1 de Junho 2019

Péssimas notícias

A desgraçada semana 

ainda não acabou:

amanhã há mais

Raio de altura para falar de candidatura ao governo os senhores do PS foram escolher. Aliás, Paulo Cafofo, já que o timing desta decisão desesperada não foi consensual na área socialista.

Cafofo saiu derrotado no domingo em toda a linha. Com ênfase no 10-0 onde 'jogava em casa', até à data presumido de que levitava numa atmosfera funchalense de popularidade e simpatia. Ora, nos dias a seguir à derrocada, candidatar-se à direcção do clube de bisca lambida da aldeia já não seria boa ideia - quanto mais a um governo regional! 

O homem gaguejou a explicação da medida: a Madeira não podia esperar mais por ele. Os madeirenses que o encontravam na rua confessavam-se à beira de 'estalar', tal a ânsia pela chegada do novo D. Sebastião. Ou avança já ou morremos de paixão!

Pois é. Alguns infelizes que estão lá em cima no '300', coitados, também costumam teimar: "eu sou o Napoleão".

Aquela noite eleitoral foi um fadário. 

De tão convencidos que andavam, os socialistas assumiram que as europeias seriam primárias das regionais. E agora? - pensaram eles na maldita noite de domingo.

Alguns tentaram centrar a importância do dia eleitoral na eleição de Sara Cerdas - resultado conhecido muitas semanas atrás, desde que Costa deu o 6.º lugar à jovem médica. 

Quanto aos aterradores números de votos nas urnas, Emanuel Câmara transformou-os num cartão amarelo ao PSD, vencedor claro - ameaçando desde logo o presidente (digamos assim) do PS que o cartão vermelho ficava para Setembro.

Era Sara Cerdas a falar, a falar, sempre de agricultura, pescas e bananicultura e da luta que travará em Bruxelas para defender a Madeira, imagina-se como será, Cerdas falava e falava, e depois então continuava a falar, imitando a máquina de costura do Picareta.

Os presentes na sala, potenciais integrantes de listas e de pastas que o Cafofo distribuirá dentro em breve - deixe correr, Leitor -, gritavam PS! PS! quando pressentiam que o directo da RTP-M estava lá.

E Cafofo refugiado a esconder a cremalheira nervosa. Nem sequer vimos nas imagens o presidente da Comissão Regional, Bernardo Trindade. Como diz o outro, tá mas é quieto.

Não havia como dar a volta, como se constatou nas horas e dias seguintes. Os boletins informativos diários de apoio à nova vaga cafofa bem arranjaram leituras e mais leituras para disfarçar a desgraça. O que só piorava as coisas, pelo lado do ridículo.

Pensei que Paulo Cafofo se faria de novas e deixaria correr uns dias de nojo para dar tempo a uma reflexão com pés e cabeça. Afinal, só não há remédio para a morte. Mas qual quê! O "candidato a presidente do governo" pensou que o próprio velório destes dias servia para mais uma rábula de exibicionismo pessoal, e então marca nova opereta para o átrio da câmara: despedida do "ídolo" com convite aos funcionários todos. Foi quase um funeral. Das centenas e centenas de funcionários municipais, apareceram uns 30, reforçados pelos tacho-dependentes do PS. De lagrimazinha ao canto do olho, os amigos das PSoas ouviram o auto-elogio fúnebre do Prof. Mentiras, a dizer que deixava a câmara melhor do que encontrara (risos), seguindo-se uns abraços sentidos.
Mas não. Ele estava ali vergado sob o peso da terrível derrota do domingo anterior, que confessadamente não lhe passava pela cabeça.  

Cafofo parecia estar de partida para uma guerra de morte certa. Parecia - e o risco é bem grande. Morte política, obviamente.

O feitiço voltou-se contra o feiticeiro. 

Aprendida a lição do último par de anos, os laranjas rivais passaram à mó-de-cima. 

Andam no terreno com agenda elaborada e não esgalhada em cima do joelho.

Enquanto Cafofo e seus rapazes passaram esta semana com os seus números de circo sem nexo, Albuquerque fez pela vida. Lá foi ele até à Gesba, mostrando boa forma, desengravatado e com lenço vermelho para colorir a aproximação aos bananicultores, estes satisfeitos da vida com mais um chequezito de 200 euros e com a 'macarronada' que se seguiu - a ponto de haver mais chouriço do que carne e a malta não criticar como é hábito quando a panela anda azeda.

A conjuntura mudou. Albuquerque e seus 'renovados' só precisam de não cometer erros. 

