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quinta-feira, 8 de março de 2012

"Madeira ao Vivo" no 8 de Março


Atrás de um grande homem
estão sempre grandes mulheres

Manifestações várias assinalam a passagem hoje de mais um Dia da Mulher, tanto no país como na região. Contra teses modernas, infelizmente reconhecemos subsistirem razões justificativas de uma data anual reservada especialmente à chamada de atenção para as anacrónicas desigualdades de tratamento homem-mulher.

Há "rabos de saia" que influenciam enigmática e decisivamente
a engenhosa engrenagem da Madeira Nova e há outros que são as vítimas exploradas
do sistema. Como em todos os lugares e em todo o sempre. 
Desde Abril de 1974, assiste-se aos esforços de feministas madeirenses empregues no firme propósito de aproximar os dois sexos em matéria de direitos sociais. No entanto, tal como acontece com a classe média, ou por arrastamento ou talvez por insondáveis motivos sentimentais, temos que a mulher socialmente média tende a desaparecer.
Uma minoria delas já brilhou ou continua a brilhar na ribalta do governo, em postos-chave da administração, na vida parlamentar e até ao nível de lideranças partidárias, se bem que, aqui, em passagens efémeras. Outra casta de mulheres exerce uma demolidora influência a vários níveis departamentais da vida madeirense, embora sem fazerem, tais mulheres, a menor questão de que se dê por elas. Na sua modéstia que dispensa visibilidade televisiva ou revisteira, tão essencial a outras mulheres mais espampanantes do que  inteligentes, essas representantes do belo sexo estudam recatada e minuciosamente o meio em que vivem, dissecam aspirantes, candidatos e barões, apresentam discretamente sugestões irrebatíveis para a vida pública, propõem com sólidas justificações a nomeação de titulares para lugares do mais básico até directores de serviços, presidentes de câmara, de institutos e por aí acima de forma imparável - e isso quando a sua influência não se exerce em sentido contrário, isto é, na eliminação de directores ou presidentes, para depurar de infiltrados o tão bem montado sistema desenvolvimentista regional.

Para quem vive atentamente a realidade social, é indiscutível que atrás de cada grande homem com responsabilidades na região há mulheres, sejam familiares, colaboradoras ou simples assistentes do titular, sem o empenhamento desinteressado das quais teria já desfalecido aquele vital equilíbrio político, administrativo e muitas vezes partidário - também aqui transversalmente a todos os quadrantes e cores regionais -, aquele equilíbrio que se revela o garante da revolução tranquila em boa hora desencadeada nos alvores da Madeira Nova.

Podem os detractores a soldo de forças cubanas e mesmo estrangeiras tentar desestabilizar a Madeira Nova, divulgando por portas e travessas as rivalidades de corredor entre essas mulheres discretas, rivalidades aliás naturais em qualquer parte do mundo onde haja mulheres bonitas ou menos bonitas. Podem fazer as campanhas que quiserem, que o povo jamais irá levar a mal que elas constituam cada uma o seu lobby tendo em vista colocar quadros da sua confiança em lugares que facilitem o controlo comportamental dos grandes homens, sempre vulneráveis às tentações políticas e outras próprias da vida pública.

Contratos de rescisão sem data

Razões para um dia de revolta neste 8 de Março encontram-se, isso sim, no outro prato da balança social: as mulheres com filhos que, tal como os maridos, integram o batalhão dos 22 mil desempregados madeirenses, aquelas que trabalham a recibo verde ou até obrigadas a firmar com assinatura direitinha um contrato de rescisão sem data, mais as vítimas de assédio ou de maus tratos físicos e psicológicos.
(Imagem Google)

3 comentários:

Ana Borges disse...

Ao LADO de um grande homem ou ao LADO de uma grande mulher está sempre um grande homem ou uma grande mulher!!!
Luís Calisto, apesar de hoje se celebrar o Dia Internacional da Mulher, o dia em que devemos chamar a atenção para a forte discriminação que existe, nomeadamente, na nomeação de cargos públicos relativamente às mulheres, usou, possivelmente inconscientemente, um titulo para o seu artigo que muito apreciei, destacando o homem como profissional...e colocado a mulher atrás!!!!
Com todo o respeito, não concordo.
Conheço algumas mulheres em altos cargos que têm a seu lado o apoio incondicional de um homem que as valoriza,incentiva e as ajuda a sustentar e a progredir na carreira. E o inverso também é verdadeiro.
Rabos de saia...usou esta expressão porquê??? No pressuposto que não foi por mau gosto,não arrisco a para já tecer mais comentários a tal expressão. Cumprimentos

Luís Calisto disse...

Boa noite, Ana Borges

Em primeiro lugar, peço desculpa por ter transmitido exactamente o contrário do que penso e que pretendia dizer.
Tentarei explicar-me:
Como pode ver, o título não diz o habitual "...está sempre uma grande mulher", mas a adaptação "...estão sempre grandes mulheres".
Ou seja, há um conteúdo subjacente que o meio político madeirense bem conhece. Todo o artigo, aliás, vai nesse sentido.
Estive para escrever no meio do texto: "Confuso? Certamente, para quem está bem longe, com a mente imune à indecência social que se passa na Madeira." Não o fiz e arrependo-me, porque devemos escrever claro, de maneira a que toda a gente perceba as mensagens, e não em códigos só para alguns.
Quem me conhece sabe que repugno marialvismos e machismos. Pode acreditar que a peça é ironia de cima a baixo, à excepção do último parágrafo, referente à humilhante e desumana situação da mais larga faixa de mulheres da Madeira (e não só da Madeira, infelizmente). A expressão "rabos de saia" destina-se, não a amesquinhar a mulher, de forma nenhuma, mas exclusivamente a ironizar também com esquemas cá montados para influenciar a política e, em última análise, a vida dos madeirenses.
Dado que houve erro da minha parte, renovo o meu pedido de desculpas à Ana Borges e a quem porventura tenha mais lido a peça.
Este esclarecimento vai longo, mas não podia deixar no ar o negativo da minha imagem real. No que está ao meu alcance, costumo lutar para que não seja preciso um dia especial para denunciar os atentados aos direitos da mulher.
Obrigado pela observação - melhores cumprimentos
Luís Calisto

Ana Borges disse...

Boa noite Luís Calisto,
Muito obrigada pelos seus esclarecimentos. Mas foi importante ler as suas explicações,em especial para mim, que resido apenas há 8 anos na Madeira. No entanto, consegui perceber o que queria dizer porque já conheço um pouco da vida social e politica da Região.
E tendo isso em conta faz todo o sentido o que diz no seu artigo.