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quarta-feira, 14 de março de 2012

Madeira ao Vivo


O Alcácer Kibir madeirense

Sem querer, a embaixadora
Karima vem avivar-nos a
nossa perda de autonomia.
(Imagem Google)
 A estada no Funchal da embaixadora de Marrocos, quando por aqui se discute um orçamento que antes de entrar no parlamento das autonomias perdidas passou pelo crivo troikiano, leva-nos a derramar uma lágrima rebelde e patriótica. A senhora Karima Benyaich afirma-se repleta de boas intenções acerca de um incremento das relações comerciais do seu país com Portugal e a Madeira, mas nem por isso conseguimos evitar um abalo cá dentro, neste já despedaçado coração.
Achaques da velhice, talvez.
Aprendemos nos livros de História como fomos levados, em 1580, pela impetuosidade suicida de um rei mimado, que sem alguma vez ter pegado numa espada, accionado forquilha ou disparado arcabuz, armava em valente e prometia ao povo viajar por aí fora desafiando o mundo, em busca de ouro e prata para enriquecer quem o apoiasse nas suas loucuras.
D. Sebastião apresentava-se com um discurso fluente diante das massas, que o apoiariam na sua irresponsabilidade apesar do carácter despótico do regime político então montado. Um rei obcecado pelo poder e doentiamente exibicionista. Embora não esteja provado que andasse pelos adros das igrejas a prometer mundos e fundos a todos, conseguiu rodear-se de barões ávidos de riqueza que viriam de facto a crescer economicamente, ganhando todas as adjudicações dentro das empresas em que nos movimentámos na preparação da guerra que nos conduziu ao descalabro de Alcácer Kibir. Os ricos ficaram comodamente mais ricos. O povo tombou no deserto e aquele que não tombou sofreu com as grilhetas que o acorrentaram às galés e às grandes construções arquitectónicas inimigas numa escravidão para o resto da vida.
Castela, sem sujar as mãos, iludiu-nos, incentivando o nosso impante rei na decisão suicida de sair do marasmo para projectar o crescimento desta Pátria, de forma tão irrealista como o sapo que pretendia ser boi. Quando nos viram miseráveis e vergados sob o peso da humilhante derrota saariana, lá vieram os Filipes por aí adentro tomar conta dos restos que aqui ficaram.

Enterremos o sebastianismo de uma vez por todas
Batalha de Alcácer-Kibir, por Miguel Leitão de Andrade (1629).
Derramamos ainda hoje a lágrima rebelde sempre que vemos tremular a bandeira nacional no mastro daquele Palácio de São Lourenço onde os Filipes deixaram a sua marca e ainda ontem o representante da República recebeu a embaixadora da nossa "besta negra" da História. Hoje, a senhora Karima estará na presidência do fictício governo regional, para o boneco da praxe com o fantasma do "rei das Angústias" que nos vendeu a pataco a potências estrangeiras. Nem para pagar a conta da luz podemos mexer em dinheiro. Não pescamos nem plantamos abóboras. A própria autonomia administrativa que nossos persistentes e valentes avós conquistaram brilhantemente em 1901 acaba de ser penhorada.
Agita-nos o coração e avisa-nos a inteligência: cuidado porque o causador deste desgraçado Alcácer Kibir versão XXI, ou seja, sua excelência o fantasma do "rei das Angústias", apesar de letra mais do que vencida, debater-se-á e estrebuchará para voltar à carga numa qualquer manhã de nevoeiro.
Urge despachar pela janela fora os loucos e os traidores que venderam a Pátria e erradicar os saudosistas do sebastianismo.

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