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sexta-feira, 2 de março de 2012

NOTÍCIAS DO APOLO



Autonomia mal se vê


Falava-se, na zona funchalense das notícias populares, sobre o esvaziamento da Autonomia da Madeira. Por exemplo, o caso dos 60 carros novos para os hospitais. O dono de um stand respondeu assim à indirecta que um empregado de café seu conhecido lhe atirou:
- Eu, conseguir o negócio de trazer esses carros? Nem pensar. A compra é feita no estrangeiro, passa em Lisboa e vem para cá sem ninguém da Madeira interferir. Lá foi o tempo em que era aqui que mexiam no dinheiro.
- Mas ainda pode comprar os carros da frota antiga e...
- Nada - respondeu o comerciante - Os automóveis vão a hasta pública, tudo controlado por Lisboa, o dinheiro vai para lá e pronto.
Lá se foi o tempo de autonomia, em que se podia adjudicar conforme o merecimento de cada compadre. E lá se foi o tempo também do tal comerciante, que não escapa à crise!



A tentação do aterro

O homem desabafou, tem direito para o fazer, mas fugia-lhe a razão. Há uns dois dias. Com as lojas dos penduricalhos, bordados e souvenirs da Madeira às moscas, nas ruas da Alfândega e dos Murças, ele era só queixas, apontando para as lojas com empregados desocupados à porta:
- Está tudo uma miséria! E depois não querem um cais acolá!
"Acolá" era o aterro dos materiais amontoados depois do 20 de Fevereiro. Ora, que tinha a ver a miséria com as calças?
O homem explicou: com um cais "acolá", os passageiros dos "recreios" não gastariam uma hora desde o fim da Pontinha, onde atraca o navio, até à cidade, e mais uma hora no regresso, como gastam agora. Mal saltavam "acolá", estavam na zona comercial. Ficavam com muito tempo para visitar a cidade e fazer as suas compras. Antigamente - continuou ele - os turistas vinham de lancha para o cais e passavam horas na baixa, mesmo com o habitual passeio ao Monte ou ao Pico dos Barcelos. Se o embarque era às sete, dava tempo chegarem ao cais às seis e meia, para "tomarem" a lancha.
Hoje, mesmo os que saem directamente para o campo em excursões ficariam depois umas duas horas na baixa, se embarcassem no aterro - sempre na opinião do homem.
Ora, parece que já conseguiu instalar a confusão no povo, o borda-de-água que percebe de tudo, desde a meteorologia ortogonal à táctica em losango para o Marítimo - sim, o das Angústias. Porque, em nosso entender, o tremendo aterro é um obstáculo e não a solução para qualquer situação que se ponha. No caso dos bazares de turismo, talvez os visitantes ficassem mais algum tempinho na baixa, mas eles seriam cada vez menos. Rasguem o que resta do postal com fama mundial que é o nosso porto e verão o resultado da experiência.

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