Em Abril, tormentos mil:
governo aprovou novo IVA da Madeira
Os cidadãos têm dito isso uns aos outros, na rua, como ainda hoje ouvimos no Apolo, acrescentando eles: "Para o mês que vem é que o povo sentirá os efeitos da crise a doer."
Mas sempre com uma secreta esperança: será que algum santo intercede pela Madeira, com a consciência pesada por causa dos tormentos do linho preparados para os pobres ilhéus cujo crime se resumiu a confiar no banha-de-cobra das Angústias apesar de o ver esbanjar o dinheiro todo e a empenhar aquilo que não temos, apenas por vaidade pessoal?
Pois o lirismo a que alguns pudessem estar agarrados desintegrou-se hoje durante o Conselho de Ministros: Vítor Gaspar e seus colegas aprovaram friamente as alterações ao IVA e aos impostos especiais de consumo em vigor na Madeira.
Pronto: o programa de ajustamento económico e financeiro firmado pelo governo de lá e pelo de cá é mesmo para cumprir. Evidentemente que o capataz das Angústias dirá que os madeirenses já estão habituados a fazer sacrifícios, mas ninguém sabe como reagirão os contribuintes já descapitalizados quando o IVA se impuser, sem apelo, ao nível de 22%. Os preços dos bens de concumo saltam lá para cima e até a gasolina será mais cara do que no continente. Já para não falarmos no IMI, que também afia os facões para se chegar ao depauperado bolo.
Ninguém sabe como reagirá o povo que não andou a fazer marinas, piscinas e centros cívicos só para dar de ganhar aos amigos do regime, e que não atirou dinheiro fora através de certos loucos projectos desportivos ou de um jornal que se tornou dependente do erário para servir o senhor das Angústias.
E lá virá ele repisar as culpas de Sócrates, de Aristóteles e de Platão e até de uns escolásticos ultra-reaccionários e selvaticamente liberais, comprados pela maçonaria e pela Casa Blandy.
Em desespero de causa, o soba dirá que a dívida da Madeira resulta da loucura do mundo, a ver se a tese continua a pegar.
Deixamos o alerta: o cavalheiro da cadeira maior que não chame este laborioso povo madeirense de parvo, que não agrida a sua inteligência, que não faça pouco da sua cara. Olhe que, se o fizer como tem feito à descarada, nas próximas eleições volta a ganhar! Quem me avisa...
Grécia já cobra imposto
ao subsídio do desemprego
À esplanada do café, comentava-se a situação na Grécia, crescendo os receios perante o que pode vir aí, com inspiração helénica. É que o governo de Atenas já se atirou ao subsídio de desemprego de IRS em riste. Entre outras medidas de chocar. Um dos convivas do café contou o que sabe: seu filho, que trabalha numa das ilhas gregas, ainda mantém o emprego, mas a mulher, professora universitária quase sem funções, precisa de fazer um part time num bar nocturno.
Oxalá que o governo português não tenha meios para pagar a net nos próximos tempos, a fim de não conseguir acesso às perigosas ideias daqueles lados.
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