19 Janeiro 2019
Do
IX ao XVII Congresso do PSD
Como
reunificar tantas desuniões?
Não será fácil pôr novamente o Laranjal em marcha. |
Ante
a encenação montada para o XVII Congresso do PSD-M que arranca este
sábado no Funchal, ocorre-me o abalo partidário que marcou o IX
Congresso de 2000. Bem como algumas das peripécias mil na luta pelo
poder laranja regional destes 19 anos. Tem a ver com a liderança
contemporânea.
À
chegada ao Tecnopólo, naquela manhã de Março de 2000, os
congressistas do PSD-M encontram um Miguel Albuquerque mais
sorridente do que o habitual. Todos adivinham a euforia que lhe vai
no íntimo. Duas sondagens publicadas nesse dia em jornais diferentes
- DN e Tribuna - dão-lhe margem folgada sobre Cunha e Silva e Miguel
de Sousa no favoritismo para a sucessão de Jardim. Os
congressistas retraem-se nos cumprimentos ao então presidente da
câmara do Funchal, para evitar más interpretações. Chefe Jardim,
à época, apostava claramente em Cunha e Silva.
O
IX Congresso meteu muito mais discussão de delfins do que se previa,
por causa das sondagens. João Cunha e Silva lamentou-se de
lidar com um Fiat 600 enquanto outros corriam em Ferrari. Como
resposta, Jardim levou-o depois para vice do governo. Assim, já
podia correr ombro a ombro com o presidente da câmara na luta pelo
pós-jardinismo.
Naquele
congresso, porém, Albuquerque foi a estrela que mais brilhou. A sua
popularidade passava da suposição ao facto.
Todos
nos lembramos do que se seguiu. As relações de Jardim com
Albuquerque destemperaram-se a determinada altura. O líder a não
perder nenhuma oportunidade para desgastar o 'rei das sondagens' que
se seguiram sobre a sucessão. Albuquerque a insistir no chavão de
'pensar pela sua cabeça'. Até que, sobretudo depois de
2010, Albuquerque se mostrou decidido a 'pegar' no partido
rapidamente. Empreitada complexa, já que Jardim nitidamente não
queria sair. Vêm as internas de 2012 e o autarca decide
enfrentar nas urnas o carismático líder. Que ganha por um
fio. Mas adivinha-se que o salto de Albuquerque é questão de tempo.
A
luta vai para campo aberto. Jardim na acção, o delfim na reacção.
O
chefe acusa o pretendente de lhe querer 'espetar facas nas costas'.
De ter decidido avançar quando soube do ataque de coração sofrido
por ele, Jardim. O líder diz-se alvo de parricídio. Cola o delfim
rebelde à imagem das revistas de cabeleireiro e pressagia-lhe um
destino de 'desempregado político'. Acusa-o de sabotar campanhas
eleitorais do PSD. De ser o candidato do Blandy e da oposição. O
escolhido pela maçonaria para 'rebentar o PSD por dentro'. Tenta
mesmo expulsá-lo do partido, processo que aborta graças à firmeza
e coragem do então presidente do Conselho Jurisdicional, José
Prada.
Albuquerque
insistia na caminhada, sendo notório que os apoios à sua
candidatura cresciam, curiosamente dentro e fora do PSD. Isso apesar
de Jardim ter mudado a agulha de Cunha e Silva para Manuel António
Correia. O jardinismo estava em queda, como provou o desaire
eleitoral do PSD nas autárquicas de 2013, incluindo a perda da
capital. O processo de transição a partir de uma velha liderança
estva definitivamente inquinado.
Em
Abril de 2014, começam a surgir as candidaturas. Situação bizarra
que eleva o número de pretendentes à meia dúzia: Albuquerque,
Cunha e Silva, Sérgio Marques, Manuel António, Miguel de Sousa e
até o reservado Jaime Ramos. Panóplia estimulada por Jardim, para
quem, na altura, 'quanto pior, melhor'. Se tudo corresse mal, talvez
ele depois do congresso ainda pudesse continuar na Quinta
Vigia até Outubro de 2015. Depois se veria.
Mas
a sensação geral era que o seu tempo expirara. Miguel acabou por
ganhar a disputa e provocou eleições regionais antecipadas.
Estava
consumado o processo. Aliás, não estava. Jardim continuou a mostrar
antipatia pela nova geração laranja. Albuquerque, por sua vez, para
fugir à acusação de continuidade, afastou a velha guarda
jardinista. Afinal, a guerra fratricida continuou.
