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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020


ALMA DE ESCRAVO

Porventura devido a uma história portuguesa dominada pelo despotismo sob várias formas (monarquia, ditadura e caciquismo republicano) a cultura portuguesa (i.e., a sabedoria popular transmitida entre residentes) está imbuída de escravidão. Em situações de despotismo não existe previsibilidade na resolução de conflitos, pelo que é melhor não os ter.
De um modo geral, o escravo não se vê como submetido aos poderes instituídos. A mente humana não permite ver essa submissão… pelo que as lutas e a potência do ser ficam-se só pela imaginação, nos sonhos despertos diários (“Se fosse eu a mandar (…), “Quando eu detiver o poder, os outros vão ver…”); e no conceito que “os outros é que têm o dever de se submeter”.

A alma de escravo vê-se num desejo imenso de Paz, de Tranquilidade, de Calma… na recusa na identificação de conflitos e na recusa do dever de os resolver. A caricatura desta escravidão está em assumir: “os políticos são todos corruptos e mentirosos” e a seguir dar mais validade aos pareceres dos poderes instituídos que às opiniões e histórias de seus concidadãos.
Esta alma de escravo tanto se vê nos subordinados como nos superiores hierárquicos. (A descrição de uns e outros é a parte mais interessante deste texto)

Na Madeira muitas vezes ouvem-se os seguintes argumentos de colegas: “lutar só te prejudica”; “o Costa vai dar cabo dos Renovadinhos”; “os corruptos vão cair sozinhos”. Nestes quarenta anos. o leitor viu a queda dos laranjas passar-se com essas causas?
Estes argumentos são emitidos por indivíduos que esperam que outrem faça as coisas por eles, em impotentes… em almas de escravo… em indivíduos que querem que alguém cuide deles… e é verdade, alguém “cuida” deles: os laranjas… mas esquecem-se que a maneira mais fácil e garantida de enriquecer é roubando. A sabedoria popular o reconhece: “Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte”, “Quem não rouba nem herda não tem senão m****”. 
Os escravos-subordinados não conseguem fugir de si próprios, pelo que desvalorizam os seus colegas e invejam os que têm algum valor. Estes dois efeitos por sua vez criam um clima trabalho de intrigas e de destruição de valor.
Os casos mais graves de sentimento de impotência e de ausência de valor levam a um extremo ódio aos seus semelhantes em poder: os outros trabalhadores (guerra público versus privado), às minorias, aos do outro género sexual, etc… Repare-se: em vez de tentarem aumentar o seu poder, tentam diminuir o poder dos seus semelhantes; invejam os que injustamente têm mais poder que eles, mas não os odeiam… pelo que na realidade nada fazem contra os poderosos que os escravizam. 

Os dirigentes com alma de escravo acreditam quando dizem aos trabalhadores “Não tens nada que pensar”; “Estás aqui para cumprir ordens”; “Deter o poder executivo significa que se tem o mandato para dirigir a bel-prazer na Administração Pública” (i.e., autorização para roubar); “Não quero saber de queixinhas”. Estes dirigentes da senzala são incapazes de compreender que estas regras também se aplicam a eles, e que é um mero acaso eles não se encontrarem no nível mais baixo de miséria. 
Os dirigentes-escravo agem como se detivessem todo o poder, como se fossem donos das unidades orgânicas que dirigem: “Eu quero, posso e mando” –dizem eles. 
Por outro lado, não cumprem com os deveres dos seus cargos, especialmente os conflitos… fogem de aplicar as Leis que possam prejudicar um eventual poderoso: “Tenham Calma”; “É preciso tranquilidade” – dizem eles. 
Sim, reforço os dirigentes-escravo são uns medrosos que nem sequer verificam se o gajo tem poder, basta ter um cargo ou a possibilidade de uma qualquer ligação longínqua com um verdadeiro Poderoso, para que os dirigentes-escravo demitam-se de executar seus deveres legalmente estabelecidos. 
Os dirigentes-escravo olham para si próprios como tendo valor, justificam seu sucesso pessoal com o Mérito… valor e mérito que não admitem que um mero trabalhador tenha. Um seu trabalhador, no máximo, cumpre com o seu dever.
Os limites do poder dos dirigentes-escravo sobre os seus subordinados hierarquicamente são dados pelos desejos e ética desses dirigentes. As competências das suas unidades orgânicas, as leis que devem aplicar, os contratos de trabalhos, os direitos, as liberdades e garantias dos trabalhadores e dos seus clientes nada valem no processo de instrução das tarefas.
Os Antigos costumavam dizer: “Só existe Liberdade na Lei”. Interpreto esta afirmação como: “Sem leis, não faz sentido falar de Liberdade”; “A Lei é o que garante a Liberdade (pois a lei equilibra as forças dos fracos com os fortes)”;“A submissão de todos às Leis permite que todos tenham Liberdade, pois todos passam a poder escolher livremente em vez de terem de suportar a coação infligida por outros indivíduos”.

Sobre o tema da subordinação hierárquica falta só falar um pouco do futuro.


Eu, O Santo

6 comentários:

Amsf disse...

O seu mérito é o de conhecer bem a natureza humana e de a descrever mas depois comete o erro bem frequente de ambicionar criar o "homem novo"!!! Ao contrário da tecnologia, que é transmissível e melhoravel, a natureza humana é própria de cada indivíduo e é fruto da sua história de vida e da sua carga animal...a cultura, a religiao e a educação condicionam esta base mas dificilmente um indivíduo consegue passar as suas lições de vida a um indivíduo em início de vida. Mesmo que tal fosse possível a consequência lógica seria uma sociedade mais conservadora pois não existe um ser humano que podesse ser modelo de ser humano...

Anónimo disse...

O nosso ditadorzinho Bokassa, apelidou o povo da mamadeira de superior, com o objectivo de esconder a sua inferioridade, porque se fosse um povo superior o nosso ditadorzinho só tinha feito um madanto, ou talvez nem tanto. Para se manter tantos anos no poder só com um povo com alma de escravo é que se consegue. Somos roubados há mais de 30 anos nos transportes marítmos e ninguém consegue parar este roubo, porque os escravos votam sempre nos três partidos que protegem a roubalheira(PSD, PS e CDS). Por isso paga escravo e não bufa!

Anónimo disse...

O mérito é aquele que Deus tem reservado para cada um nós, pois se plantares boa semente receberá a boa colheita, temos vários patamares temos que nos colocar na posição de cada um deles quando não souberem colocar-se no lugar do outro é que acontece......

Anónimo disse...

o Madeirense Laranja tem é Alma de Chulo e de Pedincheiro.
Só vive e arranja algo com o dinheiro dos outros.

Anónimo disse...

14:08 Será que se plantam sementes na Madeira? Não será antes, usurpa-se, furta-se aos Madeirenses?

Anónimo disse...

17.21,
O madeirense cafofiano sempre foi chulo, venha lá o dinheiro donde vier.
Mas como sempre são derrotados, nem a chulice conseguem praticar.