Coelho avisa Costa cara a cara:

Eleitoralismo nunca mais!

O primeiro-ministro António Costa foi surpreendido esta manhã por uma acção política do trabalhista José Manuel Coelho em pleno auditório John dos Passos, Ponta do Sol. Decorria uma chamada convenção 'Madeira é Europa', de socialistas, com a participação de Costa, quando o antigo deputado e candidato à Presidência da República desfraldou um cartaz com os dizeres "Jardim - Costa - eleitoralismo nunca mais".

(DN on line)

"Os socialistas também criticaram, e bem, o Alberto João porque ele deixava dezenas e dezenas de inaugurações para perto das eleições a fim de se aproveitar do cargo de governante e nesse papel fazer uma campanha eleiçoeira ilegal", começa José Manuel Coelho por explicar a sua acção de hoje. "O que vemos agora é os socialistas fazerem a mesma coisa. O Costa aproveita-se do cargo de primeiro-ministro para imitar o Alberto João no eleitoralismo. E o Cafofo faz o mesmo, utilizando diariamente o palco oficial de presidente da câmara com fins descaradamente eleitoralistas."

Campanha eleitoral obscura.

José Manuel Coelho exige que os dignitários em funções com interesses na campanha eleitoral suspendam os mandatos. "Se tomarem essa atitude, podem fazer as campanhas que quiserem. Agora assim não. Eles diziam que o Alberto João se devia demitir para fazer campanha e agora são eles a usar os cargos oficiais nestas alturas!" 

Os trabalhos na Ponta do Sol começaram pelas 9h30 e alguns operacionais do PS-M, empregados na Frente Mar, e até o vereador funchalense e secretário-geral do PS, João Pedro Vieira, apercebendo-se de que havia 'número de Coelho' na forja, tentaram dissuadir o irreverente dirigente do PTP da iniciativa. O que não conseguiram até Costa saltar da viatura negra pelas 10 horas, nem depois de o visitante se acomodar na sala da 'convenção'.

Outros elementos afectos aos organizadores tentaram travar a diligência política de Coelho. Mas o desconcertante e criativo político utilizou a sua experiência neste tipo de situações com sucesso total. Conseguiu pois posicionar-se com o cartaz desfraldado no melhor ângulo para ser visto por António Costa e demais oradores da 'convenção', bem como pelos assistentes que lotaram a sala. Nem sequer o policial da segurança de António Costa logrou demover José Manuel Coelho. 

O ex-deputado do PTP chegou a pedir a palavra à anfitriã da conferência, Célia Pessegueiro. Não recebendo autorização para dizer o que tinha a dizer, manteve a mensagem do anti-eleitoralismo no cartaz bem presente durante as duas horas de intervenções sobre coesão territorial. 

Na sua vez de intervir, António Costa, que atravessa claramente uma fase de descontrolo emocional, como se viu ontem em S. Bento, ameaçou: "Pela Madeira, vou até onde for necessário!" Na circunstância, o primeiro-ministro e líder nacional do PS, indisposto com a exigência de Albuquerque no congresso do PSD-M para que Marcelo interfira no relacionamento Lisboa-Funchal, delatou o chefe do executivo regional. Acusou-o de faltar a uma reunião das RUP e mostrou uma imagem em que se via Paula Cabaço a representar a Madeira. 

Cafofo saltou em defesa de Costa e do PR eleito pela direita, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmando que ambos têm tratado bem a Madeira.

Já Emanuel Câmara considerou que "a bola de neve (implantação de Cafofo) está a crescer" a ponto de Albuquerque, depois de ter "escorraçado Jardim da governação da Madeira", foi pedir ajuda ao antigo chefe.

Com pressa de voar para os Açores, António Costa saiu a correr para o carro negro que o levou para o aeroporto de Santa Catarina. 

Pelo estilo da pré-campanha eleitoral de Cafofo-PS, que pelas ameaças de Costa contará com mais participações do primeiro-ministro, parece que José Manuel Coelho terá um Verão trabalhoso, até porque certamente os operacionais que jogam a sobrevivência laboral nas próximas eleições pedirão reforços. "Esta manhã, os do PS arranjaram dois capangas para me tirar e rasgar o cartaz", conta Coelho. "Andaram a rondar-me com ameaças, que se eu abrisse o cartaz voava eu e voava o cartaz."

Ou seja: não é apenas no aproveitamento eleiçoeiro que a nova vaga Cafofo-PS imita o regime que tanto criticava no antigamente. É também na atmosfera caceteira e jagunceira que se começa a respirar.   

Quem vai à guerra...