra - e até fez a mais, para o caso de um dia ser preciso exportá-la. Falamos de marinas excedentárias, pavilhões construídos como cogumelos, piscinas sem água, fóruns para ratos, parques industriais para cabras, centros cívicos para usar uma vez por ano, campos de futebol para usar em dia de concelho, parques desportivos que eram para o Manchester e o Bayern treinarem, mas que nem o Carvalheiro utiliza - enfim.
O homem não pode fazer tudo...
Certo é também que o homem não consegue trazer o dinheiro de que a Madeira precisa. É verdade que ele está vedado ao diálogo com a capital onde se decide tudo. Pois, ele não vislumbra soluções para o desemprego, para essa pobreza que alastra como rastilho aceso, para o colapso do comércio, para o JM, enfim, não consegue executar absolutamente nada do que compete a um governo.
Antes que o Dr. Guilherme MacGyver apareça com o seu expediente para justificar o patrão perante a realidade aqui descrita, avançamos nós: sim, o homem das Angústias também não pode fazer tudo.
2 comentários:
Não foi S. Exa, o sr. deputado, que em Lisboa condenou as parcerias publico- privadas do Sr. Pinto de Sousa e horas depois, já na RAM, avalizava as vias locais com a mesma base jurídica? Não foi também ele que disse que o Grande Líder chamara casa de loucos à ALM por piada dado o seu (dele)feitio brincalhão. Seria bom alguém explicar ao Sr. que os tempos já não estão para piadas, isto apesar de, às vezes, a nossa vida colectiva se assemelhar a uma comédia representada por canastrões.
REALMENTE, É DIFÍCIL LEVAR TUDO ISTO A SÉRIO. DIFÍCIL E PERIGOSO PARA A SAÚDE MENTAL.
Enviar um comentário