4 de Junho 2019
Comissão
política ontem à noite
Direcção
do PS-M e críticos
num
frente-a-frente explosivo
A nossa fonte foi apanhada de surpresa, tal como alguns dirigentes actuais, com as tomadas de posição dos críticos, cara a cara e em pleno desenrolar dos trabalhos.
O PS-M vem de uma pesada derrota eleitoral na Madeira, com saliência para o Funchal, e esta era a primeira reunião depois do lançamento da candidatura de Paulo Cafofo ao governo, domingo passado.
Um dos momentos mais desconcertantes da noite foi quando Carlos Pereira, ex-líder e crítico assumido da gerência no poder, assumiu discordar das políticas do partido em diversos planos, mas que via conceitos mais importantes como a Madeira e o PS a levar em conta, pelo que estava disponível para colaborar naquilo que fosse preciso em nome da unidade do partido - mediante a observação de certos requisitos.
O ex-líder disse entender não ser prudente que pessoas independentes capturem o partido, porque o eleitorado não percebe para que serve um PS-M nesses moldes.
Referência sobretudo ao apartidário Paulo Cafofo, aposta eleitoral deliberada dos dirigentes actuais.
Conta a nossa fonte: "O Carlos Pereira pôs-se para lá a falar do que é preciso fazer, de Autonomia, liderança, unidade, linhas vermelhas para um programa - de governo, acho eu."
A proposta de unidade apresentada por Carlos Pereira não foi aceite. Nem considerada, sequer. Elementos directivos como o líder Emanuel Câmara, o secretário-geral João Vieira e o presidente da concelhia do Funchal Bruno Ferreira manifestaram a ideia de que os escritos no FB do ainda deputado em Lisboa, bem como as suas posições críticas para o PS-M no programa da RTP-M em que participa como convidado residente, não são próprias de quem pretende verdadeiramente a unidade partidária.
Ouviu-se também a denúncia de que, quando foi preciso no partido, Carlos Pereira não contribuiu em nada.
Aliás, a Direcção do PS-M não acha que chegue a existir divisionismo interno. Pelo contrário, releva uma unidade que tem sido visível nos estados gerais.
O caso é que os ataques - ou contra-ataques - ao antigo líder não eram desferidos com a normalidade de um debate normal num partido democrático, mas em tons que passavam rapidamente do argumento à ofensa.
"Aquilo esteve algumas vezes quase mesmo a descambar, principalmente quando o secretário-geral estava metido na conversa", diz-nos a mesma fonte. "No partido, ouço sempre dizer que as pessoas têm que debater, mas a verdade é que quem debate apanha logo na corneta, é isso que tenho visto."
Gerou-se pois um clima intimidatório na sala, que todavia não inibiu outros críticos de se assumirem com intervenções frontais. Um deles foi o deputado Jaime Leandro, antigo secretário-geral, que esteve domingo no Lido assistindo ao lançamento de Cafofo, mas depois de dois dias antes ter publicado no JM um artigo intitulado "Cego é aquele que não quer ver", peça recheada de críticas aos dirigentes PS. Designadamente pelo facto de a candidatura socialista de Sara Cerdas ao Parlamento Europeu ter sido a menos votada em todo o País, incluindo os Açores. Nesse artigo, Leandro referiu negativamente a circunstância de, nas referidas 'europeias', o partido ter sido secundarizado e os militantes ostracizados. Percebe-se que a mensagem constante do escrito é condenar a prioridade que actualmente é dada na Praça Amarela aos independentes - com Paulo Cafofo na frente. Leandro, grosso modo, repetiu ontem à noite diante da comissão as ideias explanadas no JM, onde deixava um apelo para o "sentido de partido".
O orador não deixou passar as recentes mexidas na Câmara do Funchal, manifestando discordância pelo facto de a reformulação da vereação não ter levado em conta os militantes do PS.
Carlos Jardim, antigo presidente da Frente-Mar, complementou de certa forma as posições de Jaime Leandro acerca do tratamento de desprezo aos militantes, condenando um programa de apresentação de candidato pelo PS, como no Lido, sem líder nem partido presentes.
Carlos Jardim acompanhou a leitura das europeias que aponta uma grande derrota eleitoral socialista na Madeira, uma das piores em Portugal.
Emanuel Jardim Fernandes comparou os resultados do PS-M com a vitória socialista nos Açores, rebatendo a justificação de que na Madeira a culpa foi da abstenção. Com efeito, disse o antigo líder socialista, a abstenção nos Açores foi mais vincada e o PS-A ganhou com 60%.