O divisionismo interno também mudou de campo. O congresso laranja e a mobilização nas europeias mostraram as tropas de passo acertado, mesmo com umas hipocrisias pelo meio. 

No PS, o que já se vê é quadros com peso e ex-quadros conceituados criticarem abertamente as opções do PS-Cafofo que desaguaram na pesada derrota de domingo. O saco-de-gatos está de volta. Nem de outra maneira podia ser, tantas têm sido as calinadas dos inquilinos da Praça Amarela, sobretudo os 'civis'.

Albuquerque puxa pela Autonomia. 

Cafofo exige aos madeirenses que se "dêem ao respeito" nas relações com suas excelências os cubanos, ou seja, os políticos que conspurcam Lisboa. Cafofo que vá pedir aos portuenses que façam vénias aos 'mouros' e obterá uma resposta vernácula, à nortenha.

Albuquerque puxa pelo Laranjal. 

Cafofo não só não se digna filiar-se no PS como anuncia muitos lugares para independentes.

Albuquerque fala, pois, com a autoridade de líder partidário. 

Cafofo fala com a autoridade precária sobre o partido que lhe serve de 'barriga de aluguer'.

O PSD abanou com a pancada em 2017, reflectiu, mudou drasticamente a estrutura do partido, e agora colhe resultados que já pareciam impossíveis, mostrando que continua em linha ascendente.

O PS-Cafofo teve um resultado bom em 2017, coligado, mas estragou tudo com as "inofensivas" europeias, percorrendo agora uma linha descendente bastante íngreme.

Ainda ontem na entrevista concedida à RTP-M, Paulo Cafofo ostentou ser ele quem manda no PS-M. Indicou que, sim senhor, o suposto presidente Emanuel Câmara será o n.º 2 da lista às regionais, e mesmo assim com alguma renitência. Não escondeu que se os militantes estão na calha para deputados, também serão chamados muitos independentes.

Esta entrevista foi a continuidade de uma semana desastrosa para o PS e para Cafofo. O dito candidato às Angústias disse que vai usar o seu "peso político" (não vale rir, caro Leitor) para negociar em Lisboa. Devia tê-lo feito até aqui. Porque o Costa já viu que foi iludido ao ponto de apanhar uma paixoneta pela Madeira. A obsessão não foi correspondida. Ele entendeu a 'tampa'. Na reunião da Comissão Política Nacional do PS, quinta-feira em Lisboa, para análise da situação, ninguém falou sobre os resultados na Madeira. Costa prometera 'três em um' para compor o mapa cor-de-rosa no Continente e nas Ilhas. Pois no encontro nem se referiu ao 'banho' socialista na Tabanca. Por sua vez, Emanuel Câmara e Olavo Câmara entraram mudos e saíram calados. Apenas Bernardo Trindade usou da palavra para pedir uns apoios para a Madeira, mas sem eleições à mistura.

Não vejo que 'peso político' tenha Cafofo para usar a favor da Região. 

O que está a ser mais badalado após a entrevista de ontem é a ideia do disfarçado líder do PS-M de "comprar um hospital". Nem mais. Quando for presidente do governo, Cafofo compra um hospital privado, mete lá os doentes dos Marmeleiros e enche os Marmeleiros de velhos. Hoje, 1.º de Junho, é 'dia da criança'. As crianças pedem um telemóvel, uma playstation nova. Para si, Cafofo compra um hospital. 

Entretanto, o hospital novo fica pronto dentro de 6 ou 7 anos. Nessa altura, presumo, pega-se no hospital que o Cafofo comprou e deita-se fora. Quanto às listas de espera, Cafofo foi expedito. Deixa cá ver: são 20 e tal mil cirurgias na fila, noves fora nada, dá coisa e tal, mais 70 milhões para injecções, eleva-se 100 novos médicos ao quadrado, extrai-se a raiz quadrada ao resultado e está o problema da Saúde resolvido - coisa inédita em 600 anos de Madeira mas também inédita em qualquer parte do mundo.

PS! PS! Cafofo! Cafofo!

Muito mau. Dias penosos na Praça Amarela. Com perspectivas para piorar. A semana ainda nem sequer acabou. Amanhã no Lido há mais um acto da triste rábula cafofa, com o "lançamento da candidatura". Podem trazer camionetas e camionetas de gente das Achadas, do Caramanchão, da Lombada. A sombra da derrota não larga a cremalheira do antigo Mayor do Funchal. 

Apesar da aliança entre aquela corrente "socialista" e a imprensa, parece que ambas vão a pique, agarradas.