Os
miguelistas que pensaram ter pela frente 40 anos de poder, como
acontecera antes, enganaram-se. Subestimaram a capacidade de
surpreender que a política tem. Quanto a partidos capazes de
rivalizar com o PSD, não se encontrava nenhum, realmente. Mas havia
um político novo que desde 2013 gozava individualmente da simpatia
popular, Paulo Cafofo. O qual já influenciou a correlação de
forças. O PSD ganhou a maioria absoluta nas regionais de 2015, mas
por uma unha negra.
Depois
destes três anos de governo Albuquerque, temos a seguinte equação:
o PS-M sozinho é capaz de baixar dos 5 deputados que tem; será que
com Cafofo é capaz de chegar aos 24?
Solução:
já foi 'mais impossível'. Mas vá lá que não haja maioria absoluta para ninguém.
É
neste contexto que o PSD novo e o velho se juntam para mostrar
unidade no congresso que começa hoje no Funchal. Depois da
translação iniciada no IX Congresso, chega-se ao XVII numa situação
que ninguém imaginava possível. Em 2000, mandava Jardim no PSD,
Miguel Albuquerque foi a estrela. Hoje, manda Miguel Albuquerque, a
estrela do congresso será o senhor que usará da palavra logo a
seguir ao mesmo Albuquerque: Jardim. É a ele que todos querem ouvir.
Afinal, tem peso ainda.
Chegarão
a tempo? Hum...
A
política tem coisas assim. Albuquerque não sonhava, ao ver as
sondagens empolgantes em Março de 2000, que no dia de hoje, 19
anos passados, ao iniciar o XVII Congresso, apanharia com uma
sondagem (no DN) que desta vez não lhe promete futuro, antes lhe põe
a cabeça a prémio. Veremos se o 22 de Setembro dirá que a
estratégia de unidade forçada lhe permite continuar a governar à
vontade ou o mandará friamente, não para o desempregado político,
mas para a reforma.
No
fundo, o resultado dependerá do próprio Albuquerque, se ele
consegue impor-se de uma vez por todas ou não. Um capitão de navio
só é promovido quando mostra saber enfrentar a tempestade. Miguel
sabe disso e costuma dizer que "a vida do mar é dura".
Unidade... |
10 comentários:
O Cafofo, o Albuquerque e o Jardim são tão iguais, defendem todos os mesmos lambões, que seja o PS ou PSD a mandar... a trampa será sempre a mesma. Ah povo enganado e burro!
Julgo que o Rui das Festas será uma boa alternativa!!! Homem trabalhador, honesto, sério, JUSTO e virado às culturas. E um primor em contas até põe os empreiteiros a declarar que CMPS não lhes devia nada, para provar ao TC que tinha tudo arrumadinho . A Célia descobriu debaixo dos tapetes mais de 2 milhões de dívida tanto quanto o homem gastou no último mandato em FESTANÇAS e comezanas. .... MA premiou-o com a subida à CP ....... a investigação continua , aguardemos!!!
Anda tudo preocupado com os tachos, a perda de chorudos ordenados está a pôr em panico a laranjada.
Boa história Senhor Calisto.
Grande erro-AJJ ter continuado depois do ano 2000.
As dívidas vieram a seguir torneando Manuela Ferreira Leite com as Sociedades de Desenvolvimento.
Erro Fatal-Cunha Silva-de cognome o Gastador arrogante.
Culpa Total-AJJ
Próximo episódio:
Entrega do poder ao Cafofo- Ajj devia ser chamado a protagonizar esse momento histórico
Que serve querer conduzir um Ferrari, se uma pessoa não tem "unhas" para agarrar o volante, (também podia ser cunhas), e espalha-se ao comprido, na primeira curva que encontra? As sociedades de desenvolvimento que só serviram para criar dívidas e alimentar uma casta de "chulos" do erário público, são as curvas que encontrou pela frente, e que somos nós contribuientes pagantes que vamos pagar o "bate chapas" e o "pintor" de um menino mimado que queria conduzir um Ferrari!
Estou de acordo, ó das 16.32.
O problema é que não vejo nenhum cafofiano com unhas para o Ferrari.
Cafofo e o sinal de se curvar a Lisboa vergonha
Ò "Jacinta", anda aqui um anónimo a chamar-te nomes!
Quando acabares de lambuzar a chefe no Congresso ou a fazer upload de facturas da CMF para lixar o Cafofo, vem defender a honra!
Este já beija a mão ao Pai da Madeira
Podera...
O DN já anda a fazer futurologia e a mandá-lo pelas canas a dentro
Já diz o ditado.
" Mão que não podes morder, beija-a"
Pudera, ó das 14.58. Pudera.
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