Óscar Teixeira aventou que em Santa Cruz as coisas ainda poderiam ter sido piores para o PS. Era só o JPP concorrer às eleições, porque os 'Juntos Pelo Povo' navegam no eleitorado socialista.
Sidónio Silva, da concelhia de Câmara de Lobos, não fez por menos: criticou a campanha eleitoral e o seu director Miguel Iglésias.
De um modo geral, todos os críticos atacaram a Direcção, que, a seu ver, devia ter assumido a responsabilidade da escolha de candidato às Europeias, em lugar de se deixar levar pelo amadorismo político.
Os comissários dissonantes, neste caso Carlos Jardim, Jaime Leandro e Carlos Pereira, concluíram atacando a prática adoptada de ser o Partido Socialista a promover independentes sem qualquer escrutínio, a maior parte deles com qualidades inferiores às dos militantes.
Os críticos não ficaram sem as competentes respostas. Carlos Pereira esteve sob mira. Os dirigentes de topo atiraram-lhe à cara uma reunião que teve com o adversário Miguel Albuquerque, presidente do governo regional, obviamente à margem do partido. Iniciativa que não caiu bem no PS, pese a explicação de Carlos Pereira, na altura, de que fora sugerir a Albuquerque o envio de projectos a enquadrar no Plano Nacional de Investimentos.
Quanto ao futuro próximo, a comissão - maioritariamente - diz-se confiante numa vitória em 22 de Setembro, já que, como ouviu a nossa fonte ontem à noite, não se podem comparar eleições europeias com regionais. O que é bem verdade. Os madeirenses votaram no PSD porque queriam eleger Cláudia Monteiro. Em Setembro, a estrela do eleitorado será outra, pelo que os votos mudarão para a Praça Amarela.
Dizem os dirigentes rosa.
Ontem à noite, Victor Freitas até multiplicou e dividiu umas contas que, por mais voltas que a pessoa dê, não vai bater a outra coisa que não à vitória de Cafofo.
João Vieira é a encarnação da confiança. Subestima a desunião nas hostes, preferindo acentuar que para as regionais o PS parte com a melhor equipa, o melhor candidato e o melhor programa.
Os socialistas confiam nesses trunfos, mas estão a regular-se mais pelos incentivos que dizem receber das pessoas na rua.
Toda a gente pede a Cafofo que avance e promete o voto, afiançam eles.
E aqui é preciso observar - só para lembrar - que durante 40 anos ninguém ouvia alguém dizer na rua que ia votar PSD, que desta vez era na oposição.
Depois, na noite eleitoral, Jardim festejava, na sede laranja enlouquecida de gente, a enésima maioria absoluta do PSD, antes de se meter na camioneta cheia de bandeiras e garrafas a caminho do Palácio de São Lourenço, com palavras de ordem anti-colonialismo.
Madeirenses a votar!
12 comentários:
the roof is on fire
Das 14.41,
E o Picareta é o vereador da protecção civil.
Mas cheira-me que em setembro a derrota ainda será maior. O PS-M terá uma percentagem inferior do que nas europeias.
O meu voto já está ...
Este é o verdadeiro PS-M.
Comem-se uns aos outros. Nem precisam de adversários.
Uuiiii criticaram o cubano do Iglesias? Alguém vai ser despedido...
O PS/M não pode deixar os seus pregaminhos por mãos alheias! Aqui está o genuíno "saco de gatos"! Não poderia ser de outra maneira!
A Unidade do PSD vai ser testada quando forem constituidas as listas- Vai ser só abraços e beijos.
Face aos resultados das europeias o ps reduz cerca de 11%, uma vez que terão concorrência do mesmo eleitorado jpp, mpt, pt. Assim resultado final regional inferior a 15%, será uma derrota do partido submisso aos cubanos e promoção da perseguição aos madeirenses
Uma tristeza, mas quem é que vota num partido todo desarrumado por dentro. Ainda não perceberam que o povo sabe o que quer, sabem em quem votar e como votar, ainda não perceberam que não são capazes de ser alternativa ao PSD, enquanto não forem construtivos não vão a lado nenhum, essa sede de derrotar o adversário de qualquer forma e feitio dá torto e já se repercutiu nas europeias. Aguardemos.
Se o Iglesias algum dia chega à Quinta Vigia. Adeus autonomia e teremos o terror instalado na Madeira
Grande cantor. Adorei o Iglésias que foi o maior da sua época.
Se este seguir os seus passos politicamente de certeza que a Madeira melhorará.
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