o vento e o governo
Rajadas de 90 km/h nas terras altas da Madeira levaram os cavalheiros da meteorologia que adivinham chuvas e neves a lançar um "alerta amarelo". Um cicerone que acabava de ouvir na rádio tal informação, logo de manhã, entrou no "Vera Cruz" a resmungar golfadas de azia pela boca fora, do género: Devem mandar avisos é para ter cuidado com o governo regional, que, pelo que dizem, vai arrumar ainda mais a gente este ano.
Dois ou três fregueses mais perto ficaram sem perceber a ideia do rapaz, até o regougo seguinte, expelido por ele depois de pedir uma sandes de espada e meio café: Eles vão discutir aquela porcaria ali na Assembleia e já se sabe que o dinheiro vai para partidos, deputados e empresários amigos, e depois a conta vem para o desgraçado pagar.
O cicerone referia-se às últimas sobre o Orçamento para 2012 gaguejadas ontem por Ventura Garcês no salão nobre da Junta Geral.
Um cliente habitual do afamado bar da Rua dos Murças, sem tirar os olhos do Diário, onde fulgura hoje certeira e demolidora manchete a caracteres vermelhos - ESCANDALOSO -, referente exactamente aos conteúdos da proposta orçamental, esse freguês complementou a resmunguice do recém-chegado no mesmo tom: Votam em quem votam e depois passam quatro anos com queixas. Vão mas é lá...
Sem navios na Pontinha, os sectores que vivem do turismo voltam-se contra os pobres dos políticos! |
A discussão não se generalizou à sala inteira do "Vera Cruz", porque o Benfica joga hoje. Mas, calado a um canto antes que o desaguisado sobrasse para este lado, estranhámos o mal-estar do amigo cicerone que passa horas contando anedotas e histórias com graça. Só depois do café torrado a fumegar, encarreirámos para o lado da Avenida do mar e reparámos na Pontinha deserta de navios de cruzeiro.
Em todo o caso, recomendamos atenção aos alertas dos meteorologistas e do nosso amigo cicerone. E só não pedimos um permanente "alerta laranja" para não sermos acusados de politizar ventos e chuvas.
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