5 de Abril 2019

TEMPO DE TROCA-TINTAS 

Barões do PSD-M possessos com o 'oportunista vira-casacas'

Reforço de Cafofo já era reforço no tempo de Carlos Pereira

Bruxedo na 'Sábado': ontem desapareceu a revista, hoje desapareceu o livro

1. De olhos esbugalhados, este cidadão madrugador, um dos coronéis mais trabalhadores e fiéis dos tempos do jardinismo, nem bom dia me deu. "Já viu o que vem no DN?!", atacou. 

Sem me deixar falar: "Aquele oportunista, depois de passar tantos anos a... Pois, olha o agradecimento dele. O CDS! Grande vira-casacas!"

  

Tratava-se de Gonçalo Nuno Santos, noticiado hoje como transferência de primavera do PSD para o CDS. Vai encabeçar a lista de deputados fora da Europa nas próximas nacionais. Aquele que durante décadas se afirmou também como um dos mais invulneráveis militantes e activistas social-democratas, um dos tais que eram mais jardinistas e PPD's do que o próprio Jardim, misturara-se já com dirigentes centristas, quando da visita de Assunção Cristas à Madeira. Participou até numa sessão organizada pelo partido de Rui Barreto.

"Nos tempos em que ele andava a passear, a comer e a beber e a pedir empregos para os seus, não se lembrou de mudar de partido", vocifera o veterano coronel, conhecido jagunço social-democrata, antes de expulsar a plenos pulmões uma série de imprecações contra Gonçalo que não devemos reproduzir e de arrancar o carro com grande aparato.

Outro social-democrata, este albuquerquista, reagiu sem grande espavento, mas execrando também a viragem do "histórico social-democrata". Na sua interpretação do fenómeno, este novo dirigente entende que Gonçalo Nuno procedeu de acordo com a sua obsessão de voltar ao parlamento nacional, onde esteve durante muito pouco tempo. Ele sempre insistiu em ser candidato elegível para S. Bento, mas sem sucesso, até porque - diz este actual dirigente - a lista para o hemiciclo é sempre feita numa perspectiva nacional.

"Da minha parte, fico satisfeito com a saída dele", afirma, "porque assim livramo-nos de um peso que passou a vida a reivindicar benesses para si próprio, à custa do partido. Um dos nossos pecados na política de abrir lugares públicos aos familiares, porque também cometemos esses pecados, foi para contentar o Gonçalo, metendo um filho dele nas Actividades Económicas, sem competências para o lugar. O governo foi muito criticado por causa dele e com razões."

No mais, este alto dirigente nova vaga acha que o PSD nada perde com a saída de Gonçalo Santos. "Vi-o no Diário de hoje apontando para uma fotografia dele ao lado do Ronaldo. Lembrei-me que hoje em dia se muda de camisola conforme os interesses. Só que o Ronaldo recebe fortunas para trocar de clube e o Gonçalo vende-se por um prato de lentilhas."

2. Vemos outra peça no DN de hoje dando como novidade (com currículo e tudo) a colaboração do professor universitário Ricardo Cabral com a "equipa de Cafofo". Tudo a propósito da organização da sessão dos 'estados gerais' marcada para sábado. O docente vai tratar da área de finanças regionais. 

As citações do texto apontam Ricardo Cabral como uma descoberta de Cafofo. Regozijando-se o próprio Cafofo com a credibilidade que, a seu ver, o "reforço" transmite ao projecto da Praça Amarela.

O caso não é tão linear assim. O universitário pode ser reforço, mas um reforço requentado. Ricardo Cabral teve um papel relevante no Conselho Estratégico criado pelo anterior líder do PS-M, Carlos Pereira, há 3 anos. Trata-se pois de um reforço de Cafofo que já o era com Carlos Pereira.

Quem o pode testemunhar é o actual vice da Câmara. Miguel Gouveia também participou nesse Conselho Estratégico. E ainda se pode comprovar a "antiguidade" do reforço com mais precisão, lendo as reportagens da altura sobre o assunto. No DN.

Dado como grande reforço de Cafofo, o Prof. Ricardo Cabral foi também reforço de Carlos Pereira, como se vê nesta foto de Outubro de 2016. Por sinal, os outros três elementos participantes nesta sessão do Conselho Estratégico (na imagem) já não colaboram com o PS. Ou seja, Cafofo não conquistou nenhum reforço novo, pelo contrário, afastou três quadros importantes. 

3. A 'Sábado' está a ser vítima de um bruxedo qualquer e precisa de ir à bruxa. Logo ontem, que seria muito vendida na Madeira graças a uma reportagem sobre o amor familiar que grassa no PS e na Câmara de Cafofo, eis que uma dificuldade na distribuição fez eclipsar a revista das bancas.

Os responsáveis da 'Sábado', em Lisboa, não queriam acreditar. Mas era verdade. Ouvimos dizer que a desculpa foi a falta de tempo para a operação de encarte de um livro.

Uma anedota, porque nunca tal procedimento extra impediu a circulação de uma publicação.

...Que a revista seria distribuída hoje, sexta, com toda a normalidade.

Ora, essa normalidade é anormal. Por um lado, há sítios onde as vendas costumam ser mais nutridas e aonde o produto não chegou. 

Eu comprei-a num mini-mercado...

...Mas sem o livro que teria motivado o atraso de ontem para hoje. Revista sequinha. O livro, realmente anunciado em capa (ver imagem), não foi encartado. E se foi, não bafejou todas as bancas.

Esta agora!

Porquê o atraso, então?

Bruxa com ele! Ontem, desapareceu a revista. Hoje, desapareceu o livro.

Arre!

PS - Também por bruxedo, mesmo sem revista nas bancas, os madeirenses leram tudo sobre o compadrio familiar que vai naquele Cafofo/PS.