O
Alcácer Kibir madeirense
Sem querer, a embaixadora Karima vem avivar-nos a nossa perda de autonomia. (Imagem Google) |
Achaques
da velhice, talvez.
Aprendemos
nos livros de História como fomos levados, em 1580, pela impetuosidade suicida
de um rei mimado, que sem alguma vez ter pegado numa espada, accionado
forquilha ou disparado arcabuz, armava em valente e prometia ao povo viajar por
aí fora desafiando o mundo, em busca de ouro e prata para enriquecer quem o
apoiasse nas suas loucuras.
D.
Sebastião apresentava-se com um discurso fluente diante das massas, que o
apoiariam na sua irresponsabilidade apesar do carácter despótico do regime
político então montado. Um rei obcecado pelo poder e doentiamente
exibicionista. Embora não esteja provado que andasse pelos adros das igrejas a
prometer mundos e fundos a todos, conseguiu rodear-se de barões ávidos de
riqueza que viriam de facto a crescer economicamente, ganhando todas as
adjudicações dentro das empresas em que nos movimentámos na preparação da
guerra que nos conduziu ao descalabro de Alcácer Kibir. Os ricos ficaram
comodamente mais ricos. O povo tombou no deserto e aquele que não tombou sofreu
com as grilhetas que o acorrentaram às galés e às grandes construções arquitectónicas inimigas numa
escravidão para o resto da vida.
Castela,
sem sujar as mãos, iludiu-nos, incentivando o nosso impante rei na decisão
suicida de sair do marasmo para projectar o crescimento desta Pátria, de forma
tão irrealista como o sapo que pretendia ser boi. Quando nos viram miseráveis e
vergados sob o peso da humilhante derrota saariana, lá vieram os Filipes por aí
adentro tomar conta dos restos que aqui ficaram.
Enterremos
o sebastianismo de uma vez por todas
Batalha de Alcácer-Kibir, por Miguel Leitão de Andrade (1629). |
Derramamos
ainda hoje a lágrima rebelde sempre que vemos tremular a bandeira nacional no
mastro daquele Palácio de São Lourenço onde os Filipes deixaram a sua marca e
ainda ontem o representante da República recebeu a embaixadora da nossa
"besta negra" da História. Hoje, a senhora Karima estará na
presidência do fictício governo regional, para o boneco da praxe com o fantasma
do "rei das Angústias" que nos vendeu a pataco a potências
estrangeiras. Nem para pagar a conta da luz podemos mexer em dinheiro. Não pescamos nem plantamos abóboras. A
própria autonomia administrativa que nossos persistentes e valentes avós conquistaram brilhantemente
em 1901 acaba de ser penhorada.
Agita-nos
o coração e avisa-nos a inteligência: cuidado porque o causador deste
desgraçado Alcácer Kibir versão XXI, ou seja, sua excelência o fantasma do
"rei das Angústias", apesar de letra mais do que vencida,
debater-se-á e estrebuchará para voltar à carga numa qualquer manhã de nevoeiro.
Urge despachar pela janela fora os loucos e os traidores que venderam a
Pátria e erradicar os saudosistas do sebastianismo.
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